Paulo Ricardo fala sobre participação no Show dos Famosos, saudosismo e vontade de atuar: “Depois dessa experiência, aceito até fazer papel de mulher”


O cantor está participando do quadro do Domingão do Faustão, Show dos Famosos. No programa, ele tem o dever de homenagear grandes nomes da música nacional e internacional. Ele contou que não tem medo das críticas e o desafio deixa a experiência ainda mais legal

Estar aberto a críticas nunca é fácil, mas o cantor Paulo Ricardo resolveu aceitar o desafio que recebeu da Rede Globo e participar do Show dos Famosos e homenagear grandes nomes da música nacional e internacional ao interpretar apresentações icônicas destas pessoas. A ideia é se parecer o máximo possível com cada ídolo. Mesmo com uma carreira consolidada, ele resolveu encarar a competição que será julgada pelo público e por jurados. Precisei abrir um espaço na minha agenda e sair completamente da zona de conforto, me expondo na pele de outro personagem. Por mais que eu tenha a liberdade de sugerir quem vou interpretar, este está sendo um trabalho inédito para mim. É como se fosse o Michael Jordan, o fato de ele ter jogado basquete muitos anos e ter sido campeão, não quer dizer que ele vai chegar no beisebol e vai arrasar. A gente sempre fica preocupado se vai corresponder às expectativas, porque ao trabalhar com a comunicação de massa, você é sempre alvo de muitas críticas, principalmente o pessoal do rock. Estou acostumado a ouvir muitos julgamentos, afinal faço o tema musical do Big Brother Brasil, um programa que sofre muitas críticas de todo lado”, afirmou. Ele irá competir com outros sete participantes conhecidos e adorados pelo público como Alessandra Maestrini, Helga Nemeczyk, Mumuzinho, Naiara Azevedo, Sandra de Sá, Silvero Pereira e Tiago Abravanel.

De ontem na @redeglobo #ShowDosFamosos #Domingão

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Site Heloisa Tolipan: Estar no Show dos Famosos é um grande risco e uma exposição. Por que resolveu participar do programa?

Paulo Ricardo: Todos nós, quando éramos crianças, víamos um artista na TV e queríamos ser eles. Estou tendo a oportunidade de realizar alguns dos meus sonhos de infância, junto à estrutura da terceira maior emissora do mundo. Isso é incrível. É esse tipo de desafio que motiva a gente. É muito fácil a carreira cair numa repetição de coisas depois de certo tempo, porque a pessoa grava um CD, faz um novo show, vai para a turnê, faz a divulgação, grava um clipe, grava um DVD e continua o ciclo. O Show dos Famosos me dá a oportunidade de repensar a minha carreira e ampliar meus horizontes. Os desafios são muitos, mas são eles que tornam o projeto rico, interessante.

HT: Qual a importância de participar deste quadro?

PR: Eu cresci assistindo programa de auditório. O artista para mim era aquele cara que ia ao programa do Chacrinha e queria ser aquilo quando era pequeno. Não queria escrever um livro ou algo complexo, a minha ideia de sucesso era cantar naqueles shows.  Eu tive esse privilégio de conviver com o Chacrinha, um gênio da comunicação e da estética. Com ele, percebi que a melhor coisa é ser popular, porque quem não consegue isto em algum momento fica muito frustrado. Quando o artista faz uma manifestação artística e cultural, escreve um livro, apresenta uma peça ou grava uma música, ele quer que aquelas ideias cheguem até o público.

Silvero Pereira, Naiara Azevedo, Sandra de Sá, Paulo Ricardo, Helga Nemeczyk, Mumuzinho, Cris Gomes, Tiago Abravanel e Alessandra Maestrini são as caras da nova temporada do Show dos Famosos (Foto: Divulgação)

HT: Os bastidores do Show dos Famosos conta com uma equipe enorme como caracterização, figurino, preparação vocal e preparação gestual. Todos estes profissionais pesquisam muito sobre as personalidades que serão homenageadas antes de criar qualquer coisa. Como é ter tantas pessoas capacitadas ao seu redor trabalhando junto?

