No Rio, Muse contagia o público com primeira apresentação solo na cidade e revive clássico dos anos 90 na setlist


Banda britânica divulga o álbum “Drones” e leva show repleto de hits para o HSBC Arena, provando que o rock de arena continua intacto após 16 anos de estrada

É preciso tirar o chapéu para a Muse: a banda acaba de desembarcar ao Rio para o seu quarto show no Brasil em menos de cinco anos e, ainda assim, conseguiu encher o HSBC Arena com sua primeira apresentação fora de um festival no Rio de Janeiro. Divulgando a turnê do último álbum, “Drones”, lançado ainda em junho, o grupo de britânicos reuniu um público formado basicamente por jovens entre 20 e 30 anos que, apesar do fanatismo e da empolgação, se mostrou mais animado durante os clássicos do que com as novidades.

Dos backdrops às letras das músicas, o espetáculo do Muse parece liderar um revolução, se não política e social, pelo menos de atitude e autoconfiança. O setlist já começa com três músicas do novo disco (“Psycho”, “The handler” e “Dead inside”), enquanto vídeos de mísseis, miras e perseguições passam ao fundo. Entretanto, apenas quando os riffs envolventes e a batida dançante de “Supermassive black hole”, lançada em 2006, entram em cena que o público tira o pé do chão pela primeira vez, em um movimento que se mantém ao longo da noite: cara de paisagem durante as novas faixas e êxtase unânime ao longo dos hits antigos.

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Apesar de terem tocado no penúltimo Lollapalooza e, anteriormente, nas edições de 2011 e 2013 do Rock In Rio, o ano passado não foi dos mais fáceis para Matthew Bellamy. Durante sua vinda ao Brasil, o vocalista da Muse precisou desmarcar um show em São Paulo fora do festival por complicações na garganta e, apenas alguns meses depois, se separou de Kate Hudson, com quem estava junto há cerca de quatro anos e tem um filho, Bingham. Logo, a expectativa para sua performance era grande e, de uma forma ou de outra, foi atendida: apesar de não interagir muito com o público além do “Obrigado” e “Boa noite”, Mat mostrou todo o alcance de seus vocais, mesmo que tenha deixado de se exceder nas músicas. Era como se ele cumprisse a tarefa de se igualar à versão gravada (por vezes, com menos potência do que a apresentada no estúdio), mas não se preocupasse em muitas firulas ou improvisos.

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Claro, os fãs não se importaram nem minimamente com isso. Muito pelo contrário: além de cantarem em uníssono outros hits como “Plug in baby”, “Madness” (responsável pela maior catarse coletiva da noite) e “Starlight”, ainda tiveram a deliciosa surpresa de uma promessa cumprida. Após a campanha realizada pelos “musers” em 2013 para que a banda tocasse “Muscle museum”, um dos primeiros sucessos do disco de estreia do grupo, a faixa finalmente foi incluída no setlist, após um solo de guitarra protagonizado por Matthew que seguiu “Hysteria”. A música, que não era apresentada ao vivo desde 2007, tem feito aparições ocasionais nos shows dos britânicos na atual turnê.

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Ao longo do espetáculo, ficou claro por que o Muse se mantém tão relevante mesmo com mais de 15 anos de carreira. Apesar dos pequenos deslizes vocais de Matthew, o britânico mostra um talento incomparável nas guitarras e no piano, assim como seus parceiros de grupo, Christopher Wolstenholme no baixo e Dominic Howard, responsável pela explosão sonora da bateria. Encerrando a noite ao som de “Knights of Cydonia”, que teve direito a chuva de papel picado e balões negros por cima do público, a banda provou que seu rock de arena continua tão contagiante quanto antes e que, mesmo vindo uma vez por ano ao Brasil, ainda proporciona um show que vale a pena.