Amores roubados: fofoca, sensualidade latente e a maestria de Dira Paes em primeiro capítulo da série global


“Quem mirou na fofoca que cercou a minissérie acertou não em um amor roubado, mas, sim, em cenas roubadas, já que Dira Paes e Cassia Kiss Magro foram os nomes do primeiro capítulo”, diz o jornalista e dramaturgo Junior de Paula

* Por Junior de Paula

É inegável que muita gente conferiu a nova minissérie global, Amores Roubados, pela curiosidade de ver Cauã Reymond e Isis Valverde juntos na ficção depois de muito ter se comentado de que o clima de paixão das telas teria extrapolado para a vida real. Em meio aos boatos, a quem posso interessar, Cauã se separou de Grazi Massafera e Isis terminou um longo namoro com o músico Tom Rezende.

Pois bem: momento fifi fofoqueira de lado, vamos falar sobre o que se viu na tela, com a estreia de Amores Roubados, nessa segunda-feira, que tem trama levemente inspirada no livro “A Emparedada da Rua Nova”, de Carneiro Vilela (1846-1913), com direção geral de José Luiz Villamarim, roteiro de George Moura, supervisão de Maria Adelaide Amaral e núcleo de Ricardo Waddington.

A história gira em torno de Leandro, um funcionário de uma vinícola no interior de Pernambuco, que não tem pudores em roubar amores. O próprio Cauã, aliás, é quem explica um pouco da trama do seu Don Juan nordestino. “A história se passa em Petrolina e Juazeiro. Fala sobre um rapaz que rouba os amores, e esse personagem quem faz sou eu. Tenho um caso com a Celeste (Dira Paes), depois seduzo a Isabel (Patrícia Pillar), mulher do meu patrão, Jaime, vivido por Murilo Benício, e venho a me apaixonar pela Antônia (Isis Valverde), filha dos dois. É um cara que seduz todas as mulheres e, de repente, se vê apaixonado. Ele é um ladrão de amores”.

Ainda é cedo, claro, para qualquer avaliação mais profunda sobre se Cauã vai ou não dar conta do protagonismo absoluto da minissérie sem ser engolido por tantas feras ao seu redor, que, além dos atores já citados, ainda tem Cassia Kiss Magro como sua mãe, que teve poucas cenas neste primeiro capítulo, mas serviu para lembrar que é uma força da natureza, e Osmar Prado, que também não erra nunca, interpretando Cavalcanti, o marido traído de Celeste. Cauã tem sex appeal, item essencial na vida de Leandro, e funcionou muito bem nas cenas mais quentes com Dira Paes e, principalmente, nas primeiras aparições ao lado de Isis Valverde, mostrando que, sim, o casal ficcional tem uma inegável química. Mas será que vai ser suficiente? Só os dez capítulos dirão.

Por falar em Dira, foi ela, entretanto, a grande atração destes primeiros momentos. Desde a primeira cena na qual apareceu nua na cama com Cauã até a última, transando na adega enquanto rolava uma degustação de vinhos com todos os principais personagens da trama na sala, foi dela este primeiro capítulo. Além de linda – e com o corpo de fazer inveja a qualquer Isis Valverde -, ela sabe como ninguém dar dignidade a personagens e colocou todas as cenas em que apareceu no bolso, engolindo quem passasse pelo seu caminho.

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Dira e Cauã em cenas quentes de Amores Roubados (Foto: Divulgação)

Outro ponto alto? A fotografia maravilhosa de Walter Carvalho, que soube usar com maestria o excesso de luz do sol da região para criar bonitas texturas e contrastes, emprestando ares cinematográficos à produção televisiva, que oxigenam a história e trazem sofisticação para as telinhas. José Luiz Villamarim, aliás, conhecido mais por seu belo trabalho em Avenida Brasil, ao lado de Amora Mautner, e o Canto da Sereia, no qual imprimia uma narrativa mais frenética, surpreende desta vez ao optar por silêncios, planos mais longos e um desenrolar mais lento da trama. Ritmo, aliás, entrecortado pela sensualidade sempre latente – neste primeiro momento defendida por Dira e Cauã -, que fazia o coração acelerar vez ou outra.

Quem mirou, portanto, na fofoca que cercou a minissérie acertou não em um amor roubado, mas, sim, em cenas roubadas, já que Dira Paes e Cassia Kiss Magro foram os nomes deste primeiro capítulo.

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.