Sensorial, poético, diferenciado: vem aí “Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical” e a gente entrega detalhes no ritmo do Expresso 222. Vem, agora, vem!


Nenhum ator específico será responsável por interpretar Gil, já que o musical não tem personagens fixos. E mais: tudo foi dividido em 11 temas que passarão pelo sertão, Tropicália, negritude, ditadura, religião, tecnologia e a fase zen de Gil

São 50 anos de uma carreira consagrada por muitos sucessos (“Drão”, “Vamos fugir” e “Toda menina baiana” ganharam fama em sua voz) e a comemoração não poderia ser mais adequada. É que Gilberto Gil será homenageado no espetáculo “Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical”, que estreia na próxima sexta-feira (18). No palco do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, oito atores-músicos multi-instrumentistas contarão a história do cantor e compositor atravessando toda a trajetória que o fez ser conhecido como um dos maiores nomes da música nacional e internacional. Para tanto, o autor e diretor musical do espetáculo, Gustavo Gasparani, estudou todas as letras, ouviu todos os discos e leu os livros publicados sobre Gil antes de lançar seu olhar contemporâneo às canções que refletem sobre a história da música nacional e do próprio Brasil como um todo. No palco, o time de atores que conta com Alan Rocha, Cristiano Gualda, Daniel Carneiro, Gabriel Manita, Jonas Hammar, Luiz Nicolau, Pedro Lima e Rodrigo Lima se revezarão para tocar, cantar e declamar trechos de 55 músicas de Gil em um musical que, atendendo o desejo do homenageado, não será biográfico. Aliás, vale ressaltar: nenhum ator específico será responsável por interpretar Gil, já que o musical não tem personagens fixos.

GilbertoGil00999

Elenco reunido (Foto: Páprica Fotografia)

O elenco, aliás, é bem afinado. Todos os atores já trabalharam juntos – também sob direção de Gustavo Gasparani – no espetáculo “Samba Futebol Clube”, que estreou em 2013 e rendeu 13 indicações aos prêmios Shell e Cesgranrio 2014. “São oito atores, mas sempre teve um nono elemento que é a nossa sinergia. Isso chegava às pessoas no ‘Samba Futebol Clube’ e fazia com que elas gostassem. E a gente imagina que no Gil vai ser ainda melhor, porque é uma obra muito rica”, disse Alan Rocha. Jonas Hammar, por sua vez, acredita que a cumplicidade antiga foi o grande diferencial na composição do novo musical. “Começamos muito mais soltos e muito mais criativos. Ficamos tão à vontade que não paramos de criar. Às vezes é preciso segurar as rédeas e o Gasparani é muito bom nisso”, destacou. A parceria do elenco com a equipe criativa também é destaque. Cristiano Gualda contou: “Nosso elenco é um grupo muito unido, com quem tenho muito prazer em trabalhar. Todos os criativos também são uma equipe de pessoas muito próximas, o que resulta num processo concentrado e respeitoso”.

DSC_7651

(Foto: AgNews)

Atuações à parte, “o poeta, a canção e o tempo” foram as palavras que nortearam o roteiro do musical, já que, apesar da maioria das músicas ter sido composta nas décadas de 60 e 70, continuam atuais. “Esse musical é uma colcha de retalhos de músicas que contam a história da obra do compositor e de como ela afeta e influencia a vida de todos nós. Ficção e realidade se confundem no texto”, explicou Gasparini, que, ao lado do diretor musical Nando Duarte, traduziu a musicalidade de Gil para o elenco que toca, canta, interpreta e dança. “Nem todos os atores são músicos profissionais, mas todos levam jeito, conseguem estudar um instrumento e aprender rápido. Foi um desafio porque precisava ser simples e funcionar no palco. O resultado final é incrível”, adiantou Nando. O coreógrafo e diretor de movimento Renato Vieira, que também esteve com os atores em “Samba Futebol Clube”, disse que, no espetáculo, seu trabalho homenageia as raízes brasileiras que já são destaque nas letras de Gil. “Tenho uma identificação muito forte com as músicas, sei todas de cor e vivi isso de maneira intensa durante o surgimento do tropicalismo. Gilberto Gil tem uma coisa de passado, presente e futuro em sua obra e esse futuro está na contemporaneidade do movimento”, analisou.

