Os erros e acertos durante a estreia de “Dupla Identidade” e a consagração de Bruno Gagliasso como o melhor de sua geração


Nova minissérie da Globo é escrita por Glória Perez e traz o ator como um psicopata no melhor estilo Dexter

*Por Junior de Paula

“Dupla Identidade”, a nova série global que estreou nesta sexta-feira (19), chegou mostrando força no primeiro episódio, apesar de alguns percalços. Primeiro, vamos falar deles. A questão que mais incomoda, apesar de ser um recurso interessante, é o da fotografia com poucas cores e muitas sombras. Por vezes, não se enxerga muito bem o que acontece em cena, o que pode justificar-se pelo mistério que envolve a trama, a qual gira em torno de um psicopata que mata mulheres em série sem deixar rastros. Mas, por outro lado, a técnica afasta o espectador pouco afeito a invencionices, que não consegue identificar muito bem o que acontece.

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

Outra questão é o didatismo e a atuação pouco à vontade de Luana Piovani, uma das policiais responsáveis pela investigação dos casos. A gente sabe que Luana pode oferecer mais do que mostrou neste primeiro capítulo de “Dupla Identidade”, portanto ainda é cedo para dizer que ela pode ou não comprometer o desenvolvimento da trama. Sem pudores de se influenciar pelas séries internacionais do gênero, inclusive mostrando uma polícia bem preparada e cheia de recursos tecnológicos e humanos, bem diferente do que já foi mostrado na solução de crimes nas histórias que se passam no Brasil, o programa tem tudo pra dar um passo adiante.

Luana como a detetive responsável pelo caso (Foto: Divulgação)

Luana como a detetive responsável pelo caso (Foto: Divulgação)

Dito isso, tratemos dos acertos, que são muitos. A começar por Bruno Gagliasso como protagonista absoluto, mostrando que é o melhor ator de sua geração. Com olhares, expressão corporal e muita segurança, ele constrói com muita veracidade o psicopata que mata mulheres “pelo prazer de se sentir Deus ao vê-las morrendo”, como diz o texto em determinado momento. Interessante também o jogo de misturar o enredo policial com a política, envolvendo um senador poderoso na história, vivido pelo ótimo Aderbal Freire-Filho; a presença de Bernardo Mendes, como o filho problemático do tal senador com a personagem de Marisa Orth; e Débora Falabella, sempre luminosa, como a garota que se apaixona pelo psicopata de Gagliasso.

Bruno Gagliasso fazendo sua porção de Christian Bale metrossexual como Psicopata Americano (Foto: Divulgação)

Bruno Gagliasso fazendo sua porção de Christian Bale metrossexual como Psicopata Americano (Foto: Divulgação)

Será que o amor vai curá-lo? Será que ele mata a namorada? Será que ele vai ser capturado e preso, mesmo sendo um personagem influente no grande mundo da política? São muitos os serás que a trama de Gloria Perez, com direção de Mauro Mendonça Filho, vai ter que responder. E isso, essa vontade de continuar assistindo, é o que vai garantir o sucesso da série que fez uma ótima estreia.

Débora como uma amante atormentada que ainda sofre de borderline, tadinha (Foto: Divulgação)

Débora como uma amante atormentada que ainda sofre de borderline, tadinha (Foto: Divulgação)

 

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura