Com música entre as mais tocadas no país, a paulista Daya Luz chega com força para ocupar seu espaço no mercado pop


Daya Luz já trabalhou com dois diretores norte-americanos e foi bailarina do Faustão. Com apenas 26 anos, a jovem já tem passagem marcada para Los Angeles para gravar seu novo single

Ela tem luz no nome, o que pode ser um sinal para a próxima estrela do pop brasileiro. Daya Luz acabou de completar 26 anos e sua carreira está apenas começando. “Decidi adotar meu sobrenome ‘Luz’ porque eu quero trazer luz para as pessoas. Acho que as mulheres têm que se unir, porque, com isso, vamos conseguir mais elementos para essa luta diária do feminismo”, conta a artista. Com três músicas no YouTube, ela tem dois clipes assinados por grandes diretores norte-americanos:  Neville Page, que participou de ‘Avatar’, e Alfredo Flores, que dirige vídeos de cantores famosos como Justin Bieber e Ariana Grande. A jovem veio de Americanópolis, uma comunidade de São Paulo e começou a trabalhar com 13 anos. Desde pequena sabia que seu destino iria muito além das paredes de sua casa e, por isso, quando foi chamada para trabalhar como bailarina no ‘Domingão do Faustão’, a morena fez suas malas e se mudou na mesma hora para o Rio de Janeiro. Por causa do programa, conheceu seu diretor musical que apostou na garota e, por isso, ela largou a faculdade no quinto período de administração para focar na música. Até hoje, tem aulas de dança, interpretação, canto e inglês. A gata é apaixonada por games e é uma das três brasileiras com uma música no jogo Just Dance, que é conhecido por exibir coreografias de músicas as quais os jogadores devem imitar. Em junho, a fera viaja mais uma vez para Los Angeles para gravar um novo clipe ao ritmo de reggaeton com Alfredo Flores. Ela, aliás, é quem compõe todos os singles que lançou até agora, que tem como tema central um sentimento bem comum a todo mundo:  o amor.  Confira agora a entrevista com a cantora.

Site Heloisa Tolipan: Você nem sempre teve a situação financeira que tem hoje. Começou a trabalhar com 13 anos e já participou do programa aprendiz com 16. Como foi sua jornada até a pessoa que você é hoje?

Daya Luz: Sou de uma comunidade de São Paulo chamada Americanópolis. Nossa família era bem humilde, então, comecei a trabalhar cedo para ajudar meus pais. Fiz um curso profissionalizante por minha conta aos 15 anos e, por isso, me chamaram para trabalhar no banco. Trabalhei como estagiária e paguei minha faculdade com o salário mínimo que recebia. Sempre trabalhando muito para tentar mudar a minha realidade, porque o que eu via era gravidez, drogas e violência. Depois de vir para o Faustão, morei em algumas comunidades do Rio de Janeiro. Mas não gosto de contar essa história como algo triste, prefiro dizer a parte feliz. Porque foi acreditando, que mudei tudo. Sou muito determinada e persistente. O que quero é poder ajudar outras meninas que estavam na mesma situação que eu e mostrar que é possível. Não tive o apoio de ninguém, nem dos meus pais. Eles não acreditavam que essa realidade poderia acontecer, me mandavam estudar. Na época, não podiam investir em mim me dando aulas de violão. Quero levar os sonhos para todos, porque foi sonhando que cheguei aonde estou, que já é um patamar muito bom para mim.

 

HT: Algum dia você imaginou que poderia realizar o seu sonho?

DL: Sim. Nunca deixei de sonhar. Via Ivete tocando na TV e me emocionava, era aquilo que eu queria e ninguém ia dizer que não. Hoje, me imagino cantando com a Beyoncé, o máximo que vai acontecer é o não rolar. Brincadeiras à parte, quero levar sonhos para as pessoas e ter uma carreira bacana no país. Poder fazer projetos com a galera da periferia para levar o que não tive.

HT: Não curte muito músicas que incitem a rivalidade entre mulheres. As suas canções seguem algum viés feminista?

DL: Acho que temos que lutar pelos nossos direitos e ser respeitadas. Mas o que deve prevalecer é o amor ao próximo, porque é o que falta. Precisamos respeitar o outro.

HT: O amor é algo que você insiste em repetir em suas canções. Você acredita nesse sentimento que escreve?

DL: Minhas músicas refletem quem sou, não consigo cantar algo que não faça parte de mim. Meu grande amor é o meu marido e estamos juntos faz cinco anos. Ele me viu começando a carreira e sempre me apoiou, entende o meu lado como cantora de usar o lado sexy para o contraste artístico. Já sofri muitas desilusões amorosas, mas acho que no final todos querem ser amados e construir uma família. As pessoas, hoje, querem ir contra as outras, principalmente na internet, e não pensam nos impactos.

