Uma aula de estilo com muito rock ‘n roll. Adriana Bozon revisita momentos históricos da Ellus durante talkshow no projeto “A música que você veste”


A diretora criativa da marca falou um pouco sobre cada um dos desfiles e eventos promovidos pela Ellus e declarou: “Um look tem toda uma imagem, é uma história que se conta e a música amarra isso”

A história da Ellus é uma verdadeira aula de moda (com muito rock ‘n roll). Não à toa, a marca foi convidada para um talkshow do projeto “A música que você veste”, promovido pelo Instituto Rio Moda entre os dias 28 e 30 de junho, no Teatro Fashion Mall. Adriana Bozon, diretora criativa, nos explicou que o convite surgiu através de Maria Prata, mediadora da conversa que, além dela, levou Carol Roquette, stylist da Anitta, e Karina Mandini, da Farm, ao palco nessa terça-feira, 28, para discutir “design e styling: a influência da música na moda”. “Já conhecemos a Maria Prata há muitos anos e a Ellus tem, realmente, uma relação muito forte com rock, com música no geral. O convite surgiu dessa associação natural e é muito legal estar aqui”, disse ela, que acredita veementemente no tema. “A música vestir a gente, em termos de moda, amarra essa sensação de comunicação da roupa que sempre queremos passar. Um look tem toda uma imagem, é uma história que se conta e a música influencia nisso”, explicou.

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Adriana Bozon no evento “A música que você veste” (Foto: Bruno Ryfer)

De fato, basta olhar para trás, para cada um dos desfiles e apresentações da Ellus, para entender e comprovar as palavras de Adriana. São 45 anos na história brasileira e o desafio de se reinventar é grande, mas a marca mantém seu DNA tão próprio. “Realmente, está em nós toda a época do Woodstock, o movimento hippie, a influência dos monstros da música. É que isso influenciou muito o começo da nossa história. A Ellus foi fundada pelo Nelson Alvarenga, em 1972, e ele começou, literalmente, juntando uma galera no fundo de um quintal, pintando e bordando camisetas. Depois colocou pedras em uma máquina de lavar para fazer jeans e tudo começou aí. Estamos preparando um trabalho de reunião do acervo para contar nossa história e achamos muito material antigo”, contou Adriana. Sorte nossa!

Pois bem, lá atrás, em 1975, a marca – na época com apenas três anos – lançou discos. Eram longplays de vinil e a Ellus tinha os selos Ellus Sound lançados por uma gravadora. Em 1977, a marca fez um evento para lá de original. É que a sede ia mudar de prédio. “O Nelson chamou uma galera e pôs fogo na casa, nas paredes, colocou a galera de vendas dentro de baús e caixas para receber os convidados. Foi uma loucura. Bem rock ‘n roll”, lembrou Adriana, que está à frente da direção criativa da marca há mais de 20 anos. “Em 1979 fizemos uma propaganda icônica com a música ‘Mania de você’, da Rita Lee, que foi um grande sucesso, marcou época. Era o auge da Rita Lee, que estava lançando seu primeiro álbum solo. Essa propaganda ganhou prêmio e, recentemente, apareceu em uma homenagem da Rede Globo das 50 melhores dos últimos anos”, destacou Adriana.

Nos anos 90, era das supermodels, a marca, sempre ligada no que há de mais moderno, flertava com esse universo. “Patrocinamos um concurso de modelos da Elite e, por lá, passaram Gisele Bündchen, Isabeli Fontana, Fernanda Tavares, todas. Nessa época trouxemos a Cindy Crawford para o Brasil e o final do concurso foi com ela”, lembrou Adriana. “Fomos buscando material na nossa linha do tempo e reunimos alguns desfiles interessantes. Em uma semana de moda de 1999, a Cássia Eller tinha a trilha no desfile e ela desfilou com um visual punk em um momento que fazíamos uma roupa híbrida, meio masculina com feminina”, contou. Em 2001, foi a vez de outro artista fazer história: a marca convidou Arnaldo Antunes para assinar uma coleção de camisetas. “Eram todas inspiradas nos poemas dele. O Arnaldo fez as artes especiais, silks e peças bordadas à máquina e, no desfile, ele recitava um poema durante a trilha. Foi bem legal o processo, pensamos tudo juntos, na casa dele. Era muito novo, tínhamos que descobrir como pagar os royalties proporcionais às vendas das camisetas”, explicou.

