Focado na tolerância e no respeito às diferenças, espetáculo “Tudo ao Contrário – a cena em prol da vida” apresenta artistas em números com gêneros invertidos


Ao lado de Reiner Tenente, João Fonseca assina a direção do musical que já está em sua segunda edição no Brasil. No palco, um elenco estelar interpreta grandes clássicos nacionais e internacionais sob outra perspectiva e totalmente livre de preconceito. “Não existe medo, estamos todos animados e engajados no propósito do espetáculo”, disse o diretor

Focado na tolerância e no respeito às diferenças, espetáculo "Tudo ao Contrário - a cena em prol da vida" apresenta artistas em números com gêneros invertidos

E se grandes clássicos das artes interpretados por mulheres ganhassem uma boa dose de testosterona? Ou se tradicionais personagens mudassem de gêneros e fossem interpretados sob a ótica feminina? É isso o que o espetáculo “Tudo ao Contrário – a cena em prol da vida” vai apresentar nesta terça-feira, 23, no Teatro Riachuelo. Com bilheteria revertida para a Sociedade Viva Cazuza, o musical dirigido por João Fonseca e Reiner Tenente é uma produção brasileira do original “Broadway Backwards”, evento anual que reúne diversos artistas e números musicais com gêneros invertidos nos Estados Unidos.

João Fonseca e Reiner Tenente são os diretores do espetáculo “Tudo ao Contrário – a cena em prol da vida” (Foto: Divulgação)

Por aqui, um elenco estelar já está confirmado para esta segunda edição do espetáculo “Tudo ao Contrário”. Entre os artistas que subirão ao palco do Teatro Riachuelo hoje à noite, estão Tiago Abravanel, Soraya Ravenle, Emílio Dantas, Ícaro Silva e outros. Empolgado com mais um ano de seu projeto que celebra a diversidade, o diretor João Fonseca contou que o propósito deste encontro é refletir a liberdade e a tolerância. “Nós queremos fazer com que as pessoas enxerguem com mais naturalidade a diversidade de gênero e, assim, estejam preparadas para aceitar tudo. Cada um precisa se sentir livre para o ser que quiser ser e os outros precisam apenas respeitar as diferenças. Então, o espetáculo prega a tolerância de maneira divertida e sem que haja um discurso educador”, explicou.

Ícaro Silva e Reiner Tenente na primeira edição do espetáculo em 2016 (Foto: Leonardo Torres)

Depois de receber incentivo até dos produtores norte-americanos da Broadway para montar a versão brasileira do espetáculo, João Fonseca considera a apresentação uma grande confraternização entre amigos. Assim, de maneira leve e bem-humorada, o diretor acredita que conquiste o objetivo do espetáculo de ampliar os olhares sem estabelecer um discurso explícito. “No decorrer da apresentação, o público vai se envolvendo com a inversão de papéis e expandindo a mente sem nem perceber. E isso é muito bom porque, através da diversão, as pessoas vão tratando a questão com naturalidade, como é no musical e como precisa ser na vida. Afinal, é aquela velha história: ser diferente é normal. Todos temos peculiaridades e essas características só chegam para agregar à sociedade”, apontou João Fonseca que acrescentou que, para dias melhores, só precisamos de amor e respeito. “Independentemente da classe, cor ou credo”, concluiu.

Para este espetáculo, os diretores receberam incentivo até dos produtores da Broadway, responsáveis pela versão original do projeto (Foto: Divulgação)

Para contar essa história, o espetáculo “Tudo ao Contrário – a cena em prol da vida” reúne diversos clássicos da cultura mundial em seu repertório. Entre esses sucessos estão “A Ópera do Malandro”, “Les Miserables”, “Chicago”, “Moulin Rouge”, “Hair” e “Nine”. As princesas da Disney também não ficam de fora. “A Bela e a Fera”, “Cinderella” e “A Branca de Neve” são exemplos de números musicais do espetáculo dirigido por João Fonseca. “Nós tentamos achar apresentações que fossem populares, significativas e que pudéssemos explorar a ideia de inversão de gênero. Então, são personagens, contextos ou músicas feitas para homens ou mulheres que ganham nova forma em ‘Tudo ao Contrário’”, explicou o diretor que também destacou que respeita a sugestão e o repertório de cada artista convidado. “Nós sabemos que às vezes não dá para ensaiar algo novo e apenas adaptamos uma música que já é do repertório de determinado artista. Afinal, as pessoas que vão se apresentar estão sempre viajando, gravando e trabalhando em vários outros projetos”, completou.