HT: O seu primeiro clipe foi lançado somente no ano passado, depois de quatro anos pronto, e teve a participação de um diretor de Hollywood. Como vocês se conheceram?

DL: Esse primeiro clipe foi gravado muito rápido. Fui apresentada, pelo meu empresário, ao Neville Page, na primeira Comic Con do Brasil, que é um diretor renomado em Hollywood e já fez alguns sucessos como “Avatar”, “Star Trek”, “Lanterna Verde” e “Prometheus”. Como quis fazer, decidi realizar logo para ele não desistir. Mas quando terminei coloquei a mão na cabeça para tentar decidir se era isso mesmo que eu queria ser. Deu certo, porque tenho certeza que quero cantar agora e sinto que estou preparada. Em menos de um ano, já estou no terceiro clipe e preparando a próxima música.

HT: O diretor que gravou ‘Tudo de Bom’ é diferente. Qual a sua relação com ele?

DL: Devido a gravação do primeiro clipe, em Los Angeles, fizemos alguns contatos e, entre eles, o Alfredo Flores que grava os clipes do Justin Bieber e Ariana Grande. Mandei a música traduzida e as referências do que queria para ele que topou fazer. E já estamos conversando sobre o próximo que vai ser gravado agora em junho. Infelizmente, ainda não temos o nome da música porque estamos finalizando a produção. Mas a melodia foi feita para dançar ao ritmo de reggaeton e será divulgada esse ano.

HT: Você já gravou dois clipes com dois diretores gringos, além da produção ser nos Estados Unidos. Por que sair do país?

DL: No Brasil temos grande profissionais, já fiz um vídeo aqui, mas ainda faltam algumas coisas. O acesso a equipamentos lá fora é muito maior, não tem como comparar. Além disso, tem a questão financeira. Fazer um clipe como os que eu faço é muito mais caro aqui porque lá já estão acostumados a gravar todo o tempo. Queria ter uma boa qualidade pagando pouco.

HT: Em uma dessas feiras de games, no ano passado, você participou de uma brincadeira no Just Dance contra o bicampeão e a vice-campeã mundial, ganhando desta última. Isso chamou atenção da empresa Ubisoft, dona do jogo, que resolveu gravar uma música com você. Como está sendo essa parceria?

DL: Até então, só a Ivete Sangalo estava no jogo. Em 2017, eu e Anitta entramos juntas para o game, o que foi maravilhoso porque já conhecia e dançava, às vezes. Temos um contrato que permite a minha música rodar o mundo pelo Just Dance. Está sendo uma grande oportunidade de levar meu trabalho para outros locais. Já recebo mensagem de fãs de todo o mundo.

 

HT: Apesar de ainda fazer aulas de dança, você já foi dançarina do Faustão e ganhou uma competição de ‘Just Dance’. Como é sua relação com a dança?

DL: Eu comecei a dançar aos nove anos por uma indicação médica, porque sentia dores por ter me desenvolvido muito rápido. Dentro do leque de opções de atividades, escolhi uma academia de dança. Antes de ser chamada, já tinha trabalhando em um banco como aprendiz e fui para a área financeira. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar no programa, tinha vinte anos e a grana era muito melhor do que recebia, porque eu pagava a minha faculdade e ajudava a família. Então, abandonei tudo e me mudei para o Rio. Foi maravilhoso, uma verdadeira escola, porque me profissionalizei na dança e abriu os caminhos para ser cantora. Eu cantava pelos corredores na esperança de alguém me escutar e querer me contratar. Até que um diretor musical me conheceu e disse que me ajudaria. Estamos juntos até hoje, na minha carreira.

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HT: Vamos fazer uma brincadeira rápida? Você só pode responder com uma palavra.

DL: Sou péssima, mas vamos lá.

HT: Uma cor.

DL: Azul.

HT: Uma dor.

DL: Injustiça.

HT: Uma flor.

DL: Orquídea.

HT: Um amor.

DL: Meu marido.

HT: Um dia.

DL: O dia que decidi que iria cantar.

HT: Uma alegria.

DL: Ouvir minha música na rádio pela primeira vez.

HT: Uma decepção.

DL: Não tenho decepção, tudo é um aprendizado.

HT: Um sonho.

DL: Me consagrar como artista.

HT: Uma frase.

DL: Se não puder fazer tudo, faça tudo que puder.

HT: Uma música.

DL: Não vá embora, de Marisa Monte.

HT: Um ídolo.

DL: Michael Jackson.

HT: Um homem.

DL: Meu pai.

HT: Uma mulher.

DL: Minha mãe.