Depois de 20 anos, “5x Comédia” reestreia no Rio com Bruno Mazzeo, Fabíula Nascimento, Lúcio Mauro Filho, Debora Lamm e Thalita Carauta no elenco


Com direção de Monique Gardenberg e parceria de Hamilton Vaz Pereira, quem dirigiu as versões dos anos 1990, a peça estreia nesta quinta-feira. Para a diretora, os monólogos combinam o humor popular e o drama contemporâneo. “Esse é um espetáculo que lida com uma dramaturgia sofisticada que faz rir”

Um grande sucesso nunca é esquecido com o passar dos anos. Ele só deixa saudades. Por isso, a diretora Monique Gardenberg resolveu remontar o espetáculo “5x Comédia”, que teve três versões de sucesso nos anos 1990. No histórico, a peça contou com grandes nomes no elenco, como Débora Bloch, Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Claudia Raia, Diogo Vilela e Fernanda Torres. Desta vez, a versão 2016 apresenta artistas que são unanimidade na nova geração de atores que também gostam de fazer humor: Bruno Mazzeo, Fabíula Nascimento, Lúcio Mauro Filho, Thalita Carauta e Debora Lamm. Para a nova montagem que estreia nesta quinta-feira, 8, no teatro Oi Casa Grande, a diretora Monique Gardenberg contou com a parceria de Hamilton Vaz Pereira, que foi o responsável por dirigir as versões iniciais no passado. Alegre e ansioso para a estreia de “5x Comédia”, Hamilton relembrou como foi o convite da diretora. “O espetáculo surgiu nos anos 1990 e teve três montagens que foram dirigidas por mim. Semanas atrás, quase 20 anos depois, a Monique me ligou dizendo que ia retomar a marca e a estrutura de uma peça que fez muito bem às pessoas no passado e que queria a minha companhia nessa jornada. Eu me senti muito feliz e contente por ela lembrar de me convidar”, disse.

Monique Gardenberg e Hamilton Vaz Pereira (Foto: Andre Freitas/AgNews)

Monique Gardenberg e Hamilton Vaz Pereira (Foto: Andre Freitas/AgNews)

Apesar do resultado ter sido um sucesso, Monique admitiu que dividir a direção de um espetáculo não é uma tarefa nada fácil. “É uma missão quase impossível. São duas visões, maneiras e jeitos bem diferentes. Mas, ainda bem, nós nos descobrimos muito parecidos e acabamos nos complementando na direção da nova montagem de ‘5x Comédia’. Deu muito certo um convite que foi quase uma roubada”, confessou a diretora que ainda teve mais uma ajuda para levantar o espetáculo. Para a versão 2016 de “5x Comédia”, Monique Gardenberg também contou com um amigo para auxiliar na escalação do novo “5x Comédia”. “Eu fui um palpiteiro. Então, eu ajudei a Monique na escolha dos nomes dos atores e do time de autores. Mas ela sempre soube muito o que ela queria”, disse o ator Bruno Mazzeo.

Thalita Carauta, Lúcio Mauro Filho, Monique Gardenberg, Hamilton Vaz Pereira, Debora Lamm, Bruno Mazzeo e Fabiula Nascimento (Foto: Andre Freitas/AgNews)

Thalita Carauta, Lúcio Mauro Filho, Monique Gardenberg, Hamilton Vaz Pereira, Debora Lamm, Bruno Mazzeo e Fabíula Nascimento (Foto: Andre Freitas/AgNews)

O espetáculo “5x Comédia” consiste na combinação de cinco monólogos diferentes sem nenhum tema norteador. Porém, na versão 2016, por coincidência, alguns assuntos como o empoderamento feminino e a Peppa Pig – sim, o desenho da porquinha – aparecem em mais de uma apresentação. No fundo, apesar de todas as gargalhadas provocadas, os textos contados no palco são um drama da sociedade contemporânea. Mas não estranhe. Como Charles Chaplin já dizia, “o humor pode ser tudo. De vez em quando, é até engraçado”. Para a atriz Fabiula Nascimento, é, inclusive, papel do humor tratar de temas mais ácidos de uma forma mais leve. Ainda mais em tempos de crise. “O legal da comédia é que a gente pode falar de todos os assuntos e pode ter um resultado até mais rápido nas pessoas. Eu acho que através da graça, a gente consegue acessar esses espaços de uma forma melhor”, opinou Fabiula que teve o discurso continuado por Debora Lamm. “O humor coloca uma lente de aumento em determinado assunto e o espreme até que saia tudo sobre aquela temática. Normalmente, após isso, a gente chega, justamente, em um drama e em um discurso que fala sobre nós mesmos e o que nos agonia e precisa ser dito. Não necessariamente ele é triste. Mas ele não deixa de ser um drama”, completou Debora.

