Com 45 anos de carreira e o lançamento do novo álbum para março, Alcione analisou o atual mercado para a produção cultural: “É uma guerra. Mas eu vou lá e faço, ué”


Além do CD e DVD dedicados ao bolero, a cantora também comentou sua paixão pelo Carnaval. Este ano, Marrom desfila em homenagem a São João na Mangueira. “Estamos pedindo a ajuda de todos os santos para conseguir fazer o nosso desfile”

Dona de um vozeirão inconfundível, Alcione entra em 2017 com novos projetos. A cantora, que comemora os 45 anos da carreira consagrada no samba, desta vez, aposta em um álbum dedicado ao bolero. No CD e DVD que serão lançados no dia 10 de março, Marrom apresenta um repertório com foco exclusivo no ritmo cubano. “Eu sempre gostei muito de música romântica. Teve um dia que eu pensei e decidi: vou gravar boleros. Eu já estou com 45 anos de carreira e posso dizer o que eu quero e o que vou fazer. Eu gosto disso e as pessoas também”, contou a cantora que tem a parceria de Alexandre Pires em uma das faixas.

Além de estar mergulhando em um novo gênero na carreira, pelo qual Alcione sempre foi apaixonada, a cantora também comemora o sucesso de sua trajetória na música. Depois de 45 anos de shows, discos, clássicos e, claro, muito estilo, Marrom contou o que mudou em sua vida com o passar das décadas. “Com o tempo, nós vamos mudando algumas atitudes. Hoje em dia, eu acho que sou mais quieta e penso mais antes de fazer algo. Quando somos mais jovens, o impulso é muito latente. Ainda mais em mim, que sou de escorpião. Mas, como eu acredito muito em Deus e na força do Senhor, eu entrego tudo a Ele. Não quero me colocar nunca à frente Dele. E assim eu vou vivendo meus dias, um de cada vez. Sem pressa”, disse.

Em março, Alcione lança seu novo trabalho dedicado exclusivamente ao bolero (Foto: Felipe Panfili)

Se o impulso foi uma mudança ao longo desses anos como astista, a paixão pelo carnaval foi algo que se manteve intacto. Mangueirense de corpo, alma, purpurina e esmalte, Alcione não escondeu sua animação para a folia desta ano. Apaixonada pela escola de samba verde rosa e por essa festa da cultura brasileira, a cantora adiantou como virá este ano na Sapucaí. “Quem quiser me achar, eu estarei com um São João grandão aqui na frente. Porque você sabe, né, é ruim de eu ser discreta”, contou Alcione que explicou o tema da Mangueira em 2017. “Esse ano, a escola vem só com a ajuda dos santos. E sabe por quê? A Mangueira não tem dinheiro. Então, estamos pedindo a ajuda de todos os santos para conseguir fazer o nosso carnaval”, disse em tom de brincadeira.

Com tantos carnavais acumulados em sua história como foliã, Alcione explicou por que esta época é tão importante e querida em sua vida. Segundo a cantora, a festa que é a cara do povo carioca e brasileiro não é tarefa fácil para quem quiser copiar. “O Carnaval é a maior festa do mundo e só quem sabe fazer é o brasileiro. Não tem jeito. Ninguém tem a coragem e nem a capacidade de colocar uma festa tão grandiosa na avenida. Afinal, quem vai ter a ousadia de organizar 3.500 pessoas para desfilar? Só o brasileiro é maluco e criativo assim”, analisou.

Este ano, Alcione desfile na Mangueira em homenagem a São João (Foto: Felipe Panfili)

Com projetos para a carreira e acompanhando de perto a dificuldade financeira de sua escola de samba de coração, Marrom comentou o panorama cultural do Brasil em tempos de crise. Ao HT, a experiente cantora lamentou que a arte em nosso país não seja valorizada da forma tal qual deveria. “As pessoas fecham a porta da cultura para nós artistas, porque sempre a colocam em último lugar. Mas eu tenho fé em Deus que tudo isso vai mudar aqui no Brasil. A gente rala muito para conseguir fazer um disco ou um DVD. Mas eu faço todo ano, eu corro atrás. Tem que ter determinação para conseguir. Se depender dos outros, eles só vão nos desencorajar”, disse. E quem é a dificuldade perto da determinação da Marrom? “É uma guerra. Mas eu vou lá e faço, ué”, completou. E o povo brasileiro agradece!