Isabella Taviani lança álbum em homenagem à dupla norte-americana The Carpenters e conta ao HT: “Não tenho nenhum incentivo fiscal”


Para a artista, não há recompensa financeira maior do que realizar um sonho de infância. “Não há conta bancária no “azul” que substitua a sensação de flutuar no palco e emocionar tanto tanta gente”

Isabella Taviani lança novo álbum com os sucessos da dupla norte-americana The Capenters (Foto: Daryan Dornelles)

Isabella Taviani lança novo álbum com os sucessos da dupla norte-americana The Capenters (Foto: Daryan Dornelles)

Qual o preço para realizar um sonho? Para a cantora Isabella Taviani é inestimável. A artista que acaba de gravar o álbum “Carpenters Avenue”, em homenagem à dupla norte-americana The Carpenters, contou ao HT que não teve nenhum tipo de incentivo fiscal para esse trabalho. “Todo o projeto Carpenters Avenue é bancado pela bilheteria. Fizemos um financiamento coletivo para poder ajudar nos custos do disco”, disse. E não é só. Isabella, que já teve cinco sucessos emplacados em novelas da Rede Globo, precisou abrir mão de um outro sonho para que pudesse seguir neste projeto na carreira musical. “Eu vinha economizando para construir meu sítio no sul de Minas Gerais e esse plano se foi. Agora eu só penso em trabalhar muito para me preparar para o futuro, cada vez mais difícil, que nossa MPB enfrenta. Mas depois de algum tempo de carreira a gente descobre que não há dinheiro que pague o êxtase que você sente ao cantar um repertório tão impecável e aclamado como este. Não há lucro que dê mais alegria do que receber uma unanimidade de críticas positivas. E nem há conta bancária no azul que substitua a sensação de flutuar no palco e emocionar tanto tanta gente”, explicou Isabella.

No álbum “Carpenters Avenue”, Isabella Taviani ainda conta com a presença da cantora norte-americana Dionne Warwick na música “Close to You” – uma das mais conhecidas da carreira da dupla e que já tinha sido sucesso por aqui na voz da brasileira. “Convidei Dionne porque, para mim, ela representa a Karen Carpenter (1950 – 1983) neste trabalho. Elas eram amigas muito próximas. Foi a maneira que encontrei de homenagear meu ídolo”, afirmou ao HT. Durante a convivência com Dionne, Isabella nos contou que aprendeu a exercitar mais a concentração e a ser mais exigente com os profissionais que a cercam. “Ela não sobe no palco para passar o som enquanto tudo não está perfeito. Isso parece ser uma coisa simples ou essencial, mas na verdade, muitas vezes ensaiamos quando ainda não está tudo alinhado e afinado. Com isso, acabamos nos desgastando muito. Essas pequenas atitudes profissionais me ensinaram muito. Dionne é uma estrela, sim, mas ela é simples, sem rompantes de estrelismo. É aí que reconhecemos uma verdadeira dama da música”, argumentou a brasileira.

Essa vontade em homenagear os ídolos, aliás, surgiu de uma paixão bem antiga. “Aos sete anos de idade eu ouvi pela primeira vez e me apaixonei pela canção ‘Only Yesterday’. Nunca mais consegui parar de escutar Carpenters. A voz da Karen sempre foi a maior referência da minha vida. Era um timbre aveludado e grave, mas ao mesmo tempo com leveza, simplicidade e carregada de sentimentos profundos”, relembrou a artista, que considera um “privilégio” poder viver do que mais gosta de fazer: a música.

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A cantora abriu mão de sonhos pessoais para que conseguisse realizar o projeto que não teve nenhum incentivo fiscal (Foto: Daryan Dornelles)

Além das dificuldades financeiras que enfrentou para realizar o projeto, Isabella Taviani destacou outros dois pontos complicados desse processo: conseguir a liberação da autorização, o que atrasou o lançamento do disco, e a seleção das músicas. O repertório do álbum, que tem 14 faixas, foi escolhido “a partir do coração” da artista. Inclusive, ela precisou deixar sucessos como “Yesterday Once More”, “Top of The World” e “Sing” somente para os shows. Fora isso, Isabella falou ao HT sobre a linha tênue que enfrentou ao decidir como seriam as interpretações das canções da dupla The Carpenters. “Não queria fugir tanto do original porque as pessoas querem ouvir aquela maneira de cantar, aquele arranjo, às vezes até os mesmos solos de instrumentos que já fazem parte da memória que todos temos destas canções. Eu precisei encontrar o limite e a forma de inserir a Isabella no meio disso tudo. Não podia virar um cover apenas, e sim revisitar esse repertório respeitando-o e trazendo novos ares bem sutis. Enfim, uma dureza, mas acho que alcançamos nosso objetivo”, disse a cantora.

Em turnê com o novo disco, Isabella diz que ao viajar pelo nosso país não sente mais orgulho em afirmar que é brasileira, e sim vergonha. “Me preocupo muito com a nossa moral nesse momento que estamos vivendo. Falta honra, educação e dignidade”, afirmou a artista. Isabella Taviani também tem outro posicionamento decisivo na nossa sociedade atualmente: a artista é assumidamente gay. Sobre a sua orientação, a cantora comemora que a relação com seu público não tenha alterado depois de se abrir. “Acho que, neste ponto, muitas mudanças aconteceram. Não gosto e não tenho nenhuma intenção de segmentar o público. Eu acho que guetos não deixam a gente viver todas as experiências que a vida nos proporciona”. E completou mandando um recado muito importante e necessário em tempos de crise geral: “Lembrem-se que o mundo precisa, urge, implora por mais amor”! Concordamos com ela, né leitores?

“Lembrem-se que o mundo precisa, urge, implora por mais amor” (Foto: Daryan Dornelles)

“Lembrem-se que o mundo precisa, urge, implora por mais amor” (Foto: Daryan Dornelles)