Noite de premiação de musicais brasileiros contou com crítica à dificuldade de conseguir patrocínio e homenagem a atores que faleceram em 2017


Les Misérables ganhou o prinicipal título do Prêmio Reverência de 2017, eleito como melhor espetáculo. O ator Paulo Szot e a atriz Laila Garin reberam o troféu de melhor ator e atriz deste ano. Durante a cerimônia, os profissionais apresentaram algumas cenas marcantes dos musicais que foram indicados

Um dos shoppings mais chiques do Rio de Janeiro, o Village Mall, foi o palco, literalmente, da premiação mais importante do teatro musical do Brasil, o prêmio Reverência. O Teatro Bradesco recebeu diversos famosos, como Nicolas Prattes, Vanessa Gerbelli e Totia Meireles, que vieram prestigiar os colegas de trabalho em uma noite tão especial. O evento foi apresentado por Tiago Abravanel e Lucio Mauro Filho e transmitido ao público de casa pelo Canal Bis. Antes da premiação começar a dupla de atores lembrou a dificuldade de conseguir patrocínio, principalmente, se for um projeto diferente. A crítica foi feita através de uma apresentação animada digna de um musical. “Só deu para fazer a abertura com o orçamento que tínhamos hoje”, brincou Tiago Abravanel ao final da canção.

Nesta terceira edição, a ideia é fortalecer o ramo dos musicais nas artes cênicas que vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional, servindo como um ‘selo de qualidade’ para as pessoas, a crítica e o mercado. Os jurados, responsáveis por decidir os vencedores, são grandes nomes da arte no Brasil como Ana Botafogo, Abel Rocha, Claudia Hamra, Kika Sampaio e outros. O projeto foi uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Governo Federal com o patrocínio do BTG através da Lei Rouanet.

(Foto: Felipe Panfili)

O grande título da noite ficou com o elenco e equipe de Les Misérables, um dos mais clássicos da história. O espetáculo  ganhou como melhor musical desta edição e levou para casa o selo de qualidade do júri. O trabalho da T4F Entretenimento recebeu outras sete indicações e levou mais dois troféus para casa. O ator Ivan Parente e a atriz Andrezza Massei receberam o título de melhor ator e atriz coadjuvante masculino e feminino, respectivamente. Ambos contracenam juntos como um casal, o senhor e senhora Thenardier.

A atriz Laila Garin se mantem invicta na categoria de Melhor Atriz. Pela terceira vez consecutiva, ela levou o prêmio para casa, sendo a única artista a ganhar este destaque pelos jurados da premiação. “Agradeço muito este reconhecimento. Quero dedicar à Bibi Ferreira, Oscarito, Marília Pêra, e todos os mais velhos que vieram antes de nós. Não podemos esquecer de estudar e cultivar a nossa memória. O teatro musical brasileiro existe há muito tempo e é a ele que agradeço pela minha formação ética e estética. Obrigada à arte por dar sentindo a minha vida e pela minha obssessão de buscar um motivo em tudo”, discursou Laila. Dessa vez, o troféu veio a partir do musical Gota D’Água (a seco) que é uma adaptação do texto original escrito por Chico Buarque.  A peça recebeu ainda outras cinco indicações.

A atriz Laila Garin ganhou o título de melhor atriz nas três edições do prêmio (Foto: Felipe Panfili)

Dentre os quatro indicados à melhor ator, Paulo Szot levou o título para casa por sua performance em My Fair Lady. O espetáculo foi indicado a outras onze categorias sendo que mais quatro membros da equipe também ganharam o Reverência. Tania Nardini foi a melhor coreógrafa assim como Jorge Takla que recebeu o título de melhor direção do ano. O figurinista Fabio Namatame recebeu o Reverência pela segunda vez. Tocko Michelazzo fechou a premiação do grupo sendo reconhecido pelo desempenho como design de som.

Tiago Abravanel e Lucio Mauro Filho apresentaram o prêmio (Foto: Felipe Panfili)

O elenco da Cia. Barca dos Corações Partidos ganhou a categoria especial da premiação. A companhia de teatro foi a primeira a levar um título em conjunto. “Essa cia surgiu da nossa vontade de aprender um com o outro. Ensinamos um para o outro sobre a formação de cada componente, é muito heterogeneo.  Gostaria de agradecer muito ao prêmio Reverência por existir e resistir”, afirmou o diretor musical Alfredo Del-Penho. O grupo levou o título pelo desempenho em duas peças em cartaz da equipe, Suassuna – Auto do Reino do Sol e Auê. Alfredo e Beto Lemos também receberam o reconhecimento de melhor direção musical pelo espetáculo Auê. Ambas as montagens da cia receberam dezesseis indicações tendo concorrido em quase todas as categorias.

De acordo com o voto popular, a peça que deveria levar o título de melhor musical é Cinderella. O espetáculo também ganhou como melhor iluminação pelo trabalho de Maneco Quinderé. O cenário de Rogério Falcão para esta montagem inspirada em um conto de fadas também foi reconhecido.

Ao longo da noite, os musicais que estavam concorrendo ao título de melhor espetáculo apresentaram cenas curtas (Foto: Felipe Panfili)

A terceira edição do prêmio contou com pequenas cenas dos espetáculos que estavam concorrendo ao título de melhor musical. Mas, além de privilegiar nomes atuais da arte, a cerimonia de premiação fez uma bela homenagem a grandes atores brasileiros que nos deixaram no ano de 2017, como Rogeria e Tumura. “Fico emocionado, porque é muito duro perder colegas de qualquer idade. A nossa vida faz destas pessoas a nossa família e, por isso, a nossa reverência a todos que partiram. Tenho certeza que viraram purpurina para brilhar muito e nos dar muita sorte”, afirmou Lucio Mauro Filho.