Exclusivo! Marcelo Jeneci prepara terceiro disco de inéditas e dispara: “Acho muito radical e violenta a maneira como essa Olimpíada está sendo construída”


Cantor, que se apresenta de graça no próximo dia 26 de julho, na praça de alimentação do Botafogo Praia Shopping, comenta mudança para o Rio: “Na verdade eu comecei a viver um grande amor aqui”

Um dos maiores nomes da nova safra da MPB, Marcelo Jeneci teve seus primeiros contatos com a música com seu pai, que trabalhava consertando equipamentos eletrônicos e instrumentos em geral. A partir dali, aquele menino nascido em 7 de abril de 1982, na Zona Leste de São Paulo, mal poderia imaginar que arrebataria toda uma nação com suas canções carregadas de emoção e ainda seria indicado ao cobiçado Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, com o disco “De Graça”. Hoje, depois de seis anos de uma carreira solo bem-sucedida, o cantor, compositor e multi-instrumentista, que acaba de se mudar de mala, cuia e acordeon para a Cidade Maravilhosa, se prepara para lançar seu terceiro CD. Após a gravação do programa Faro MPB, que vai ao ar nesta quinta-feira, à meia noite, na rádio MPB FM, comandado pela nossa colunista Fabiane Pereira, o cantor adiantou, com exclusividade ao HT, detalhes sobre o show que fará – em parceria com o Faro MPB – na praça de alimentação do Botafogo Praia Shopping ainda no final deste mês, no dia 26 de julho, às 19h30 – de graça. Vem que a gente te conta tudo o que rolou nesse papo!

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Marcelo Jeneci e Fabiane Pereira (Foto: Bárbara Vianna)

Só neste ano, Marcelo tem se dividido em três projetos diferentes em cima dos palcos. Às vezes se apresenta ao lado de Regis Damasceno e Laura Lavieri – companheiros inseparáveis de banda, outras no show voz e piano e, se não bastasse, ele ainda se diverte em uma turnê ao lado da amiga e também cantora Tulipa Ruiz. “Para esse show em Botafogo, que eu terei o maior orgulho de fazer, eu vou me apresentar com o trio, que na verdade sou eu, Regis e Laura, que está comigo desde o começo deste sonho. Vai ser uma versão que pega músicas dos dois discos já conhecidos do público e ainda algumas outras inéditas que estarão no meu terceiro trabalho. Mais do que um show do ‘De Graça’, vai ser uma celebração do que a gente tem vontade de tocar e do que o público espera o que a gente toque”, adiantou ele, já contando novidades de seu próximo registro de inéditas.

Marcelo Janeci (Foto: Divulgação)

Marcelo Janeci (Foto: Divulgação)

“O terceiro disco vai ser o terceiro capítulo de um mesmo livro. Acho que em um momento em que eu completei duas turnês e dois discos, e ainda tendo passado pelo fantasma do segundo trabalho, que é quando você deixa de ser novidade e se firma no mercado, esse trabalho me coloca em um lugar de uma tranquilidade maior do que eu tive no anterior para trazer um recado muito consistente com o que eu sinto, eu vejo, sofro, alegro… Com certeza ele virá de um lugar muito honesto e muito tranquilo”, disse ele. “Ainda é difícil dizer sonoramente para onde ele vai, mas é para dentro do Brasil que eu estou indo”, avaliou. O disco, que ainda segue sem título, tem previsão para ser lançado no primeiro semestre de 2017, entre os meses de março e abril.

Laura Lavieri e Marcelo Jeneci (Foto: Divulgação)

Laura Lavieri e Marcelo Jeneci (Foto: Divulgação)

Para Jeneci, o ditado “o amor move montanhas” é coisa séria. Tanto que, recentemente, o cantor de sucessos como “Pra Sonhar”, “Felicidade” e “O Melhor da Vida” fez as malas e mudou-se para uma casa no Alto da Boa Vista, aqui no Rio de Janeiro, onde, segundo ele, tem maior contato com a natureza e a paz de espírito. No entanto, por trás disso havia um motivo ainda maior: seu relacionamento com a artista plástica carioca Mana Bernardes. “Na verdade, eu comecei a viver um grande amor aqui com a Mana e a gente se deu conta de que seria inevitável morar juntos e que não daria para cada um morar em uma cidade. Ao mesmo tempo, eu já estava pretendendo sair de uma situação muito urbana que eu vivia lá em São Paulo e ir para uma vida um pouco mais bucólica, mais rural, como a gente está ali na Floresta da Tijuca”, contou ele, que comentou sua relação com a natureza. “Eu já tinha esse desejo profundo de me basear em um lugar mais propício a fazer uma conexão com macrocosmos e o microcosmos e a estrutura de todas as coisas que estão dentro da gente em relação à natureza”, disse, ressaltando a sedução da urbe.

