Uma das cinco protagonistas da atual temporada de Malhação, Daphne Bozaski debate o bullying entre os jovens na novela: “Mostrar sem fantasiar”


Sobre a experiência de dividir a condução da trama com outras quatro personagens, Daphne contou que as atrizes se ajudam muito dentro e fora de cena. “Pelo fato de ser a primeira novela de todas, a nossa parceria deixa a ‘pressão do protagonismo’ mais leve, porém a responsabilidade é grande de qualquer maneira”

Ela está brilhando na telinha como uma das Five, o quinteto de protagonistas de “Malhação – Viva a Diferença”. Aos 24 anos, Daphne Bozaski já se destaca na nova geração revelada pela novelinha que, há mais de duas décadas, é referência para os novos talentos. Em “Malhação”, a atriz interpreta Benê, a jovem tímida do grupo. No entanto, este não é o primeiro trabalho da carreira de Daphne. Com experiências no teatro e na televisão, a atriz também protagoniza a primeira série da Warner totalmente brasileira, “Manual para se defender de aliens, ninjas e zumbis”. Para contar dos projetos profissionais e das impressões fora dos sets, Daphne Bozaski conversou com o HT e justificou o porquê de seu sucesso dentro e fora das telas.

Desde a estreia desta temporada de Malhação, em maio, Daphne vive uma nova realidade. Como uma das cinco protagonistas da novela que é unanimidade entre o público jovem, a atriz passou a ter novas preocupações, além dos textos para decorar. Agora, Daphne Bozaski tem mais de 130 mil seguidores no Instagram – número que vem crescendo exponencialmente – para administrar e centenas de depoimentos sobre as temáticas que envolvem sua personagem. “O retorno tem sido muito bacana, eu recebo muitas mensagens de pessoas que se assemelham à história da Benê. A ingenuidade dela acaba aproximando muito o público. A questão do bullying, por exemplo, é algo que vem sendo e deve ser debatido cada dia mais. Muitos jovens e crianças passam por isso, e a própria pessoa que faz o bullying muitas vezes não tem a dimensão do mal que ela está fazendo à outra. Então, mostrar na TV aberta diversos temas que devem ser discutidos é fundamental”, contou.

Daphne Bozaski interpreta Benê em “Malhação – Viva a diferença” (Foto: Ricardo Penna)

E a ingenuidade apontada por Daphne é um dos pontos que ela acredita ter de diferente de sua personagem. Muito pela idade, como destacou, a atriz se enxerga um pouco mais madura e consciente das aventuras da vida adulta. Por outro lado, Daphne Bozaski contou que, em muitos momentos, se sente parecida com Benê. “Por ser mais velha que a personagem, tenho receios dos quais a Benê ainda não tem. Então, olhar o mundo através dos olhos da personagem me faz aprender sobre a vida”, disse a atriz que buscou diferentes inspirações e referências para construir esta personalidade fictícia. “Para a Benê, tive aulas de piano, um instrumento pelo qual sou apaixonada. Então, começar a tocar fez parte do processo de construção da personagem e também um aprendizado pessoal para mim. Neste tempo, busquei olhar para dentro de mim e ver o que tenho em comum com ela e quais sentimentos e vivências que eu tive poderia emprestar para a Benê. Sempre vejo muito filmes e vídeos no YouTube sobre os assuntos que meu personagem irá passar para entender melhor do que estarei falando. Fora isso, trabalho muito com referência de imagem, então busco pinturas, fotografias que me inspirem a entrar nesse novo universo. Ela também adora correr e isso foi algo que tive que incluir na minha rotina”, detalhou.

Um dos temas que Daphne Bozaski precisou mergulhar para esta experiência foi o bullying. Em “Malhação – Viva a diferença”, sua personagem sofre com a prática que está cada vez mais inserida nas artes pelo mundo. Recentemente, por exemplo, a Netflix lançou a série “13 reasons why”, que narrava o suicídio de uma jovem por causa do bullying. Como nunca passou por essa experiência em sua vida pessoal, a atriz contou que buscou filmes, séries e relatos reais de pessoas que já haviam vivido isso. No entanto, Daphne reconheceu que, apesar de toda a preparação, esta não é uma temática simples de ser abordada. “Eu acho que o maior desafio é mostrar qualquer tema sem fantasiar, retratar como é na realidade. É respeitar e saber a responsabilidade que é abordar o assunto e o que será dito”, apontou a atriz que, apesar da maior visibilidade neste momento, acredita que o bullying sempre existiu entre os jovens. “Hoje em dia buscamos nos abrir mais ao diálogo, nos expressar e debater sobre questões como o bullying, quebra de rótulos, feminismo, política… Só a partir do momento que começarmos a trocar e conversar com respeito à opinião do outro, é que iremos começar a mudar o pensar de uma sociedade”, argumentou.

