Lawrence Wahba lança primeiro longa “Todas As Manhãs do Mundo” como convite para a humanidade se apaixonar pelo planeta: “Apesar dos desmandos do homem, a vida ainda resiste”


O vencedor do Emmy Awards lançará o primeiro longa que mostra diversas paisagens ao redor do mundo e tem as vozes de Aílton Graça e Letícia Sabatella

O planeta Terra pede socorro e isso não é novidade para ninguém. Todo mundo já foi bombardeado com as chocantes imagens que mostram a natureza corroendo e sendo destruída pelo homem ou animais sofrendo com o desgaste dos recursos naturais. Quem não se lembra do icônico documentário “Uma Verdade Inconveniente”? Parece que nada disso funcionou para chamar a atenção… O documentarista Lawrence Wahba, famoso por seus trabalhos na natureza selvagem, lança o seu primeiro longa-metragem “Todas as Manhãs do Mundo” como um apelo para que a humanidade se apaixone pelo mundo em que vive e dessa forma cuide melhor dele.

Lawrence filmando na Zâmbia Foto: Humberto Bassanelli

“É um docudrama, mistura de documentário com ficção. Foi pensado para toda a família assistir. A gente usou uma licença poética para fazer esse filme. Quem conta a história é O Sol e A Água, o pai e a mãe da vida no planeta Terra. Por que que tem vida no planeta Terra? É por causa dos elementos químicos necessários, mas além disso por causa da água no formato líquido e o sol em uma distância ideal. As vozes são do Aílton Graça (Sol) e da Letícia Sabatella (Água). A gente tem outros personagens animais em alguns blocos, nos quais contamos a batalha deles para sobreviver de uma forma lúdica e com entretenimento” explicou Wahba sobre o conceito do filme.

Aílton Graça e Letícia Sabatella gravando as vozes do filme “Todas As Manhãs do Mundo”

Ele também explicou um pouco da sua motivação pessoal para essa nova visão: “A gente tem uma leva de documentários sobre natureza para cinema que são muito pesados: ‘Uma Verdade Inconveniente’, ‘A Décima Primeira Hora’ do Leonardo Di Caprio. Normalmente, mostram só o lado negativo. A gente pensou que só mostrar o lado negativo não conversa tanto com o jovem ou a criança que vai no cinema e só vê que está tudo destruído. A nossa ideia é mostrar a metade do copo cheia para incentivar as pessoas a preservarem o planeta. Queremos passar a mensagem de que apesar da destruição do ser humano, ainda existem coisas lindas a serem preservadas ”.

Lawrence contou um pouco sobre a sua relação pessoal com a natureza e como foi que ele se apaixonou por esse lado do mundo mesmo tendo nascido em São Paulo, um dos símbolos urbanos brasileiros. “Meus pais alugavam uma casa na Região dos Lagos no Rio. Era uma casa de pescadores, sem luz elétrica e eu comecei a mergulhar. A ligação começou pelo mar, mas depois de ser cinegrafista submarino, comecei a explorar outras paisagens”, enumerou. Foi se aventurando e ganhando reconhecimento como um documentarista da natureza que ele fez sua carreira: trabalhou por anos na NatGeo e chegou a ganhar um Emmy Awards em 2013. Para ele, nada disso faz sentido se não fosse para alcançar o que considera a sua missão.

“Sabe aquele clichê ‘O que os olhos não veem o coração não sente? ’ Eu acho que sou os olhos das pessoas nos lugares mais remotos do planeta. Eu quero levar para as pessoas as belezas que ainda existem no planeta para tocar os corações delas e despertar essa vontade de preservar ”, decretou. Sobre um lugar que tocou o coração dele em especial, o documentarista fala sobre o Pantanal: “Cada lugar tem seus encantos, mas uma das minhas grandes paixões é o Pantanal. É o lugar mais preservado no Brasil. Eu acho mágico acordar em São Paulo, pegar um voo de 1 hora, depois dirigir por mais 3 horas e eu estou de cara com uma onça pintada ”, animou-se.

Pantanal Foto: Lawrence Wahba

Pai de dois filhos, Lawrence Wahba aposta nas crianças como a salvação no planeta. “Já fiz projetos com a Eliana e com o Cartoon Network. Sempre tive um pouco dessa pegada voltada para o infantil. Acredito que sensibilizar as crianças seja a solução. Quando a gente mostra que ainda tem beleza e encanta, a gente faz essa próxima geração pensar. Não dá para só mostrar tudo destruído e tirar a esperança deles. Com certeza, eu acho melhor encantar do que assustar, na educação em geral”, ressaltou. O brasileiro chamou muita atenção durante a sua carreira por sempre sair em defesa dos tubarões, principalmente durante o início dos ataques dos animais a banhistas em Recife nos anos 1990.

“Eu fui taxado de louco. Fiz meu primeiro projeto documentando tubarões ao redor do mundo em 1995. Naquela época, os programas de televisão falaram que eu era louco e arriscava minha vida. Hoje, mais de 20 anos, todos entenderam que se os tubarões forem extintos causam um impacto em nossas vidas. A preservação da vida dos tubarões já é bandeira de grandes ONGs como Greenpeace e WWF. É muito mais fácil você cativar o público para defender os golfinhos que são fofos e bonitinhos do que os tubarões, mas tudo é natureza e tudo importa”, explicou Wahba.

Making Of no México Foto: Marcelo Skaf

Direto do Rio Content Market, Lawrence falou sobre o audiovisual ser a melhor ferramenta para comunicar qualquer mensagem no mundo moderno: “Eu ouvi em uma palestra que nós seres humanos somos contadores de história por natureza, desde quando nos reuníamos em volta do fogo. No século XXI, a forma que contamos história é o audiovisual. É uma ferramenta poderosa para atingir pessoas. Você vai assistir um filme que é contado pelo Sol e pela Água, mas entende que ali tem um ambiente que precisa ser preservado ”.

“Todas As Manhãs do Mundo” estreia no dia 06 de abril de 2017 e é dirigido por Lawrence Wahba e conta com as vozes de Aílton Graça e Letícia Sabatella. O filme é uma produção da Canal Azul e contou com 20 locações em 7 países diferentes. Sobre a mensagem clara que o diretor gostaria que todos absorvessem para a vida, ele disse: “Apesar dos desmandos do homem, a vida ainda resiste, ainda floresce. Ainda existem santuários naturais e só as nossas ações poderão definir o futuro delas”, concluiu o diretor reforçando o convite para que todos se apaixonem e cuidem desse planeta que chamamos de lar.