Elenco de "5x Comédia" (Foto: Andre Freitas/AgNews)

Elenco de “5x Comédia” (Foto: Andre Freitas/AgNews)

Diferente do que muitos pensam, o humor não precisa expor piadas a todo tempo fazendo as pessoas rirem do começo ao fim. Como destacou a diretora Monique Gardenberg, o espetáculo “5x Comédia” apresenta situações que trarão muitas reflexões. Sem abandonar a graça, claro. “Eu acho que muitas vezes existe uma tendência de o humor subestimar o público e achar que tem que dar tudo mastigado. Só que, a meu ver, o ‘5x Comédia’ nunca teve esse perfil. Esse é um espetáculo que lida com uma dramaturgia sofisticada que faz rir. É um humor que pode ser popular. Talvez, em alguns momentos, até tenha alguém que não entenda uma passagem. Mas isso não vai impedir que ele chegue em casa, dê um Google e compreenda a piada”, argumentou a diretora. E, mesmo com textos mais ácidos sobre os dramas da sociedade contemporânea, o caráter popular não perde espaço. Até porque, com um elenco de peso e que é adorado pelo público nos palcos, na TV e no cinema, isso fica um pouco difícil. “Nós temos artistas que são extremamente populares. Então, se nós já possuímos isso no nosso DNA, o bacana é, justamente, tentar oferecer um pouco mais que um humor escrachado. Aqui, a gente oferece uma dramaturgia nova de comédia brasileira”, concluiu o ator Lúcio Mauro Filho.

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Mas agora é hora de rir. Então, vamos aos dramas-cômicos. Em “5x Comédia”, Debora Lamm tem a fantasia ao seu lado. No papel de uma princesa contemporânea, a atriz interpreta um engraçadíssimo texto assinado pela escritora Julia Spadaccini. “Eu faço uma Branca de Neve que tenta ser moderna e se apropriar do discurso do empoderamento feminino e não alcança o objetivo. Ela foi criada há 100 anos e, por isso, não consegue se adaptar e se sente fora de moda e da popularidade”, contou Débora que assistiu às montagens de “5x Comédia nos anos 1990. “Eu lembro muito que quando eu fui ver, todo mundo já tinha amado e que eu estava ficando para trás. Eu ri demais”, relembrou.

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Já Bruno Mazzeo tem os dramas de um papai de primeira viagem como pano de fundo. No monólogo “Nana, nenê”, de Antonio Prata, o personagem sofre com as consequências dos métodos de acalmar uma criança e acaba sendo preso. “Ele é um pai de um neném de oito meses que chora sem parar. Então, ele e a mulher ficam em um conflito de como vai ser a educação dessa criança. Só que a escolha por um desses métodos acaba o levando para situações extremas. E mais do que isso é spoiller”, brincou. Vamos ao próximo!

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Só dela entrar em cena, a risada já está garantida. Com um figurino coberto de penas. Fabíula Nascimento é a “Arara Vermelha”. A partir da visão de uma ave revoltada, a atriz interpreta o divertido texto de Jô Bilac e mostra as frustrações do animal. “Ela é um bicho que veio contrabandeado do interior do Paraná e acaba vindo parar em um pet-shop em Curicica, no Rio.  Por estar há muitos anos vivendo nesta loja, ela está revoltadíssima com a chegada de um poodle que usa coroa de princesa. Ela acha isso um absurdo e acaba despejando toda a sua frustração nesse cachorrinho”, contou Fabiula.

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Em “Milho aos Pombos”, Thalita Carata dança e interpreta no papel de uma hilária figurante. No texto de Pedro Kosoviski, que teve colaboração de André Boucinhas, a atriz narra os dramas de uma mulher que acredita ter o dom artístico. “Coitada. Ela é uma figurante que foi incumbida de uma missão e não está conseguindo muito dar conta. É uma pessoa sem noção que ainda está tentando achar o que ela pode ter de melhor e qual o dom dela. Eu acho que a situação cômica dessa história é, justamente, uma pessoa sem muito pé no chão e que acha que dá conta de fazer um trabalho. Só que, definitivamente, ela não consegue”, adiantou.

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Por fim, Lúcio Mauro Filho interpreta o texto de Gregório Duvivier. Em “Regras de Convivência”, o ator é um homem que decide fazer um sexo grupal em casa e acaba se frustrando com o que é obrigado a protagonizar. “É um cara em um texto super popular que não consegue participar ativamente dessa suruba”, resumiu.

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