Rihanna se junta a Kanye West e Paul McCartney em nova música acústica “FourFiveSeconds”. Ouça aqui!


Com a ajuda de dois “monstros” musicais, a artista se afasta dos trabalhos anteriores superproduzidos e mantém sua essência rebelde cantando apenas acompanhada pelo violão do ex-Beatle

*Por João Ker

Depois do que pareceu um longo verão de secas musicais, Rihanna, finalmente, liberou uma música de seu tão aguardado novo álbum. E, claro, como trata-se de uma das maiores estrelas contemporâneas, que já estava em um hiato de mais de dois anos sem lançar material próprio – a não ser que você leve em conta o fracasso comercial de sua parceria com Shakira, “Can’t Remeber To Forget You” -, o retorno foi triunfal: ao lado de Paul McCartney e Kanye West (com quem ela já gravou as ótimas “All Of The Lights” e “Run This Town”), a cantora de Barbados liberou na madrugada deste sábado (24/1) a faixa “FourFiveSeconds”, uma “prévia do seu novo som”, como ela mesma disse no Twitter.

Paul McCartney, Rihanna e Kanye West na capa do single "FourFiveSeconds" (Foto: Divulgação)

Paul McCartney, Rihanna e Kanye West na capa do single “FourFiveSeconds” (Foto: Divulgação)

A música é diferente de tudo o que Rihanna já fez, mas ainda assim carrega não só a sua essência rebelde como também a de Kanye West. Acompanhados apenas de um violão tocado por Paul McCartney e um piano que aparece no final, ambos cantam sobre seus respectivos lados revoltados, justificando-se sem pedir desculpas (lembrem que Riri já era unapologetic bem antes de Madonna). “Eu sei que você está pensando ‘como eu posso ser tão inconsequente’. Mas, eu simplesmente não posso me desculpar. Espero que você entenda'”, canta ela, enquanto o rapper responde: “Se eu for para a cadeia, prometa que você pagará minha fiança”.

“FourFiveSeconds” – Rihanna feat. Kanye West feat. Paul McCartney

Completamente despidos de qualquer arranjo eletrônico ou artifício de produção vocal, Kanye e Rihanna mostram um lado acústico, o que chega a ser mais surpreendente para ele. Famoso por se esconder atrás do autotune, o rapper tem o costume de soar como um robô na maioria de suas músicas, inclusive “Only One”, sua primeira parceria com Paul McCartney, liberada no início de 2015 (que você já ouviu aqui). Já Riri… Bem, não é surpresa para ninguém que ela consegue cantar de verdade, já que, desde o início da sua carreira, baladas como “Unfaithful” e a mais recente “Stay” mostram o poder vocal da moça.

Kanye West – “Only One” (Feat. Paul McCartney)

A música é o primeiro single do novo álbum de Rihanna, que vem sendo chamado de R8 pela própria e pelos fãs. No início do ano, uma demo de Riri já havia caído na internet, “World Peace”, na qual ela mistura sua pegada reggae com uma produção eletrônica similar ao que Calvin Harris já tinha feito em “We Found Love” e “Where Have You Been”. De uma maneira ou de outra, essa mistura entre country e folk que a artista apresenta em “FourFiveSeconds” serve para provar uma teoria: apesar de estar no topo do jogo, Rihanna não tem medo de tentar novas investidas sonoras em sua carreira e, enfim, é exatamente por não se estagnar que ela é uma das maiores artistas atualmente.

Rihanna – “World Peace”

“FourFiveSeconds” prova que Rihanna está antenada no que se passa no cenário pop atualmente, no qual a tendência é artistas darem mais atenção aos vocais e abandonarem as superproduções eletrônicas. HT já havia falado sobre isso aqui e, abaixo, você lê um pedacinho da matéria:

“Na verdade, parece que a própria indústria da música está pronta para se renovar e voltar às suas origens, regurgitando tudo o que há de genérico e artificial nos charts e rádios. Grandes ícones como Aretha [Franklin] e Mary J. Blige já anunciaram que estão de volta ao cenário musical, mostrando às novinhas o que realmente significa ser “artista”. E, como se fosse um sinal de que algo está mesmo para mudar, as próprias cantoras de gerações mais recentes não estão suportando mais as pressões, exigências e falta de originalidade no pop atual: Lady Gaga, ao lado de Tony Bennett, está investindo no jazz através do recente e elogiado álbum “Cheek To Cheek”Pink também largou de mão os trabalhos com Max Martin e Dr. Luke para cair de cabeça no folk, lançando o projeto paralelo You + Me, em parceria com Dallas Green; até Lana Del Rey, a carta mais nova na mesa, saiu de cima do muro e pulou direto no campinho do rock com seu último álbum “Ultraviolence”  eliminando qualquer dúvida que ainda restava sobre sua persona musical ser ou não considerada como “pop”.

Miley Cyrus também vem investindo em um lado mais alternativo/psicodélico – que comentamos aqui – e já garantiu que está altamente inspirada por The Flaming Lips. No mundo ideal, as novas “divas” abandonariam seus esforços pelo sucesso comercial e investiriam em suas referências verdadeiras. Afinal, o que não falta são gêneros e possibilidades para isso. Outra que está chegando de mansinho é Christina Aguilera que, de acordo com os rumores, pretende lançar um álbum de hip hop no estilo do aclamado “Back To Basics” (2006), talvez seu disco mais elogiado até a presente data, altamente influenciado pelo jazz e pela soul music: orgânico, natural e sem produções exageradas.”

Agora só resta ao público esperar para ver se Rihanna fará um álbum inteiramente acústico, ou se ela trará a mesma mistura de gêneros que apresentou em “Unapologetic”. Seja qual for o resultado, é certo que ela mostrará mais uma faceta incrível de seu talento e, provavelmente, atingirá o topo dos charts mais uma vez.