Os produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto recebem uma homenagem especial em razão dos 45 anos do Festival de Cinema de Gramado


Paulo Autran, que morreu há 10 anos, também foi homenageado com a menção honrosa em memória pelas mãos da viúva Karin Rodrigues

Emoções e lembranças marcaram a noite gaúcha nesta segunda-feira. Desta vez, três homenageados subiram ao palco para ganhar uma menção especial com a placa Homenagem Gramado 45, em razão do aniversário do Festival de Cinema. A família Barreto já foi citada neste evento com o filme João, O Maestro sendo representada por Paula. Agora foi a vez de seus pais Lucy e Luiz Carlos Barreto devido aos anos prestados ao Brasil por serem donos de uma das maiores produtoras do país. “Ainda sou novo, porque o cinema brasileiro insiste em que a pessoa continue jovem e combatente porque cada filme é uma luta. Um país sem cinema é a mesma coisa que uma casa sem espelhos, a pessoa não sabe sua identidade e quem é. O festival, no entanto, transcende a questão cinematográfica porque aqui se instaurou uma trincheira de resistência no tempo da ditadura e do governo e Collor e que continue assim”, comemorou Luiz Carlos. O casal vem ao sul desde 1973, ano em que o Festival de Cinema de Gramado nasceu. Na ocasião, exibiram o longa-metragem A Estrela Sobe.

O casal construiu uma empresa juntas que acumula sucesso (Foto: Edison Vara)

A família Barreto é conhecida pela tradição no cinema com a produtora L.C Barreto Ltda. Assim como Paula, os outros filhos do casal Fábio e Bruno também seguiram no ramo. Luiz Carlos é um dos nomes que ajudou a reformular a sétima arte, revolucionando o as montagens latino-americanas. No entanto, segundo o especialista, ainda temos um longo e árduo caminho a percorrer. “Os brasileiros ainda estão construindo o futuro cinematográfico do país, ainda não atingimos o que almejamos. É um cinema que está sendo feito com muita riqueza e cineastas novos e talentosos, o que mostra o vigor do nosso povo. É lamentável, no entanto, que esta produção esteja sujeita a condições de mercado deploráveis, porque os blockbuster dominam o cenário. Estamos em um mercado desregulado, a agência nacional de cinema se preocupou em regularizar apenas a produção o que acaba fazendo com que as películas com mais poder aquisitivo se destaquem”, criticou Luiz Carlos.

A receita da qualidade do cinema nacional, de acordo com o cineasta, é o fato do Brasil ser continental com uma cultura cheia de diversidade. Ao seu lado, Lucy destaca a personalidade própria de nossas produções que são notoriamente latinas. “Nossas comédias, por exemplo, são brasileiras, possuem um toque de ternura e humor que somente nós temos, o que acredito ser a latinidade. Quando levei A Estrela Sobe para os Estados Unidos uma crítica comentou que o filme mostrava uma cultura diferente e ela percebeu isto com a forma que a Betty Faria sentou no colo da mãe”, relembrou.

Os três fillhos do casal seguiram no ramo (Foto: Edison Vara)

Além do casal, uma terceira pessoa foi homenageada na noite. Considerado um dos maiores atores brasileiros, Paulo Autran brilhou em papéis no teatro e no cinema. Falecido há dez anos, sua viúva, a atriz Karin Rodrigues, recebeu menção honrosa. “Estou emocionada de receber este prêmio neste lugar, principalmente, porque ele amava o Rio Grande do Sul. Em 2017, faz 10 anos que ele faleceu e tenho certeza que acharia importante que esta homenagem viesse daqui, o estado onde mais representou”, comemorou Karin que recebeu uma joia do Festival assim como Lucy Barreto, junto da placa.

Karin e Lucy ganharam uma joia além da placa (Foto: Edison Vara)

E é claro que não pode faltar filmes em uma noite do Festival de Cinema. Um dos curtas nacionais apresentados foi Caminho Dos Gigantes, de Alois Di Leo que busca entender, de forma poética o sentido da vida. Além disso, foi exibido também O Quebra Cabeça De Sara, de Allan Ribeiro. “É um festival que tem espaço para várias produções, mesmo as simples como esta. Queria dedicar a exibição deste curta ao Sid Nader que faleceu semana passada. Foi um dos críticos que mais se importava com o curta-metragem”, agradeceu Allan.

Nenhum longa-metragem nacional foi exibido hoje, no entanto, dois estrangeiros marcaram presença. Infelizmente, ambos os elencos dos filmes Los Niños, de Maite Alberdi e X500, de Juan Andrés Arango, não puderam vir. Mas a equipe deste segundo deixou um recado em vídeo para os espectadores. “Este filme já passou pelas ruas de Colômbia, México e Canadá e estou muito feliz de que agora estará pelo Brasil no Festival de Gramado. Obrigado por sua presença”, incentivou o diretor de X500.