“Sin City 2 – A Dama Fatal” traz Eva Green perigosa como nunca e Lady Gaga servindo cafezinho em pocilga de oitava!


Enquanto a francesa incorpora Lana Turner e Lauren Bacall com precisão, a popstar assume seu ladinho garçonete em papel perfeito, digno de seu verdadeiro biotipo sob os figurinos amalucados!

Exata transcrição para a tela grande dos quadrinhos de Frank Miller, “Sin City – A Cidade do Pecado” (idem, 2005) abriu espaço em Hollywood para que adaptações de graphic novels pudessem ser realizadas dentro da maior precisão, agradando aos fãs xiítas das obras originais e aproximando a linguagem cinematográfica dos cânones dos comics através de recursos visuais que somente o cinema digital e os efeitos de computação permitem.

Dessa forma, em sua esteira vieram “300”, “Watchmen” e uma nova fornada de filmes de super-heroi renovados. Estava aberta aí uma nova mina de ouro para os engravatados dos estúdios, e isso se deve a Robert Rodriguez (diretor da película original), Quentin Tarantino (diretor convidado) e o próprio Miller, roteirista e co-diretor – um autor que beira o TOC, dotado de preciosismo que deixaria João Gilberto parecendo um louco aloprado. O quadrinista, até então reticente em ceder suas obras para o cinemão, passou a acreditar que era possível um bom resultado e, desde então, não parou mais, liberando seu traço mega peculiar para a estilização estética que é possível atualmente às artes audiovisuais. Chega nas telonas nesta quinta-feira (25/9) “Sin City 2: A Dama Fatal – 3D (A Dame to Kill For, Miramax, Weinstein Company e outros, 2014),  a esperada continuação do primeiro longa, agora em 3D.

Obviamente, a novidade de ver o misto de história noir com cultura pop criado por Miller e apimentado por Rodriguez – que continuam em dobradinha na direção – perdeu a novidade de quase dez anos atrás, mas a verborragia visual continua lá, até porque o texto continua um primor, o autor consegue trazer para os dias atuais toda a plêiade de arquétipos que inundaram as histórias de detetives nos anos 1940/50 e o mexicano sabe como ninguém aproveitar um bom roteiro.

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Fotos: Divulgação

Como sempre, um elenco escolhido a dedo se encarrega de dar corpo ao conjunto, alguns repetindo os papeis que fizeram no longa original: Mickey RourkeBruce WillisJessica AlbaRosario Dawson e Powers Boothe aprofundam personagens, enquanto Josh Brolin substitui o Dwight inicialmente encorpado por Clive Owen. E uma leva nova de talentos como Ray Liotta, Denis Haysbert, Stacy Keach Joseph-Gordon Lewitt entra para o time, no lugar da rapaziada que morreu na coletânea original. Mas é Eva Green – a tal dama fatal ­–  quem rouba a cena, repetindo um papel que Hollywood insiste em lhe dar: o de mulher com quem não se deve brincar, misto de completa sedução e pura perdição. Mais filme noir, impossível, e a atriz prova que nada tem a dever a Lana TurnerLauren BacallVeronica Lake e Barbara Stanwyck na hora de dar vida ao tipo de mulher a qual seria muito melhor dar as costas, ao invés de se deixar enredar pela isca do sexo fácil.

No mais, Lady Gaga em uma ponta como uma garçonete está perfeita, gostem os fãs dela ou seus detratores. Afinal, desprovida do charme de quilos de figurinos loucos, perucas envenenadas e da atitude popstar (que de fato ela possui na hora de gravar seus clipes), a moça tem mesmo aquele biotipo de gente comum, do tipo que serve café em diners vagabundos noite adentro.

Trailer original (Divulgação)