No ar em “Pega Pega”, Marcos Caruso conta das aventuras do personagem bon-vivant e da agenda internacional no teatro: ” Lá fora, os brasileiros ficam ávidos pela nossa cultura”


Na nova trama das 19h da Globo, o ator interpreta um empresário milionário que decide vender seu principal patrimônio para continuar com a vida sofisticada. No entanto, esse dinheiro é roubado e o bon-vivant se depara com uma nova condição. “Ele não sossega e nem se acomoda com a nova vida. No fundo, ele nunca vai achar que a mortadela é boa. O Pedrinho gosta mesmo é do peru”

No dicionário, bon-vivant é aquela pessoa bem-humorada e que valoriza os prazeres da vida. Na ficção, a expressão tem uma definição bem clara: Pedrinho Guimarães, o personagem de Marcos Caruso em “Pega Pega”, a nova novela das 19h da Globo. Acostumado com tudo do bom e do melhor e sem se preocupar com a conta bancária, Pedrinho é dono de um imponente hotel, o Carioca Palace, que está passando por maus momentos. Para se livrar dos problemas e manter o padrão de vida, o personagem resolve vender o patrimônio e, aí, tudo começa a desandar. Após a venda, o dinheiro da negociação é roubado dentro do hotel e o personagem fica sem o Carioca Palace e sem o montante milionário.

Marcos Caruso com Pedrinho Guimarães, em “Pega Pega” (Foto: Divulgação/Globo)

Fio condutor da trama, o roubo do dinheiro do hotel representa uma ruptura na vida do personagem de Marcos Caruso. De acordo com o ator, enquanto antes a preocupação de Pedrinho era apenas com a temperatura de seu champagne, depois, o “eterno playboy” se vê inserido em uma saga para recuperar sua fortuna. “Ele passa a viver uma fase completamente inusitada porque ele nunca passou necessidade. Mas, nisso tudo, ele define um objetivo principal que é recuperar o Carioca Palace. Ele não sossega e nem se acomoda com a nova vida. No fundo, ele nunca vai achar que a mortadela é boa. O Pedrinho gosta mesmo é do peru”, contou Marcos Caruso que afirmou não ter se inspirado em nenhum personagem real para essa história. “Ele é o dono de um hotel que pode ser próximo a diversos personagens reais que viveram essa mesma situação, mas não faz referência a ninguém especificamente. Na verdade, ele é um bon-vivant que decide vender o hotel para continuar tendo essa vida de playboy até morrer”, completou.

Para essa nova fase do personagem, Marcos Caruso contou que Pedrinho segue com a parceria do mordomo Nelito (Rodrigo Fagundes), um fiel escudeiro do Carioca Palace que fica ao seu lado mesmo após a falência. “O Nelito é o braço direito e esquerdo, as pernas e muitas vezes, até o cérebro do Pedrinho. Quando o meu personagem pensa em querer ou pedir algo, esse mordomo já está trazendo do jeito que ele iria pedir. É um personagem que sabe de todas as vontades, os gostos e é quase uma extensão do Pedrinho”, explicou o ator que, na trama, também terá uma intensa relação com a neta, interpretada pela atriz Camila Queiroz. “Eles dois têm um amor imensurável um pelo outro. Da mesma forma que a neta só tem o avô, porque já perdeu os pais, o Pedrinho também vive por essa menina”, disse.

Rodrigo Fagundes, Marcos Caruso e Camila Queiroz (Foto: Divulgação/Globo)

Apesar do fio condutor deste enredo ser um crime, Marcos Caruso garantiu que o humor será uma importante estratégia nesta história. E ele é craque nisso. Com um extenso currículo na teledramaturgia brasileira, Caruso traçou um paralelo de seu personagem em “Pega Pega” com outros dois trabalhos de sucesso na telinha. “O Pedrinho é o primo rico do Leleco, de ‘Avenida Brasil’, e também tem uma proximidade com o Feliciano, de ‘A Regra do Jogo’. Porém, a diferença é que o Feliciano gastou mais do que devia e ficou pobre com uma família numerosa para cuidar. E, em oposição ao Pedrinho, ele não se importava com a atual condição e nem fazia muito para mudar. Mas agora não. Em ‘Pega Pega’, o meu personagem não aceita, vai à luta para reaver o que é dele e mantém sempre a aparência de ter uma condição que, naquele momento, lhe foi roubada”, explicou.

O fato é que, com humor e um elenco estelar, “Pega Pega” traz para o entretenimento um assunto super comum dos noticiários atuais: o roubo. Seja no poder público, em transações particulares ou em pequenos delitos do dia-a-dia, o crime não é uma coincidência na obra de Claudia Souto, autora da novela. “A novela traz à luz uma discussão que estamos tendo diariamente dentro das nossas casas que passa pela ética e pela reflexão de até quanto vale a pena ser honesto ou não”, apontou Marcos Caruso que também apontou outro paralelo entre a ficção e a realidade.

Mesmo após o roubo do dinheiro da venda do hotel, o personagem de Marcos Caruso mantém a vida sofisticada (Foto: Divulgação/Globo)

Assim como seu personagem na trama, muitos brasileiros estão vivendo uma mudança no padrão de vida nos últimos tempos. No entanto, enquanto na ficção é por causa de um roubo, no dia-a-dia tupiniquim, a razão ser a crise econômica do país. “A ficção não imita, mas acompanha a realidade. É normal que a teledramaturgia busque na vida real inspiração e estímulo para que aquela história aconteça. Hoje em dia, as pessoas sobem cinco degraus em um dia e no outro descem três. É difícil crescer neste panorama. A vida não está fácil para ninguém. Porém, eu vejo que o Pedrinho está bem acima da média e que não precisa do emprego para sustentar suas necessidades”, avaliou.

Se para o personagem de “Pega Pega” a situação está complicada, para Marcos Caruso a carreira segue de agitada. Mesmo no ar com a novela, o ator contou que não deixará de apresentar seu monólogo, “O Escândalo Philippe Dusseart”. “Quando eu faço novela, eu nunca paro de fazer teatro. E desta vez não será diferente. Eu pedi à produção da Globo a liberação de um final de semana por mês para viajar com o espetáculo pelo Brasil e vou fazer as capitais brasileiras enquanto estiver no ar em ‘Pega Pega’”, explicou.

Após o fim da novela, em dezembro deste ano, Marcos Caruso irá levar a peça, que faz uma reflexão do que é a arte contemporânea nos dias de hoje, para os Estados Unidos e para Portugal. Enquanto nas Américas o ator se apresenta em quatro cidades para as comunidades brasileiras locais, em terras lusitanas Caruso ficará dois meses em cartaz com o espetáculo. “É comum que produtores dos Estados Unidos e de Portugal venham ao Brasil em busca de peças para as comunidades brasileiras fora do país. Lá fora, os brasileiros ficam ávidos pela nossa cultura e gostam de ver artistas daqui se apresentando lá”, contou sobre o convite. Ah, e Marcos Caruso ainda estrela as séries “Brasil a Bordo”, no Globoplay, “Os Filhos da Pátria” e “Escolinha do Professor Raimundo”, na Globo. Haja fôlego!