Você precisa conhecer Anavitória, um duo do Tocantins que é a promessa da música jovem. Tiago Iorc já abraçou e aqui você entende o porquê!


Em entrevista ao HT, Ana Caetano e Vitória Falcão falaram do começo, de composições, futuro e até da geração careta: “É linda a quantidade de informação que temos, que pode ser, ao mesmo tempo, vazia”

*Com Lucas Rezende

Quem reclama que não há nada de novo no universo musical brasileiro ou é muito preguiçoso ou não tem uma boa conexão de internet em casa. Dia desses, por exemplo, a gente descobriu o duo Anavitória, de Araguaína, no Tocantins, e se apaixonou pela dupla que, apesar de ser do interior, faz música cosmopolita e pronta para ganhar o mundo com um gênero batizado Pop Rural.  “O nosso som é uma mistura de influências brasileiras. Acho que conseguimos mesclar o pop com a música de raiz, então o título encaixou, sabe? Ficamos muito satisfeitas de sermos definidas assim. E apesar do rural do título, acho que somos bem urbanas!”, contaram Ana Caetano e Vitória Falcão.unnamed (4)

Tão urbanas, aliás, que conseguiram, lá do Norte, se fazerem ouvidas no eixo Rio-São Paulo, por exemplo. Como? A internet, sempre ela, babies. “Nosso lançamento aconteceu em plataformas digitais, então, provavelmente, se não fosse pela internet não teríamos tido a oportunidade de dividir nosso som com tantas pessoas ao mesmo tempo, mas com certeza seria de outra maneira”, explicaram elas que, espertas, não abrem mais mão da conexão: “Somos bem ligadas com redes sociais e é muito bom o contato que podemos ter. Sempre respondemos o pessoal e essa troca é muito bonita”. E não falam da boca para fora: são quase 130 mil curtidas no Facebook.

Apesar desse timing todo para a web, foi no tête-à-tête que elas despertaram o lado musical que estava dentro delas para que tudo isso pudesse acontecer. Ana, apaixonado por seu estado, que carinhosamente chama de “Toca”, já nasceu com essa verve musical. Tanto que não lembra de um primeiro contato com a arte. “Minha mãe e meu irmão tocam violão e piano e lá em casa sempre tivemos a música muito presente. Acredito que quando meu irmão me ensinou os primeiros acordes no violão e pude criar uma melodia, me apaixonei. Isso se tornou parte da minha essência”, contou.

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Vitória não foi por uma rota diferente. Também em casa, dessa vez com o pai,  deu o pontapé inicial na música. “Fui uma criança que performava (ri). Fazia meu show no quintal, fosse para minha família ou para as plantas da minha mãe. Com uns 12 anos, eu comecei a cantar na igreja, e toda vida foi assim, qualquer roda de viola que eu estava perto, cantava”, lembrou. Dali, elas se conheceram ainda pequenas na escola, mas demorou um pouco até o duo se formar. “Há dois anos nos aproximamos muito. Me entendi com a Ana. A paixão que sempre existiu pulsou na nossa unidade, e a brincadeira de cantar juntas o dia todo…foi real”.

“No próximo semestre já vamos estar justinhas em São Paulo”, adiantaram ao HT. Mais próximas, as chances de continuar sedimentando a carreira só aumentam. O pontapé já foi dado com o single “Singular”, por exemplo. Composta por Ana, a música é um recado apaixonado: “É tão singular a habilidade que eu tenho em montar um arsenal de clichês pra te encantar na intenção de te fazer não esquecer (..)”. Se esse lado só love é algo também delas? “É a oportunidade de fazer o que faz os olhos brilharem, de trocar um pedacinho da nossa alma com as pessoas”, disseram.

A primeira pessoa na música não é à toa. O repertório, sem um processo de composição pré-determinado, é, segundo Ana, seu “diário comunitário”. “Só digo o que sinto. Seja de amor, de convivência, amizade, dia-a-dia ou qualquer outra coisa. Quero que a mensagem transmita algo bom para quem nos ouça, que as pessoas sintam boa energia, que tenham pensamentos positivos, que haja conexão e troca”, analisou. Focando nos jovens, seus companheiros de faixa etária, a dupla Anavitória tem uma responsabilidade: falar com um público cada mais vez refém de uma sociedade careta e podada. “É linda a quantidade de informação que temos, que pode ser, ao mesmo tempo, vazia. Eu e Ana conversamos muito sobre quem somos e como nossa mensagem atinge o outro de forma simples nas atitudes”, disse Vitória.

A tocantinense, ao mesmo tempo que é ciente da potência de sua voz, confessa não compreender toda a dimensão disso. “Não conseguimos explicar o que a gente vive. Lá para frente vão analisar nosso tempo e certeza que verão diferença. Constatamos mudanças significativas em relação a aceitação das pessoas, entendimento das imposições feitas a nós, bem como a liberdade pra discutir todo tipo de assunto”, garantiu ela, dando o papo de um comportamento ideal: “Ser como você quer ser, falar do que você acredita.  Se você é cheio de amor e bondade e de alguma maneira consegue passar isso, a ‘diferença’ vem de dentro para fora”.

Esperando a união do duo em São Paulo para pensar em novos rumos para a carreira, Ana e Vitória têm uma meta: cantar com Mallu Magalhães e Cícero. O que escreveriam para cantar com eles? Ana pensa, ri, e fala de amor, lógico. “Não costumo pensar sobre o que vou escrever… Provavelmente estaria nesses amores da vida e escrevendo sobre isso, para variar”. As meninas, que têm de Toni Ferreira a Arnaldo Antunes no play do iPod, já caíram nas graças de Tiago Iorc, que produziu o EP delas e ainda aplicou seu selo na indústria fonográfica, a Forasteiro. Aliás, o selo foi inaugurado com o duo. “Temos toda a gratidão por enxergarem algo que não víamos e depositado confiança, sabe? Tirado o sonho das nossas cabeças e colocá-lo em nossas mãos. Tiago foi essencial para montar o que todo mundo está recebendo tão bem hoje”, disseram gratas.

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