No elenco de “Novo Mundo”, Vanessa Gerbelli destaca a importância de trazer a história do Brasil para o contexto moderno: “Momento perfeito”


Além de viver a misteriosa Maria Amália na novela das 18h da Globo, a atriz ainda possui outros projetos paralelos na carreira. Um deles, será expor suas obras como pintora em uma galeria de artes de Nova York. Sobre essa vertente de sua carreira, Vanessa contou que gosta de retratar o ser humano e sensações que a inquietam. “Eu parto de um tema que me instiga e tento extrair as possibilidades plásticas daquilo, de acordo com o meu gosto e as minhas experiência”

Cabelão, mistério e sotaque português. Essa é a mistura de Maria Amália, personagem de Vanessa Gerbelli em “Novo Mundo”, novela das 18h que entrou no ar há um mês. Na trama, que narra chegada da família Real ao Brasil, a personagem de Vanessa tem um papel ainda não muito conhecido. Em entrevista ao HT, a atriz contou que irá entrar depois na história e que sua Maria Amália será fonte de informações importantes. “Ela é um mistério que vai sendo revelado ao longo da novela. Quando eu entro na história, que deve ser pelo capítulo 25, a personagem está louca presa dentro de um convento e com apenas flashes de memória. Então, eu acredito que, no decorrer da trama, ela vá lançar algumas informações e dados para a história se desenrolar”, apostou.

Para este trabalho super denso, Vanessa Gerbelli destacou a preparação e os estudos anteriores às gravações. Porém, no set, teve outro fator que contribui muito para que a atriz mergulhasse de vez na época e na proposta de sua personagem: o figurino. Para viver Maria Amália, Vanessa Gerbelli precisou adotar longos e pesados fios de mega hair e ainda usar as tradicionais roupas do século XIX. “Na primeira vez que eu vesti o figurino, as minhas costelas ficaram completamente espremidas. Naquela época, usava-se espartilhos e soutiens que apertavam muito o tórax para elevar os seios. Então, quando eu vesti esse figurino, imediatamente eu já comecei a respirar curto e mais ofegante. Dessa forma, a gente vai entendendo porque as mulheres respiravam daquele jeito nessa época, por exemplo”, contou.

Vanessa Gerbelli como Maria Amália em “Novo Mundo” (Foto: Reprodução)

Preparações à parte, “Novo Mundo” será o porta-voz de um resgate a nossa própria história passada. Ambientada há quase 200 anos, a novela mostra a busca de um povo por um novo mundo, com novas ideologias e novas propostas de vida. Não muito diferente, 2017 também traz a vontade por novos pensamentos e o desejo por mudanças no convívio social moderno. Sobre este paralelo, Vanessa Gerbelli definiu como fundamental o momento para ter uma novela como “Novo Mundo” na grade de entretenimento da Globo. “Eu acho fundamental e esse é o momento perfeito para isso. Nós estamos vendo que as pessoas estão se mobilizando, querendo transformar essa situação e se sentindo mais brasileiras. A gente ficou durante muito tempo refém de uma situação política muito ingrata na qual não sabíamos o que fazer. Mas agora, me parece que isso mudou. E eu acho fundamental que a gente conte a história do Brasil de uma forma mais afetiva”, disse.

Para Vanessa, trabalhos anteriores que tiveram o enredo similar ao da próxima novela das 18h traziam um aspecto depreciativo a esta fase da história do Brasil. Inclusive, na escola, quando muitas vezes temos esse primeiro contato, não conhecemos todas as informações da época, acredita a atriz. “A maioria dos trabalhos artísticos que já rolaram sobre esse tema tinha um tom um tanto quanto depreciativo e uma crítica muito grande, que na novela não vai ter. Em ‘Novo Mundo’, a gente fala com carinho e emoção sobre o começo do Brasil”, disse Vanessa Gerbelli que, para isso, destacou a entrega por trás das câmeras. “É uma história que dá muito trabalho, tanto para os autores, pesquisadores, diretores e nós atores também. Mas eu acredito que passar essa novela agora foi uma escolha acertada e terá audiência garantida”, declarou.

No entanto, outros temas abordados em “Novo Mundo” também irão permitir ao público traçar um paralelo entre a situação daquela época e a de hoje em dia. Entre eles, o negro, a mulher e os índios. Por falar nessas temáticas, que cada vez mais ganham força e engajamento na sociedade moderna, Vanessa Gerbelli demonstrou uma mistura de animação com inconformidade pela demora com que as ideias se propagam. “Eu acho que estamos em um movimento interessante. No entanto, o que me deixa um pouco incomodada é a lentidão com que as reflexões acontecem. Por sorte, nós temos a internet há uns bons anos e ela que faz com que a gente se engaje e se una aos discursos modernos”, disse a atriz que enxerga com bons olhos o atual momento. “Eu acho que estamos evoluindo e esse é o caminho. Nós viemos à Terra para isso. Para mim, a nossa geração está testemunhando um momento muito importante de transformações e nova consciência. E a novela traz isso também”, completou.

A atriz destacou a importância do enredo da novelo nos tempos atuais e das novas reflexões da sociedade contemporânea (Foto: Reprodução)

Mas engana-se quem pensa que “Novo Mundo” esteja dominando exclusivamente a vida de Vanessa Gerbelli. Apesar de a novela ser o principal trabalho atualmente na vida da atriz, ela nos contou que também possui diversos outros projetos paralelos. No cinema, no teatro e até em uma galeria de arte em Nova York, Vanessa Gerbelli está em todas. Nos palcos, a atriz volta a estar em cartaz no espetáculo “Forever Young”. Depois de viajar o Brasil, o musical volta a São Paulo em maio para mais uma temporada.

Quando o assunto é cinema, Vanessa Gerbelli contou que passou por uma experiência intensa e express. No final deste ano, a atriz estreia um longa que foi inteiramente gravado em seis dias. Sim, um filme em menos de uma semana. “Foi muito doido”, definiu a atriz sobre a experiência. “Nós gravamos tudo dentro de uma casa. Então, eram muitos planos sequência e um aspecto quase teatral, no sentido da cronologia das cenas. Foi desgastante, mas foi uma experiência muito rica. Acho que nunca mais vou fazer um trabalho tão intenso como esse foi”, lembrou. Batizado de “Amor Assombrado”, a película é baseada no conto de Heloísa Seixas e aborda o dualismo entre a mediunidade e a esquizofrenia. “É um filme que pode ser visto como espírita ou sobre a vida de uma doente psiquiátrica”, contou.

Porém, Vanessa Gerbelli transcende a carreira de atriz no universo artístico. Além de interpretar, ela também expressa suas emoções através das tintas e dos pinceis. Como pintora, Vanessa contou que gosta de retratar pessoas e os sentimentos que a inquietam. E, em breve, essas obras poderão ser vistas em Nova York. “O dono de uma galeria viu o meu trabalho através de um curador e entrou em contato comigo querendo que eu levasse minhas obras para os Estados Unidos”, lembrou. Por lá, Vanessa Gerbelli irá expor suas últimas obras, que tem a objetificação da mulher como ideia principal. “Eu parto de um tema que me instiga ou me inquieta e tento extrair as possibilidades plásticas daquilo, de acordo com o meu gosto e as minhas experiências. Porém, a pintura é um tipo de arte que não para nunca. Quando a gente se aproxima de um tema profundo, acabamos agregando novas formas e significados a ele. Por isso que eu digo que o trabalho de artes plásticas é muito contínuo e nunca tem fim”, argumentou a atriz e pintora Vanessa Gerbelli.