Mana Bernardes e Marcelo Jeneci (Foto: Instagram)

Mana Bernardes e Marcelo Jeneci (Foto: Instagram)

“Eu tenho morado na cidade onde o mundo passa férias. Toda hora a cidade me surpreende com essa exuberância e essa beleza insuperável. Não tem nenhum outro lugar do mundo onde a gente encontre uma cidade marítima assim. São rochas imensas por todo o lado, uma temperatura maravilhosa e uma Mata Atlântica gigantesca. Além do fato do Rio misturar bastante todo mundo. Eu acho isso muito legal: essa mistura das comunidades e a galera mais elite fazendo parte do mesmo lugar e todos vivendo as mesmas alegrias e as mesmas tensões”, ponderou o cantor.

Mas será que essa mudança vai se refletir na arte do músico e compositor? Ele acredita que sim. “Mudar de cidade faz com que a gente mude o ar que o pulmão recebe. Muda o olhar, o jeito, a música… O ângulo de visão se amplifica, mas com os pés fincados do Rio e o olhar para o infinito se reverbera em música. E na hora de criar um disco ou criar algo muito verdadeiro é bacana que a gente mantenha esta honestidade com o momento que a gente está vivendo e a nossa totalidade. Essa mudança tem agregado muita coisa em mim”, completou.

Já imerso no lifestyle carioca, Marcelo Jeneci tem observado que este não seria o momento ideal para a realização dos Jogos Olímpicos na cidade. Com menos de um mês para a Rio 2016, o cantor disse que o formato em que o evento está sendo construído não o agrada. “Na verdade eu estou bem chateado. Acho muito radical, violenta e descarada a maneira como essa Olimpíada está sendo construída: passando por cima de muita gente, derrubando valores humanos, violentando muitas família e colocando a parada de cima para baixo. Eu não tenho nenhuma vontade de comemorar isso que está acontecendo. Durante os jogos eu vou ficar isolado. Enquanto não passarem as Olimpíadas e a era Sérgio Cabral eu vou ficar em casa. Só vou sair se for para quebrar algum silêncio importante”, apontou ele, que, recentemente, postou uma foto em seu Instagram comemorando a pré-candidatura de Marcelo Freixo à Prefeitura da cidade.

Muito lúcido quando o assunto é política e sociedade, ele afirma que o processo referente à casação do mandato da presidente afastada Dilma Rousseff configura golpe. “Acho que o Brasil está passando por um momento que precisa ter um reencantamento com a política e ser reacendido dentro do coração de cada jovem, de cada mulher, de cada homem, porque somos nós aqueles por quem estávamos esperando. O poder de resistência e de valorizar a dignidade humana está em nós. Não dá para ficar em silêncio diante das injustiças. É hora de peitar, porque se o corpo é feito de muito gente, não há quem segure a nossa voz”, disse.

“Há muitas críticas ao PT e ao o que aconteceu no governo Dilma e no governo Lula, mas também tem muito pontos positivos, que eu gosto muito, de como o Brasil cresceu socialmente e muitas pessoas saíram da condição de miséria e ganharam condições de consumo ou de estudo em universidades, que há dez anos não era possível. Não dá para aceitar essa troca de governo da maneira que foi que para mim é um golpe é um roubo e uma jogada errada, que acaba despertando um novo exército que é movido pela vontade visceral de revolução que a gente tem sentido com tanta injustiça”, explicou ele.

Política à parte, e voltando aos trabalhos musicais do cantor, Marcelo acaba de emplacar mais uma canção em trilhas sonoras de novelas da Globo. Depois de “Quarto de dormir” em “Lado a Lado” (2012), “Feito para acabar” em “Flor do Caribe” (2013) e “Um de Nós” em “Em Família” (2014), a interpretação de “Veja (Margarida)”, que embala a trama “Velho Chico”, também marca sua primeira regravação de uma música não composta por ele. “Eu adorei ter feito essa versão do Vital Farias, porque a gente está vivendo um momento em que a gente precisa se encantar com o Brasil. Essa música ela é de um Brasil profundo, ela vem desse lugar. Ter gravado essa canção para essa novela que valoriza e chama a atenção para que a gente olhe de novo para nossas riquezas foi incrível. Me ofereceram o que eu mais desejei: dar visão a essa cultura linda que a gente tem. Ter feito a versão dessa música foi um presente”, disse.

O cantor e compositor tocando piano em um show (Foto: Divulgação)

O cantor e compositor tocando piano em um show (Foto: Divulgação)

Mesmo com todos o projetos em voga, Marcelo ainda tira um tempinho de sua agenda concorrida para manter uma turnê, de sucesso com a colega superpremiada Tulipa Ruiz. O trabalho ganhou forma com o lançamento da música “Dia a Dia, Lado a Lado”, sucesso absoluto nas plataformas musicais de todo o país. “A gente é muito fã um do outro, não só na música, mas também da pessoa. Acho ela maravilhosa, inteligente, bem-humorada e também tem uma voz que tem a ver com o espírito dela, que também é de quebrar o silêncio e de avançar com o povo nessa jornada da vida. A gente conviveu bastante em São Paulo enquanto cada um preparava o seu primeiro disco, mas a gente compôs essa canção para dividir um show. Resolvemos fazer um vídeo, que foi ganhando milhões de visualizações e, depois de seis anos, cada um no seu rolê, a gente resolveu fazer essa turnê e tem sido maravilhoso. Hoje essa música não pode ficar de fora de show nenhum”, completou ele. Sorte a nossa.