Lançamentos musicais: Janet Jackson está em chamas com Missy Elliot, Chico Chico debuta na carreira artística, Florence + The Machine reimagina Justin Bieber


Dentre os outros destaques: Lorde mostra que cresceu ao lado do Disclosure, Miley Cyrus volta às baladas para a trilha de “Freeheld”, Selena Gomez não para de impressionar e Sophia Abrahão mostra seu potencial

Continuando o período de amadurecimento, as popstars gringas, representadas por Lorde, Demi Lovato, Selena Gomez e Miley Cyrus, mostram seus respectivos desenvolvimentos profissionais e pessoais, Janet Jackson continua reinando ao lado de Missy Elliott, enquanto, no Brasil, Chicão prova que tem talento de sobra com seu disco de estreia.

MUSICA

Janet Jackson feat. Missy Elliott, “BURNITUP!”: encontrar, em pleno 2015, uma artista que esteja à altura e em sintonia suficientes para colaborar com Janet não é tarefa fácil. Mas a parceria com Missy parece a saída mais coerente para tal charada, já que ambas reúnem anos de carreira, quebra de barreiras e excelência musical que atravessa décadas. O single, como é de se esperar, foi feito para incendiar as pistas de dança, mantendo a identidade de ambas e criando um som atemporal, que quando tocar em dez anos será tão viciante quanto hoje.

Miley Cyrus, “Hands of love”: enquanto Lady Gaga aborda o abuso sexual em campus universitários com o single “Till it happens to you”, para a trilha do documentário “The hunting ground”, Miley defende a sua própria causa, sobre a qual tem falado em todas as oportunidades que lhe são dadas – a liberdade sexual. A música foi selecionada como o tema oficial de “Freeheld”, filme estrelado por Julianne Moore e Ellen Page que tem mais cheiro de indicação ao Oscar do que um lençol usado por Meryl Streep. Na música, ela apresenta todo o seu poder vocal em uma balada que supre a necessidade de seus fãs por faixas emotivas desde que a popstar começou sua carreira como Hannah Montana, cantando sobre corações partidos, característica de sua versatilidade artística que atingiu seu ápice em “Wrecking Ball”. A faixa, diga-se de passagem, é assinada por um nome de peso: Linda Perry, responsável por incontáveis hits do pop desde os anos 1980, com destaque para “Beautiful”, o hino que transformou Christina Aguilera em ícone do público LGBT nos anos 2000.

Disclosure feat. Lorde, “Magnets”: continuando a temática de músicas com um significado mais profundo e social, o duo britânico se une à revelação neozelandesa para este que é consideravelmente o melhor videoclipe da carreira de ambos. Mantendo a temática noturna do álbum “Caracal”, a cantora aparece em uma versão completamente fresca e femme fatale, enquanto incorpora uma amante vingativa que, no final, se revela uma assassina justiceira que dá fim a um abuso doméstico de uma forma que deixaria Rihanna aplaudindo. O eletrônico minimalista e singular dos irmãos Lawrence chega em forma completa, potencializado pela voz anestesiada e a composição sempre surpreendente e cheia de referências da cantora de “Royals”, que sabe como ninguém traduzir os sentimentos da atual geração. Aos 18 anos, Lorde se mostra pronta para passar por uma metamorfose de adolescente a mulher em frente aos olhos do público, o que só faz aumentar a expectativa em torno de seu segundo disco de estúdio, ainda sem previsão de lançamento.

Demi Lovato, “Confident”: programada para ser o primeiro (e mais óbvio) single de seu próximo álbum, a faixa traz novamente a produção do gênio pop Max Martin, que parece não ter se esforçado muito dessa vez. O que não falta na música é ambição: dos trompetes iniciais (ah, o impacto de Florence Welch…) à forma como os vocais sempre poderosos de Demi são trabalhados, tudo remete a algo grandioso, como se anunciasse a nova fase adulta e sexualmente liberal da estrela. Por outro lado, os tambores lembram um pouco demais o instrumental de “Beautiful People”, do Marilyn Manson, que há apenas dois anos foi usado como sample por Kanye West em “Black Skinhead”. A letra traz a mesma lenga-lenga que Demi vem anunciando em todas as entrevistas dessa nova era, sobre como está mudada, crescida, autoconfiante e empoderada, algo que poderia ser apresentado de forma mais sutil. Os estalos da ponte enquanto a cantora pergunta “O que há de errado em ser confiante?” dão um toque mais sensual à música e, dependendo do vídeo, há aqui um potencial de hit.

Selena Gomez, “Me & The Rhythm”: faltando menos de uma semana para o lançamento de seu álbum “Revival”, a ex de Justin Bieber mostra novamente que não está de brincadeira na disputa para nova suprema do pop vinda da Disney. Voltando levemente às raízes de seu primeiro disco “adulto”, “Stars Dance”, Selena apresenta uma midtempo dançante, que parece o casamento perfeito entre Kylie Minogue e Janet Jackson, unindo o melhor desses dois mundos.

Sophia Abrahão, “Náufrago”: um dos maiores fenômenos para o público teen contemporâneo, Sophia lançou nesta semana o vídeo da balada com pegada sertaneja e, claro, ficou lá nos assuntos mais comentados do Twitter por algumas horas. Linda como sempre, a cantora e atriz não explora todo o seu potencial nem na faixa nem no vídeo, mas mostra que tem capacidade para ir muito mais além e sair do terreno comum. Basta querer.

Chico Chico, “2×0 Vargem Alta”: depois de rodar alguns bares da noite carioca com canjas aqui e ali, Chicão, Chico Chico ou Francisco Ribeiro Eller, faz jus ao sobrenome e lança um álbum basicamente acústico, mostrando que aos 21 anos tem um timbre tão parecido com o da mãe que chega a arrepiar os pelos da nuca. A ferocidade com que ataca o violão e entoa alguns versos também lembrar a fúria de Cássia Eller nos palcos e não há sombra de dúvida de que o garoto tem potencial, tanto para seguir os passos da mãe quanto para trilhar seu próprio caminho na música nacional. Ouça Folhas da Praça Paris.

Florence + The Machine, “Where are ü now?”: essa é para adicionar à lista de covers clássicos e atemporais que a BBC tem proporcionado aos fãs da boa música por anos. Florence Welch reimagina de forma melancólica e assombrosa a colaboração de Jack Ü (Diplo + Skrillex) com Justin Bieber, com uma produção que remete ao The XX e aqueles vocais retumbantes que, ah… Dá o play aí!