DSC_7661

A coletiva de imprensa da peça foi realizada em São Paulo (Foto: AgNews)

Para ficar ainda mais especial, a cenografia é assinada por Helio Eichbauer, o responsável pelos cenários dos shows do homenageado. Entre as referências à natureza, bambus, fundo azul e linha do horizonte, se destaca uma cruz assimétrica de LED onde cenas da vida de Gil e outras projeções são passadas no palco. A iluminação mistura luzes de musical, de show, de cena teatral e drama com assinatura cuidadosa do iluminador Paulo Cesar Medeiros.

DSC_7582

Os atores no palco (Foto: AgNews)

No mais, os atores e músicos não só interpretam no palco. Ainda no processo de criação, todos emprestaram relatos sobre a identificação pessoal com a obra de Gilberto Gil. “Eu falo em cena que meu pai ouvia muito o ‘Refazenda’, minha mãe me levou a muitos shows e, como violonista, sempre observei o modo como o Gil transformava o violão em um berimbau, com um swing que é só dele”, contou Rodrigo Lima, que considera um grande privilégio estar no musical. Pedro Lima, por sua vez, viu as músicas e suas letras despidas e o entendimento ficou ainda mais profundo. “Eu fui forçado a ouvir as letras do Gil despregadas da canção, da melodia. E o cara é danado! Ele encheu minha cabeça de minhoca, me fertilizou, cavucou, e agora eu estou brotando com um novo olhar para o mundo”, entregou.

DSC_7615

(Foto: AgNews)

O grupo ensaiou por apenas três meses para o musical que será dividido em 11 temas que passam pelo sertão, Tropicália, negritude, ditadura, religião, tecnologia e a fase zen de Gil. “Foi um trabalho intenso. Tiveram muitas músicas para a gente aprender, tocar e reproduzir com arranjos diferentes, nossa pegada e na nossa identidade”, analisou Gabriel Manita. Agora, prestes a subir ao palco, elenco e equipe são (ainda) mais apaixonados por Gilberto Gil e sua obra. “Eu acho que ele é mais do que um artista, é um guru que veio a esse mundo para trazer mensagens muito profundas, sublimes. E eu me sinto como um mensageiro nessa peça. É muito orgulho e, ao mesmo tempo, muita responsabilidade fazer parte dessa missão”, afirma Daniel Carneiro.

DSC_7631

(Foto: AgNews)

O diretor Gustavo Gasparini, por sua vez, foi além e contou: “Quis fazer um trabalho que fosse totalmente sensorial. É um espetáculo mais poético, diferente de tudo que já fiz. Espero que o público tenha a mesma experiência que a gente teve ao mergulhar no universo de Gilberto Gil”. Vai ser odara, como diria um bom baiano.

DSC_7685

(Foto: AgNews)

Serviço:
Período: 18 de março a 15 de maio de 2016
Horários: Quinta e Sexta às 21h; Sábado às 18h e 21h30; Domingo às 18h
Local: Teatro Procópio Ferreira (Rua Augusta, 2823 – Jardins, São Paulo)
Duração: 105 min
Capacidade: 636 lugares
Preços dos Ingressos: Setor 1 – R$120,00; Setor 2 – R$50,00. Vendas pela bilheteria do teatro ou no site www.ingressorapido.com.br. Mais informações no telefone (11) 3083-4475.
Classificação: 12 anos

Blocos temáticos
1) Abertura – O compositor me disse
2) Impressões à beira do cais
3) E o mar virou sertão
4) Os anos de chumbo e a Tropicália
5) A paz invadiu o meu coração
6) Negritude e fé – a Refavela
7) Negritude e fé – o canto dos orixás
8) A raça humana – dois mil e Gil: uma odisseia no espaço
9) O poeta, a canção e o tempo
10) Refestança – Gil de todos os ritmos
11) A lata do poeta – metáfora