Entre as temáticas que envolvem sua personagem em Malhação está o bullying entre os jovens (Foto: Ricardo Penna)

Apesar de ser a porta-voz desta temática em “Malhação – Viva a diferença”, Daphne Bozaski não está sozinha no protagonismo da trama. Como adiantamos, esta temporada da novela traz as Five, um grupo de cinco jovens que têm a missão de conduzir a história. Sobre esta experiência coletiva, Daphne contou que as cinco atrizes se ajudam muito dentro e fora de cena. “Por sermos um grupo, temos muitas cenas juntas, e fora da TV somos muito companheiras, também. Pelo fato de ser a primeira novela de todas, a nossa parceria deixa a ‘pressão do protagonismo’ mais leve, porém a responsabilidade é grande de qualquer maneira. Afinal, estamos representando milhares de jovens e dando voz a diversas questões que devem ser discutidas”, ressaltou.

Se a função de protagonista já uma missão de extrema responsabilidade, na autoria de “Malhação – Viva a diferença” a situação não é diferente. Nesta temporada, a novela é assinada por Cao Hamburguer que, pela visão de Daphne Bozaski, tem se preocupado bastante em incorporar novas temáticas à trama. “O Cao envolve o público com suas histórias e, quando menos esperamos, absorvemos e repensamos nossas vidas sem ser de uma forma didática. Ele mistura o entretenimento e o conteúdo de uma forma única”, analisou a atriz que já havia trabalhado com o autor na série infantil “Que Monstro te Mordeu?”.

Antes de “Malhação – Viva a diferença”, Daphne já tinha interpretado um texto de Cao Hamburguer na série “Que Monstro Te Mordeu?” (Foto: Ricardo Penna)

Por falar no público, a interação com os fãs de “Malhação” tem sido algo intenso na vida recente de Daphne. Nas redes sociais, por exemplo, a atriz tem acompanhado sua página no Instagram multiplicar o número de novos seguidores a cada dia. “Os jovens estão extremamente ligados à internet e a tudo que acontece. Por isso, eu acho muito importante ter um diálogo aberto com eles. Busco responder sempre que possível às questões, dúvidas e agradecer o carinho que eles me proporcionam. Pois é esse reconhecimento que faz valer a pena o nosso trabalho”, comemorou a atriz que reconhece a sua posição de referência para o público neste momento da carreira. “Eu tenho a responsabilidade de informar ou compartilhar assuntos que sejam interessantes e apropriados a esses seguidores. Tento ser o mais espontânea possível e adoro compartilhar o que ando fazendo. Então, muitas vezes divulgo trabalhos e momentos importantes para mim”, contou.

Hoje, Dpahne possui mais de 130 mil seguidores no Instagram (Foto: Ricardo Penna)

Porém, apesar do boom e da repercussão de sua atuação em “Malhação – Viva a diferença”, este não é o único trabalho do momento na carreira de Daphne Bozaski. Além da novela da Globo, a atriz também protagoniza a série infantil “Manual para se defender de aliens, ninjas e zumbis”. “É uma série estilo ficção científica que tem seus momentos de comédia, podendo até beirar um romance. A minha personagem é a Tina (Valentina), uma menina de personalidade forte e que parece que nunca desliga da tomada. Ela luta Kung Fu desde criança e ganhou de seu mestre Alex Wong uma jaqueta que ela não tira por nada. E se alguém tocar nela a briga é feia”, apresentou Daphne a personagem que também passeia pela questão de gênero. “Ninguém pode ousar criticar o jeito dela ou sugerir que ela seja mais feminina. Aliás, se a Tina pudesse mudar alguma coisa no mundo seria acabar com o clichê de gêneros, pois não consegue entender quem determinou as diferenças. Mas de modo geral a Tina é muito prática, não faz disso um ato político, feminista. Ela simplesmente odeia as convenções, pois não se encaixa nelas”, completou.