PR: Estar em uma equipe e produção desse porte é o sonho de todo artista. Isso aqui é a Broadway e Hollywood. Se é para fazer uma coisa dessas que seja da melhor maneira possível, com o maior cuidado, o maior apuro e a maior sofisticação possível. É um desafio que, com certeza, vai ser um marco na carreira de todo mundo aqui. Muitas coisas podem acontecer daqui para frente.

HT: Você é um cantor que já tem muitos anos de carreira e por consequência um público consolidado. Durante esta trajetória, já tinha pensado em fazer alguma coisa que unisse interpretação com música?

PR: Tenho projetos para um musical, já tive convite para fazer parte de um. Além disso, me comunico com a atuação, já fiz uma novela em 2003, Esperança, que foi um projeto incrível que adorei.

HT: Você já fez uma novela quando era mais novo. Se a Globo fizer uma proposta para participar de uma teledramaturgia, aceitaria?

PR: Depois dessa experiência e de conviver com essas pessoas, eu aceito até fazer papel de mulher.

HT: O intuito do Show dos Famosos é homenagear outros artistas, tentando chegar o mais próximo possível daquela personalidade. No entanto, existe espaço para colocar um pouco da sua essência na performance?

PR: Nós somos um intermediário entre o público e a canção. Sendo o profissional o próprio compositor da música, é preciso filtrar a sua personalidade, emoção, maneirismos e todo o processo consciente nessa entrega da canção. Com anos de carreira, a pessoa vai enxugando, porque menos é mais. Vai procurando passar a canção até que não exista nenhuma interferência entre você, o público e a canção. É óbvio que vou chegar lá com a minha experiência, ela vai me ajudar na hora de me dar mais segurança, firmeza, tranquilidade e, claro, é a minha voz. Por mais que procure emular a voz do homenageado, no fim das contas vai ser a minha. Eu acho que o que a gente traz no fundo de toda a caracterização é a voz da gente, isso aí é muito forte e pessoal.

Paulo Ricardo afirmou que a participação no programa está sendo algo diferente na sua vida (Foto: Divulgação)

HT: Este ano você vai completar 56 anos de sucesso e muita música boa. Tem saudade de alguma época da sua vida?

PR: Não. Eu estou sempre olhando para frente, eu não tenho saudades dos anos 80. Fui protagonista daquele período incrível da explosão do rock brasileiro, realmente foi uma festa, uma grande euforia e um grande privilégio estar ali. Todas as bandas do Rio e de São Paulo se encontravam no Chacrinha aos sábados, era uma loucura e uma pena que não existam mais espaços como esse. Mas o fato é que passou. Estou preocupado com o meu próximo ensaio, para sempre fazer mais e melhor.

HT: Atualmente, vemos que as pessoas estão cada vez mais intolerantes, gritando mais do que escutando. Enquanto isso, o público tem visto cada vez mais outro lado do Paulo Ricardo que é engraçado e divertido. Como está sendo mostrar esta sua característica para a galera?

PR: A nossa geração veio de um período de ditadura, no qual tínhamos uma mensagem séria para passar, que era importante para o nosso país. Havia muito receio em falar a coisa errada, mas o nosso objetivo era que a mensagem fosse levada a sério, até para nos diferenciar de algumas outras bandas mais bem-humoradas. O nosso trabalho é e era muito sério, mas depois de tantos anos de carreira me abri um pouco para o entretenimento e não só o rock e letras politizadas. Por isso, é preciso não se levar a sério.  Para você se divertir tem que ter certa leveza, principalmente num momento difícil que a gente está vivendo, econômico, social e político. Eu acho que muitas vezes a arte tem mesmo que pairar acima da política.

HT: A partir disso, as pessoas estão cada vez mais preocupadas em levantar bandeiras e expor as suas opiniões nas redes sociais. Seguindo esta ideia, você acha que uma celebridade tem que mostrar a suas visões políticas e sociais?

PR: O apoio a um político vai trazer uma dor de cabeça no futuro, uma decepção, mas ao mesmo tempo o artista não pode deixar de se posicionar porque, afinal de contas, são como uma fonte de inspiração e de orientação para muita gente.