Carla Marins destaca mudanças no movimento feminista: “As mulheres querem um novo homem, elas não os odeiam como já ocorreu antigamente”


Atriz apoiou o discurso de Letícia Sabatella no Palácio do Planalto e acha que toda a situação política pode ser modificada. “A gente está em pleno exercício da democracia”

Atriz e agora recém-formada! Carla Marins, que já atuou em novelas como “Pedra sobre Pedra”, “A Indomada” e “Pé na Jaca” (Rede Globo), concluiu recentemente a faculdade de Teoria do Teatro na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Em entrevista exclusiva ao HT, Carla contou que está à procura de “textos brasileiros sobre o empoderamento feminino” para montagem de uma peça. E a especificidade do tema é “graças a ‘Primavera das Mulheres‘, que voltou a discutir sobre a figura feminina e tornou o assunto “fundamental”. Porém, Carla destaca mudanças e diferenças no movimento feminista dos anos 1960 e 1970. Segundo ela, esse “novo sopro vem remodelado”. “As mulheres querem um novo homem, elas não os odeiam como já ocorreu antigamente. A gente está disposta a conversar. Não queremos abrir mão de ter um parceiro, filho e um casamento bacana. Mas a gente não quer esses caras de antigamente. Queremos um cara moderno e que nos respeite”, destacou.

Atriz vê as redes sociais como "uma mídia menos vendida" (Foto: Reprodução)

Carla Marins vê o movimento feminista atual como “um novo sopro” (Foto: Reprodução)

Com as redes sociais, em que as opiniões pessoais movimentam e se espalham entre os feeds, muita palavra ganha força e repercussão. Mas para Carla, essas plataformas são “fundamentais”. Dessa forma, para ela, “a gente consegue ter uma mídia, talvez, menos vendida. Pelo menos, as pessoas estão se colocando. É uma ferramenta importantíssima para espalhar conhecimento e disseminar informação. Dessa forma, a gente sai do lugar comum dos grandes jornais e televisões, que muitas vezes vêm com um discurso já pré-concebido”.

Carla Marins vê o movimento feminista atual como "um novo sopro" (Foto: Reprodução)

Atriz destaca a importância em dissociar a imagem do artista nas questões políticas e apoiou o discurso de Letícia Sabatella no Planalto, em março (Foto: Reprodução)

E, como sabemos, outro tema que agita as redes são as opiniões políticas sobre o atual cenário do nosso país. Sobre isso, Carla considera que “as pessoas estão muito raivosas”. Mas, de acordo com a atriz, tudo pode ser melhorado. “Você ouvir alguém com o pensamento diferente do seu e você não achar que ele é seu inimigo é treinável. A gente está em pleno exercício da democracia”, afirmou. E ela completou ressaltando “a importância na dissociação da imagem do artista”: “A Letícia Sabatella, por exemplo, esteve em Brasília, na frente da presidente Dilma, olhou para ela e disse: “Eu não apoio o seu governo”. A gente não quer necessariamente o PT, mas queremos um governo sem corrupção. Eu assino embaixo as palavras da Letícia. Eu acho que é importante essa discussão toda”. E concluiu: “Os ânimos devem ser amainados e se faça o exercício pleno da democracia”.

 

Discurso da atriz Letícia Sabatella no Palácio do Planalto no dia 31/03/2016:

“Eu vim aqui hoje clamar por democracia. Nossa democracia é jovem, imatura, neocoronelista, ainda sofre com um modelo de desenvolvimento bastante predatório e deve muito em justiça social aos pobres, aos negros, ao pequeno agricultor. Eu sou oposição ao seu governo, presidenta Dilma, mas eu tenho um contentamento em poder dizer isso na sua frente, e dizer que vivo ainda num Estado que se pretende utopicamente neste governo ser um Estado democrático, que preserva as liberdades. Mesmo estando aqui como oposição, não tenho como não reconhecer essa ascensão social de grande parte da população. A gente viu que essa condição pode ser mexida e que há vontade política para isso. Uma vez dado um passo, a gente ter que dar um passo adiante, e não para trás. Por isso estou aqui”.