Antes do Lollapalooza, Robert Plant faz show incrível no Rio e mescla clássicos do Led Zeppelin a músicas autorais


A abertura da apresentação no Citibank Hall ficou a cargo da nova queridinha do indie rock, St. Vincent

Se o Lollapalooza 2015 irá movimentar a capital paulista nos próximos dias 28 e 29, os cariocas ganham uma espécie de “prêmio de consolação” durante essa semana com as “Lolla parties”, que estão trazendo algumas das atrações principais do festival ao Rio. Antes de Diplo, Skrillex, Smashing Pumpkins, Foster The People e Bastille, a noite de terça-feira (24/3) foi da lenda viva do rock e ex-vocalista do Led Zeppelin, Robert Plant, se apresentar para um Citibank Hall lotado.

O show de abertura ficou a cargo da revelação e nova queridinha do indie rock, a americana St. Vincent, nome artístico de Annie Clark. Uma das atrações mais aguardadas do Lolla pelos hipsters, a roqueira de 32 anos tinha em suas mãos uma grande responsabilidade: entreter, mesmo que por 30 minutos, uma plateia ávida por um dos maiores nomes do rock. Apoiando a setlist em sucessos de seus dois últimos discos, Annie apresentou músicas como “Cruel”, “Cheerleader”, “Digital Witness” e “Birth In Reverse”, mostrando energia no palco enquanto fazia uma coreografia alinhada à sua guitarra, dançando apenas da cintura para cima. Um pouco tímida, a artista não empolgou muito o público, mas ganhou respeito com um show repleto de sintetizadores sujos e vocais afinados, mas pouco entendíveis, conquistando os presentes também com seu estilo performático.

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Do lado de fora, a área do bar estava lotado com fãs de todas as idades do Led Zeppelin e, consequentemente, de Robert Plant, vestidos de preto em sua grande maioria, um pouco impacientes demais para verem o ídolo ao vivo. Muitos deles nunca haviam visto o astro do rock em pessoa – mesmo que ele tenha vindo em 2012 -, como era o caso de Ricardo Soares, engenheiro de 52 anos. “Sou fã do Led Zeppelin há pelo menos 30 anos, por isso estou aqui. Não conheço muito o trabalho solo dele [Robert Plent], mas gostaria de ouvir pelo menos uma da banda”, comenta.

O caso é parecido com o do professor Ricardo Campos , 59 anos, que, de acordo com a mulher, Maria Regina, estava empolgado com o espetáculo desde que acordou: “Ele ficou me mandando mensagens o dia inteiro com ‘é hoje!’, ‘rock’n roll!!!'”, comentou a psicanalista, que pegou o gosto pela banda com o marido. “Isso é uma dádiva! Depois de quase 40 anos ouvindo Led Zeppelin, poder ver o Robert Plant ao vivo é um sonho realizado”, comentou Ricardo. Outro casal que divide o amor pelo rock é o publicitário Luiz Linhares, 35 anos e a analista de imprensa Luciana, 26 anos, que foram conferir a performance do astro pela primeira vez. “É muita expectativa. Mesmo que não seja o LZ, já estamos vendo o Robert Plant”, disse Luiz. “Só de ouvir aquela voz… Se ele não desafinar, já está ótimo!”, completou Luciana, ao que os dois concluíram: “É uma lenda viva”.

Led Zeppelin apresentando “No Quarter” em 1973

Esse mesmo sentimento parecia ser unânime entre os presentes que, claro, ovacionaram Robert quando este entrou de mansinho no show, vestindo preto como seus fãs, abrindo a noite com “No quarter”, do Led Zeppelin.  A voz, um pouco mais fraca do que no passado, não deixa de ser tão impactante quanto antes. E assim permanece durante todo o espetáculo, no qual ele vai mesclando músicas da antiga banda com essa nova fase autoral, solo e mais introspectiva de sua carreira.

Robert Plant à frente do Led Zeppelin, na década de 1970 (Foto: Reprodução)

Robert Plant à frente do Led Zeppelin, na década de 1970 (Foto: Reprodução)

Acompanhado pela banda Sensational Space Shifter – com o highlight de Justin Adams eletrizando a guitarra -, Robert Plant mostrou que não só sabe o que seu público quer, mas consegue atendê-lo de uma forma que nem ele mesmo espera. Clássicos do Led Zeppelin como “Black Dog”, “Going to California” e “The Lemon Song” eram apresentados em rearranjos originais e intercalados com as músicas da nova fase ao lado da SSS, na qual os vocais soavam mais leves e sentimentais do que nas anteriores.

 

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O público, claro, cantou, pulou e aplaudiu. E Plant, do alto de seus 66 anos, soube como responder a isso. O músico fez dancinhas improvisadas, tinha no rosto um sorriso alegre sempre que ouvia algum gritinho de fã, contou piada e até conversou com a plateia: “O trânsito aqui é incrível! Eu não sei como vocês conseguem. Parece a Los Angeles de 1970, de tanta confusão nas auto-estradas”, brincou, antes de finalizar o show com “Whole Lotta Love” e”Rock n Roll” no bis, ambas do Led Zeppelin.

Robert Plant e Jack White apresentam “The Lemon Song” no Lollapalooza Argentina

Por enquanto, os brasileiros ainda não tiveram a canja com a qual os hermanos argentinos foram agraciados e não puderam presenciar Jack White e o ex-vocalista do Led Zeppelin no mesmo palco. Talvez a carta esteja guardada na manga para o próximo fim de semana, quando os dois roqueiros irão se apresentar no palco do Lolla brazuca. Até lá, fica a certeza de que, mesmo sozinho no palco, Robert Plant sempre dará razões suficientes para um show inesquecível.