Na contramão da correria, o bar, e futuro armazém, Marchezinho abre em Botafogo com a proposta de promover reconexão com o alimento


Segundo uma das sócias do estabelecimento, Julia Braga, o Marchezinho deseja que a alimentação seja um hábito menos rotineiro. Por lá, os ingredientes servidos e comercializados trazem a história de seus produtores e a procedência de cada fabricação

Cada vez mais, as comidas industrializadas ou vendidas nos mercados e hortifrutis ganham força na rotina corrida dos brasileiros. Na contramão do consumo contemporâneo, o Marchezinho, recém inaugurado em Botafogo, vem com a proposta de dar rosto aos produtos comprados. No bar e futuro mercadinho e armazém, e já novo point do bairro, a ideia é que as pessoas conheçam os produtores que fabricaram e plantaram os ingredientes que são comidos e comercializados no local. Ou seja, no Marchezinho, o pão, os frios, a cerveja e as outras dezenas de ingredientes que serão vendidos por lá, trazem a história daquele produtor, como o alimento foi produzido, as condições para a fabricação etc. Com isso, a proposta do negócio é que as pessoas recuperem um hábito antigo de conhecer quem é o responsável pela comida que está sendo servida no almoço de família, por exemplo.

Para entender melhor e nos apaixonar ainda mais pela proposta do Marchezinho, o HT conversou com Julia Braga, uma das sócias e idealizadoras do espaço. Como ela nos contou, o objetivo principal é aproximar o frequentado do alimento que será consumido. Mas a missão do Marchezinho vai além. “Nossa intenção é que as pessoas se reconectem com a comida e façam daquele momento uma experiência menos rotineira. Por isso, nós fazemos questão de contar a procedência e as condições que fizeram parte da produção dos nossos ingredientes. Fora que nós queremos que esses pequenos produtores ganhem visibilidade para que seus produtos cresçam no mercado também”, explicou Julia, que segue essa proposta com os mais variados ingredientes, desde o pão ao salmão, passando pelas cervejas e cachaças.

A proposta do Marchezinho é dar cara e contar a história dos alimentos servidos e comercializados (Fotos: Lucas Martins)

Além de fazerem parte do cardápio do Marchezinho, estes alimentos também serão comercializados no local. Assim, o público do bar e armazém poderá levar para casa comidas gostosas e de procedência mais que conhecida e aprovada. Inclusive, os produtos que serão vendidos no armazém vão potencializar a belíssima decoração do Marchezinho. Por lá, a sensação é de um ambiente confortável e que, de fato, vai além de um simples restaurante em que você come e vai embora. “A nossa decoração foi pensada e traduzida para que ficasse bem orgânica. Por isso, nós temos muita madeira e ferro, como elementos. Mas, eu acredito que o principal item e toque especial do espaço seja a parte verde. Depois de estruturar a loja, eu e os outros sócios sentimos que o Marchezinho nasceu no momento em que começamos a colocar as plantas por todo o ambiente. A partir daí, tivemos a certeza de que estávamos em um lugar agradável e acolhedor”, contou.

Por falar nos sócios, Julia Braga nos disse que a ideia pelo Marchezinho começou em uma conversa com cinco amigos. Depois, mais um se juntou ao time franco-brasileiro para tocar o projeto. Sim, leitores, os nomes por trás do Marchezinho são metade brasileiros e metade franceses. Os nomes por trás do empreendimento? Danilo Melo, Sacha Mollaret, João Pedro Argollo e Etienne de Montlaur. “A princípio, a nossa ideia era montar uma incubadora de pequenos produtores e que fosse uma plataforma para projetos gastronômicos. Depois, fomos nos tornando uma desenvolvedora e hoje chegamos ao conceito de trabalhar só com produtos artesanais em uma cozinha colaborativa”, relembrou Julia, que acrescentou que, no time de sócios, além das nacionalidades, as especializações da cada um também são plurais. Segundo ela, entre os seis responsáveis pelo projeto, tem gente de comunicação, advogado, arquiteto, chef de cozinha…

O Marchezinho é o novo point cultural e gastronômico de Botafogo (Fotos: Lucas Martins)

Além de toda a questão gastronômica e de decoração, o Marchezinho também explora a cultura. Por lá, a ideia é que livros, shows intimistas e encontros artísticos façam parte da rotina do bar e armazém. Responsável por criar a agenda cultural do Marchezinho, Julia Braga explicou que a ideia é que os eventos fidelizem os clientes do espaço. “Nossa proposta é fazer toda semana um encontro diferente, que pode ser desde lançamentos de livros a shows de viola de um amigo nosso, por exemplo. No calendário do Marchezinho, também queremos colocar workshops para que seja recorrente a freqüência aqui por isso. Nós queremos que os nossos clientes tenham mais uma razão para vir e fidelizar o Marchezinho como opção”, explicou.

E em relação às opções, o Marchezinho está no centro de diversos bares e restaurantes. Afinal, no novo point da cidade, em Botafogo, o que mais tem é lugar com cerveja gelada e amigos reunidos. No entanto, Julia Braga destacou que o público do Marchezinho não é aquele que procura a garrafa mais barata. “Nós não somos mais um bar no meio de tantos outros. A nossa proposta é diferente e queremos estimular um alimentar diferente. O Marchezinho nasceu para ser um espaço gastronômico de referência para se comer boas refeições e de procedência conhecida”, apontou Julia que reconheceu que fazer parte deste novo point também tem seu lado positivo. “É bom porque é um lugar de muita circulação de pessoas o tempo todo. Por mais que tenha uma grande oferta de bares por ali, nós levamos a Botafogo uma proposta de consumo mais lento, na contramão desta correria moderna. Então, a gente ganha com a circulação maior de gente, mas também temos o desafio de nos destacar entre eles”, completou Julia Braga que quer que o Marchezinho seja, principalmente, um encontro para os próprio moradores de Botafogo.

Sacha Mollaret, um dos sócios, e quem comanda a cozinha do Marchezinho (Fotos: Lucas Martins)

Serviço

Marchezinho
Rua Voluntários da Pátria, 46
Aberto de segunda-feira a sábado, a partir das 19h