Gregório Duvivier estreia nos cinemas com “Contrato Vitalício” e desabafa sobre Lei Rouanet: “Só lê a manchete, entende errado e criminaliza as pessoas”


Este mês, o ator volta ao palco do Rio de Janeiro com a peça de improvisação “Portátil” com os companheiros do Porta e em outubro estreia o filme “Desculpe o Transtorno”, com Clarice Falcão, Dani Calabresa, Rafael Infante e Marcos Caruso

Um diretor maluco, o Miguel, que após ganhar um prêmio internacional de cinema e sumir do mapa, retorna com um roteiro de filme insano. Esse é o personagem de Gregório Duvivier no longa “Contrato Vitalício”, o primeiro trabalho do Porta dos Fundos para o cinema. E, o HT, que não perde uma, foi à pré-estreia do filme, lançado neste fim de semana em todo o Brasil, conversar com o ator do grupo mais amado da internet. Superanimado e um pouco ansioso para saber o que os cariocas achariam do filme, Gregório conversou com a gente e disse que levar os esquetes da internet para a sétima arte sempre foi um sonho do Porta dos Fundos. “É uma alegria. A gente tinha essa vontade de contar uma história maior, um longa-metragem. Mas foi muito desafiante, porque nós respeitamos muito o cinema, é um território árduo. Porém, estou muito feliz com o resultado”, contou o ator que afirmou ter um contrato vitalício com os colegas de elenco, sua peça Z.É. – Zenas Improvisadas e seus amigos da vida.

Gregório Duvivier na pré-estreia de "Contrato Vitalício", no Rio (Foto: AgNews)

Gregório Duvivier na pré-estreia de “Contrato Vitalício”, no Rio (Foto: AgNews)

Como Gregório falou, para esse trabalho do Porta dos Fundos, o desafio foi transpor os pequenos vídeos que fazem sucesso no YouTube para um filme de uma hora e quarenta nos cinemas. Ah, e engana-se quem pensa que eles foram pelo lado mais fácil e só levaram o canal para as telonas. “Contrato Vitalício” é uma história diferente, com começo, meio e fim, e com novos personagens. E, assim como fazem na internet, o ator nos contou que a estratégia dessa vez foi caprichar no texto para garantir a atenção e o divertimento do espectador. “A grande dificuldade para a gente é a narrativa, em saber como contar a história. O longa-metragem é algo novo e muito difícil. Fazer um filme é uma arte bastante complicada, nada é simples. E por isso que a gente se preocupa tanto com o texto e a maneira como vamos contar essa narrativa. No Brasil existe uma tendência de não dar essa devida atenção ao roteiro, que muitas vezes é desprezado. Mas, para chegar em um resultado que nos agradasse, a gente ficava horas debatendo uma mesma piada. Tudo para garantir um bom texto para o trabalho”, explicou.

Segundo o ator, que também é um dos criadores do Porta dos Fundos, o grupo se preocupa muito com o texto e a narrativa. Para ele, esse é um dos segredos (Foto: Reprodução)

Segundo o ator, que também é um dos criadores do Porta dos Fundos, o grupo se preocupa muito com o texto e a narrativa. Para ele, esse é um dos segredos (Foto: Reprodução)

E não é só no novo longa do Porta que Gregório Duvivier marca presença nas telonas. Ao HT, o ator adiantou que em outubro estreia “Desculpe o Transtorno”. O filme vai contar a história de um homem (Gregório) que tem dupla personalidade: ora incorpora o paulistano Eduardo, certinho e tímido, ora dá vida ao carioca Duca, fanfarrão e folgado. E, em função dessa alternância de personagem, o protagonista se envolve em diversas aventuras e confusões amorosas. “É uma comédia romântica que eu fiz com a Clarice Falcão e foi uma delícia. Eu adoro trabalhar com ela, sempre gostei e, em todas as vezes, deu muito certo. E no elenco, ainda tem Dani Calabresa, Rafael Infante, Marcos Caruso e outros grandes atores e amigos”, contou. Risada garantida também, né?

Em outubro, Gregório estreia o filme "Desculpe o Transtorno", com Clarice Falcão, Dnai Calabresa e grande elenco (Foto: Reprodução)

Em outubro, Gregório estreia o filme “Desculpe o Transtorno”, com Clarice Falcão, Dani Calabresa e grande elenco (Foto: Reprodução)

Ah, e tem mais Porta dos Fundos, queridos leitores. Agora, em julho, Gregório, João Vicente de Castro, Luis Lobianco, Gustavo Miranda e Andres Giraldo voltam aos palcos do Rio com o espetáculo “Portátil”. Para a temporada de três meses na urbe maravilhosa, nosso entrevistado era só animação. “A gente sempre adorou levar o Porta para o teatro também. É o lugar em que nós começamos a fazer humor. É uma volta às origens, ainda mais com um espetáculo de improvisação que é muito desafiante. A cada dia é uma reinvenção e uma estreia, mas, ao mesmo tempo, é muito prazeroso, adrenalina na veia. Eu amo fazer ‘Portátil’”, disse Gregório.

A peça de improvisação "Portátil", com os amigos do Porta, volta ao Rio de Janeiro para uma temporada de três meses (Foto: Reprodução)

A peça de improvisação “Portátil”, com os amigos do Porta, volta ao Rio de Janeiro para uma temporada de três meses (Foto: Reprodução)

Só que, como nem tudo são flores… Durante a fase de produção do novo filme do Porta dos Fundos, “Contrato Vitalício”, surgiu a polêmica de que o grupo teria recebido incentivo da Lei Rouanet (na verdade, a Lei de incentivo para o cinema é a do Audiovisual). Agora, com o longa na praça e já fazendo um grande sucesso entre o público e crítica, Gregório atribuiu esse boato à desinformação das pessoas. “Tem muita gente que só lê manchete, entende tudo errado e começa a criminalizar as pessoas. Eu sempre fui contra a Lei Rouanet e a maneira que ela é feita porque, na minha visão, ela privilegia poucos grupos e não atende aos pequenos produtores. Eu mesmo nunca consegui captar, já tentei, mas não deu certo. Eu acho uma lei muito insuficiente. E, ao meu ver, tem mais é que ser criticada mesmo. Mas, com informação e sem burrice e ódio”, declarou o ator que, ao lado dos colegas do Porta, fez um vídeo sobre essa situação.

E, ainda no assunto mais politizado, o ator, que também assina uma coluna no jornal Folha de São Paulo toda segunda-feira, disse que, após as votações na Câmara e no Senado que afastaram a presidente Dilma Rousseff do cargo, a situação do Brasil só agravou. “O golpe só piora tudo. Por pior que estivesse antes, ainda era um estado democrático. Então, quando não há uma presidente eleita, fica além da crise, o golpe. Ou seja, eu acho terrível”, pontuou o ator e humorista Gregório Duvivier.