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Poesia de Arnaldo Antunes na Ellus (Foto: Reprodução)

Em 2006, mais história – e música, claro. “Fizemos uma apresentação marcante no audióorio do Ibirapuera, na frente da Bienal, a trilha era da banda inglesa Wry – uma banda nova e na época estávamos apoiando novos talentos daqui e de fora -, quem fez a direção artística foi a Bia Lessa e a curadoria da banda foi o Alexandre Yousseff, que na época tinha o projeto Studio SP e trabalhava muito com música, nós tínhamos essa parceria. No final a escola de samba Vai Vai vinha entrando no palco. Foi bem especial”. Em 2008, outro desfile marcante. “Foi bem punk rock, na estação Julio Prestes, no centro de São Paulo. A trilha era da banda Bauhaus e a ideia era o trem chegando, aí a música começava e as modelos saíam de lá de dentro. Foi um enorme desafio, o Paulo Borges fez com a gente. Tínhamos cinco mil convidados e depois teve festa, foi um grande evento”.

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Desfile da Ellus em 2008, na estação de trem Julio Prestes (Foto: Reprodução)

Falando em grandes eventos, a Ellus já proporcionou um “show de rock no parque” em um desfile ao vivo. “Foi do lado de fora do Ibirapuera. Formamos uma banda com a Geanine Marques e outros e fizemos uma trilha especial para o desfile. Era uma música que foi cantada ao vivo e estava um dia maravilhoso. Se tivesse chovido não teríamos plano B, mas foi lindo, poético. No mesmo local, à noite, fotografamos a campanha naquele mood, no nosso show de rock, então tornamos tudo aquilo vivo durante os próximos seis meses”, disse ela, que gosta de um outro show especial. “Foi no Theatro Municipal de São Paulo e a ideia foi uma surpresa que viabilizamos em 15 dias. Era uma mistura de trilha digital com um coro de 40 vozes masculina ao vivo, a trilha do New Order. Ninguém sabia o que ia rolar, então emocionou demais, arrepiou”, lembrou ela, emendando que “um dos componentes mais importantes de qualquer desfile é a trilha”.

Além dos desfiles impactantes, a Ellus sempre promoveu diversas ações cool. Em 2009, a marca fechou uma parceria com a Absolut. “Vestimos a garrafa de vodka com uma jaqueta de couro e tachas, ficou linda. Fizemos uma festa juntos e trouxemos o Marky Ramone para São Paulo”, lembrou. Falando nisso, a marca tem parcerias legendárias. “Temos licenças de bandas como Ramones, Rolling Stones, fora as celebs que vestem nossas camisetas, como Ivete Sangalo, Karol Conká, Pitty, Wesley Safadão e outros. Sempre apoiamos a música, vestimos bandas…”, destacou.

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Como se vê, a “marca mais rock ‘n roll do Brasil” não é só rock. “Apoiamos festivais como o Sónar, fizemos linha de camisetas, lounges, patrocinamos a gravação do disco do ‘Stop play moon’, uma edição limitada, fizemos shows juntos, participamos do Rock in Rio com a Pepsi, criamos a t-shirt, pensamos o camarote superanimado, chamamos Johnny Luxo para tocar, foi bem bacana”, lembrou Adriana. Pensa que acabou? “Ano passado, a convite do Paulo Borges, fizemos o sarau do Carlinhos Brown, com apresentações em Salvador. Foi um trabalho ousado, não é o nosso know-how, mas era fogo, ar, terra, foi bacana, artístico. Além disso temos parcerias no carnaval, no camarote Expresso 2222 em Salvador. Temos feito muita coisa legal juntos, é sucesso. Também fazemos figurino e acompanhamos turnês da Banda Eva”, listou.

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Homenagens também não ficam de fora do portfólio. “Fizemos uma muito legal com a ‘L’Officiel’ para o David Bowie, foi uma edição de homenagem e nós tínhamos a linha de camisetas”, contou.

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Falando em camisetas, a marca criou, há dois anos, uma linha Kids. “São camisetas de rock para os filhos que também já fazem sucesso. O legal é que a nossa distribuição é bem ampla, então, além das lojas, nossos produtos são encontrados em multimarcas e chegam ao Brasil inteiro”, destacou Adriana. De qualquer lugar, em qualquer idade: não tem motivo para não andar cheio de estilo por aí…

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