Tiago Abravanel se apresentou no ano passado e volta ao palco para o espetáculo hoje à noite (Foto: Leonardo Torres)

E por falar no elenco luxuoso, João Fonseca definiu os artistas que se apresentarão nesta segunda edição do espetáculo como os verdadeiros protagonistas do projeto. No total, serão 26 números com 100 pessoas no palco. Em comum, todas elas estão contribuindo com o seu talento para uma causa que, além de expandir os olhares do público, também irá ajudar dezenas de crianças da Sociedade Viva Cazuza. Sobre a escolha do elenco, João contou que quantos mais amigos se juntarem ao projeto melhor. “No ano passado, quando fizemos a primeira montagem, chamamos os amigos mais próximos para mergulhar nessa ideia. Depois, e com ainda mais força este ano, outros artistas começaram a nos procurar querendo fazer parte também. Na verdade, nós queríamos ter sempre muito mais números, mas dependemos de diversos outros fatores, como agenda e compromissos dos nossos convidados”, disse.

Como dissemos, mais que um espetáculo musical engajado, “Tudo ao Contrário – a cena em prol da vida” também tem uma função social. Para João Fonseca, o fato de o musical ter a bilheteria toda doada para a Sociedade Viva Cazuza ajuda a potencializar o projeto e a valorizar a causa defendida. “Esse espetáculo é uma grande doação. As pessoas estão reunidas, dos artistas aos camareiros, para falar de amor, respeito e tolerância sem receber nada. Para mim, isso reforça ainda mais a importância desse espetáculo e tudo passa a fazer mais sentido. Não tem como não ficar tocado vendo essa quantidade de pessoas se despondo a ajudar o próximo. É muito bacana ver que a solidariedade que é nula em tantos momentos, aparece em situações assim”, comemorou.

Toda a renda obtida com a venda dos ingressos do musical será doada para a Sociedade Viva Cazuza (Foto: Divulgação)

No entanto, apesar de tanta energia boa que embala o projeto de João Fonseca e Reiner Tenente, o diretor reconhece que o assunto ainda é um tabu na sociedade contemporânea. Mesmo em 2017, João apontou que, embora maravilhoso, este é um desafio artístico em sua carreira. “Eu estou nessa profissão para ter experiências diferentes. Quanto mais inovador for um projeto, melhor. Afinal, quando a gente trabalha com o que ama, não nos importamos tanto com as dificuldades. Mas, de fato, estamos vivendo tempos esquisitos. Embora tenhamos progredido em alguns pontos, regredimos em muitos outros. Por isso, é importante bater nesta tecla e fazer espetáculos como esse. O Brasil ainda é muito conservador em algumas questões e precisamos mostrar a cara para ter resultados, tanto na política quanto na sociedade”, disse.

O diretor que também reconheceu a importância da super entrega profissional dos artistas de seu elenco. Segundo ele, não há qualquer problema por parte dos atores de interpretarem personagens de outro gênero, mesmo em tempos de intolerância. “Na minha carreira, eu venho percebendo que nenhum ator quer fazer um personagem muito simples. Todos nós gostamos de desafios e aventuras. Então, o fato de homens e mulheres interpretarem homossexuais é muito rico. E nenhum deles têm medo de ser visto de mal jeito ou algo do tipo. Não existe medo, estão todos animados e engajados no propósito do espetáculo”, contou animado o diretor João Fonseca.

Serviço: “Tudo ao Contrário – a cena em prol da vida”

Terça-feira, 23, às 20h30
Teatro Riachuelo – Rua do Passeio, 40 – Lapa
Preços: R$ 40,00 (plateia VIP, plateia e balcão nobre) e R$ 20,00 (balcão simples)
Classificação: 14 anos
Telefone: (21) 2533-8799