Vladimir Brichta está de volta às novelas das 9h depois de 13 anos afastado: “Comecei a não ficar satisfeito com o que estava fazendo”, contou


O ator faz parte do elenco de Segundo Sol, novela na qual interpreta um dos principais antagonistas, Remy Falcão, que é irmão de Beto, o famoso cantor de axé. Na trama, ele teve a oportunidade de contracenar com a sua mulher, Adriana Esteves. Além disso, o ator comentou as suas esperanças e expectativas sobre as eleições de 2018

Vladimir Brichta está de volta às novelas da 9h em Segundo Sol. Desde 2005, o ator não fazia parte do elenco de uma trama do horário nobre da rede Globo devido a uma insatisfação do mesmo quanto ao seu desempenho na telinha. Após terminar Belíssima –que, inclusive, está sendo reprisada pela emissora-, ele optou por se aventurar no mundo das séries de televisão só retornando para o formato de folhetim no ano passado, em Rock Story. “O que me levou a parar não tem a ver com aquela trama especificamente, mas ao fato de ser a quinta em cinco anos. Comecei a não ficar satisfeito com o que estava fazendo. Essa foi a hora de parar um pouco”, explicou. Neste seu retorno, ele procurou lembrar o que não o agradou na época para não repetir na preparação do seu vilão, Remy. “Eu fazia parte da família central da novela, como agora, mas percebi que a relação entre irmãos possui um foco muito maior nesta. Sendo assim, mesmo tendo uma estrutura parecida, as motivações eram bem diferentes e isso me tranquilizou”, comentou.

Vladimir Brichta é um dos principais antagonistas da teledramaturgia  (Foto: Raphael Dias/Gshow)

A familiaridade com a Bahia, o elenco, a direção de Dennis Carvalho e o autor João Emanuel Carneiro foram os motivos que o levaram a aceitar participar de Segundo Sol. Diferentemente de seu último papel em Rock Story, Vladimir faz Remy Falcão que é uma pessoa invejosa e que não sabe lidar muito bem com o sucesso do irmão mais novo, interpretado por Emilio Dantas, o que o leva a competir o tempo todo. “Ele explora, rouba dinheiro e ainda é amante da namorada do mais novo. Não tem como não ficar com raiva dele. Ao mesmo tempo, é um cara com questões humanas muito fortes que pretendo apresentar. Não quero defender, mas existe um motivo”, explicou. Apesar de não gostar de classificar os seus personagens por acreditar que os arquétipos são um pouco reducionistas, ele interpreta um grande vilão.

Para estruturar esta relação conturbada e ambiciosa com o irmão mais novo, o ator se inspirou em uma peça chamada Paloma que também se passa em Salvador e fala sobre o amor fraternal. “Para mim, ele ama este irmão, mas a complexidade deste personagem é que ele consegue amar e odiar em uma proporção parecida. Na cabeça dele, é como se a vida do outro fosse dele. Ele admira ao mesmo tempo que tem uma raiva enorme deste talento do Beto, se não fosse assim não iria querer prejudicá-lo. Acho que esta relação entre irmãos diz muito sobre nós”, salientou. Remy guarda uma grande mágoa do personagem de Emílio Dantas por ter uma carreira de sucesso nacional e ser o centro das atenções da casa.

O personagem cultiva uma relação de anos com a namorada do irmão, vivida por Deborah Secco (Foto: João Cotta/TV Globo)

Uma das maiores vinganças de Remy é se relacionar com a namorada de Beto Falcão, vivida por Deborah Secco. “Existe um amor entre o Remy e a Karola, porque eles permaneceram como amantes por anos, então há um encontro. Isto é muito complexo. Dizem que quando um casal é amante por tanto tempo eles não funcionam mais juntos. Existe uma dinâmica muito confusa. No entanto, a disputa que tem com o irmão foi um dos principais motivos que o levou a estar com ela, afinal, a raiva do Beto norteia muito as suas escolhas”, afirmou. O namoro com a também vilã, Karola, é um dos traços que mais ilustram a humanidade deste personagem.

De acordo com o ator, a principal razão que levou o seu personagem a se tornar malvado é o intenso debate com o pai. “Ele tem uma relação péssima com o patriarca, vivido por José de Abreu, porque o mais velho entende quem o filho é. Isto faz com que o público crie uma empatia, afinal, é um cara que cresceu ouvindo que não prestava. Isto explica um pouco da dor deste indivíduo. A gente vai entendendo que não se trata de um monstro”, salientou.

Adriana Esteves é casada com Vladimir há anos (Foto: Raphael Dias/Gshow)

Em Segundo Sol, Vladimir está tendo a oportunidade de contracenar com Adriana Esteves, a sua mulher. Apesar de não interpretarem um par romântico, os dois possuem alguma história no passado que ainda não está muito clara, mas que mesmo assim dará margem para muitos encontros. “Nós também disputamos, de alguma forma, a influência e o poder sobre a Karola. Esta dinâmica é muito interessante, pois mostra que são indivíduos que estão defendendo os seus ideais”, comentou. Os dois tiveram a oportunidade de curtir juntos a viagem à Bahia, onde atuaram e também passearam. “Gravamos pouco em Salvador, mas se dependesse de mim e da equipe, a gente faria a novela inteira lá. A galera ficou encantada e eu adorei poder voltar”, comentou.

O ator tem uma grande vantagem em relação a grande parte do elenco por ter sido criado em solo baiano. No entanto, ele precisou resgatar as gírias e o sotaque que deixou de lado quando começou a atuar em novelas da Globo com 20 anos. “Depois de Porto dos Milagres, é a primeira novela que eu faço que se passa na Bahia. É preciso resgatar o sotaque, já que precisei amenizar muito durante toda minha carreira no Rio”, explicou. Além da prosódia, a lembrança dos costumes das pessoas com quem conviveu quando era menor também contribuíram na confecção do personagem. Como Remy  faz parte de uma família rica da região, ele relembrou de algumas figuras que conheceu na sua juventude. “Comecei a me lembrar dos caras que conheci que faziam parte de uma família baiana mais elitizada, hipócrita e vaidosa. A partir daí, tudo começou a fazer mais sentido, por isso, inclusive, que passei a frequentar mais a academia para chegar neste corpo mais malhado”, afirmou.

Vladimir e Arlete Salles são os atores homenageados na coletiva de imprensa da novela (Foto: Raphael Dias/Gshow)

O personagem de Vladimir Brichta é o estereótipo do jeitinho brasileiro, ou seja, é um cara malandro que faz de tudo para conseguir o que quer, mesmo que isto signifique infringir a lei. Sendo assim, é uma figura muito capaz de existir na nossa sociedade, principalmente, no ambiente político. “Espero que a gente vote em menos Remys, partindo do pressuposto que o meu personagem é mais mau-caráter, mas também não podemos generalizar dizendo que todos são corruptos, afinal, seria burrice e desonesto com as pessoas que são honestas. Pensar negativamente é um tiro no pé, porque assim estamos inviabilizando a política e, por consequência, a democracia. Sendo assim, defendo que devemos trazer novos atores para o poder, pois precisamos de ideias jovens. Alimento o meu otimismo com o fato de que haverá eleições, já que a maior pergunta sobre este assunto antes de quem iremos eleger é se teremos a oportunidade de votar”, lamentou.