Chega aos palcos cariocas a adaptação musical de um dos maiores sucessos do cinema americano, Ghost – Do Outro Lado Da Vida


A peça já percorreu os palcos da Broadway e países como Inglaterra, Itália e China

O filme Ghost foi lançado em 1990 (Foto: Caio Gallucci)

Uma das cenas mais atemporais do cinema é quando Patrick Swayze se despede de Demi Moore e Whoopi Goldberg, pois sua alma está sendo convidada a descansar em paz. O emocionante final faz parte do filme Ghost – Do Outro Lado da Vida, de Jerry Zucker, cujo tema central da história é a vida após a morte. O casal principal, Sam e Molly, é forçado a se separar depois de um assalto que culmina no falecimento do rapaz. No entanto, sua alma continua na terra e procura impedir que a mulher sofra nas mãos de seu assassino. Para isso, Sam pede ajuda à única pessoa capaz de vê-lo, uma vidente chamada Oda que enganava seus clientes com deduções ilusórias sobre a vida. A adaptação para os palcos foi feita por Bruce Joel Rubin e estreou, pela primeira vez, em Manchester, Inglaterra, há seis anos. Desde então, o roteiro passou pelos teatros da Broadway, Itália, Coréia do Sul, Alemanha, China e Austrália. Recentemente, José Possi Neto ganhou a missão de dirigir a peça Ghost sob moldes brasileiros. O sucesso foi tão grande em São Paulo, que o musical chegou ao Teatro Bradesco no Rio. “Muito fiel ao filme, inclusive, com efeitos especiais que retratam a morte dos vilões e a passagem do protagonista. Para isso convidamos o técnico que levantou as cenas no musical da Broadway para nos ajudar e dar dicas de ilusionismo. Ele ficou um tempo aqui para que nós incorporássemos isso a nossa produção, internalizando dentro do espetáculo”, afirmou atriz e ex-participante do The Voice, Ludmillah Anjos que interpreta a icônica Oda Mae Brown. Como os efeitos especiais são a partir da perspectiva ilusionista, a atriz não pode revelar o segredo das cenas já que poderia afetar a visão de quem for conferir o espetáculo.

Ludmillah Anjos adicionou características do povo brasileiro a sua personagem (Foto: Caio Gallucci)

Ludmillah enfrenta na peça a difícil missão de superar Whoopi Goldberg como atriz coadjuvante. Em 1991, a americana ganhou o Oscar devido sua maravilhosa atuação que, para muitos, roubou a cena. “A Oda foi interpretada de forma única pela Whoopi Goldberg e trazer um lado mais brasileiro dessa mulher foi um desafio, mas tive ajuda do meu diretor amado José Possi Neto e coreógrafo Floriano Nogueira na composição dessa personagem. Eles me deixaram extremamente à vontade para que eu colocasse o que sentia nela. Foram me instruindo de maneira técnica e profissional, estava moldada ao que queriam, mas estava livre como atriz. Os trejeitos, a forma de andar, fui colocando conforme achava interessante. Foi um processo de criação enriquecedor e importante para que ela ficasse do jeito que está hoje”, relatou a atriz. Inclusive, para não se deixar influenciar pela narrativa de Whoopi, a brasileira parou de assistir ao longa-metragem na época que estava criando sua personagem. “Assisti muito ao filme na época dos testes, porque ter esse lado dela é importante já que a atriz conseguiu extrair uma personagem com uma linguagem corporal muito forte. Depois disso, cheguei a assistir também um musical da Broadway que teve. Mas depois parei, porque senti receio de não colocar um referencial meu dentro dela e, principalmente, brasileiro. Quero que as pessoas a associem a mulheres do seu circulo de amizades como, por exemplo, uma vizinha louca e escachada”, brincou Ludmillah.

O musical traz efeitos ilusórios para reproduzir as cenas do cinema (Foto: Caio Gallucci)

Assim como todos do elenco, a atriz participou de um extenso processo de seleção que definiu os atores que iriam participar da produção. “Soube da seleção a partir do meu amigo Tiago Abravanel e foram quinze dias de avaliações. No final, descobri que havia passado. Este conceito é muito bacana dos musicais porque todos passam por seleção e precisam ser aprovados”, relatou. Apesar de Ludmillah amar sua personagem, confessou que nunca havia passado por sua cabeça interpretá-la. “Tenho referências muito parecidas com as da personagem e quando soube que tinha a possibilidade de fazer ela, fiquei muito empolgada com essa perspectiva. Não era um objetivo da minha vida desde pequena, mas foi uma emoção quando descobri que seria ela”, relembrou.

Nos palcos, diversas icônicas cenas foram reproduzidas (Foto: Caio Gallucci)

Ghost foi o primeiro musical estrelado por Ludmillah. Apesar de cantar e atuar, ela nunca havia cogitado fazer os dois. Desde a estreia em São Paulo, esta já é sua segunda temporada protagonizando o espetáculo e, no hiato entre uma temporada e outra, ainda fez parte da peça Homem De La Mancha que também possui a mesma veia artística. “Adotei o musical para a minha vida. Como eu morava na Bahia, não tinha muitas referências do gênero lá. As produções são mais voltadas para o teatro em si, diferentemente de São Paulo. Em Salvador, me apresentava como atriz e em shows somente. Poder cantar e atuar, ao mesmo tempo, para mim, é mágico, porque são as duas coisas que mais amo fazer. É bom que nós estejamos visitando outros estados com essa peça, para mostrar ao Brasil esse estilo”, comemorou. Apesar de ter viajado com a peça, outros companheiros não tiveram a mesma sorte e não puderam participar da versão carioca. “Geralmente, quando existe uma turnê rola uma diminuição no elenco que foi o que aconteceu conosco. Os personagens principais se mantiveram, no entanto como existe uma equipe enorme por trás, algumas pessoas não puderam vir”, explicou.

(Foto: Caio Gallucci)

Atualmente, Ludmillah mora em São Paulo, mas viaja constantemente para o Rio devido ao compromisso com as apresentações. Estando em turnê com a peça a logística é um pouco diferente. É preciso criar uma estrutura para os atores viajarem a todo momento, o que resulta em uma verba ainda maior. “É muito difícil fazer uma grande produção como esta com a crise atual, é preciso ser muito guerreiro. Mesmo com toda esta questão política, falta de infraestrutura e diversas outras carências que o Brasil enfrenta, ainda existem parceiros que acreditam na cultura dos brasileiros e na educação na escola. Somente assim, conseguimos conquistar a tão almejada produção de um musical. Se não houvesse essas pessoas, seria impossível”, lamentou a atriz.

 

Serviço

Temporada – De 15 de setembro a 05 de novembro de 2017.

Horários: Sexta-feira – 21h, Sábados – 21h- Domingos – 17h30

Local: Teatro Bradesco – Shopping VillageMall – Avenida das Américas, 3900 – Barra da Tijuca
Rio de Janeiro

Duração: 2h30, com intervalo de 15 min

Capacidade: 1.060

Ingressos: de R$ 25 até 150 – Bilheteria do Teatro Bradesco ou www.ingressorapido.com.br

Classificação etária: Livre.  Menores de 14 anos, somente poderão entrar acompanhados dos pais ou responsáveis. Crianças até 24 meses de idade que ficarem no colo dos pais, não pagam.