Um papo com Valéria Hiar, curadora da linha premium lançada pela Cavalera, que mostra a sua chancela na moda ao incluir um acessório casual chic a um look rock


A ideia de uma linha de acessórios femininos com diferencial surgiu durante uma das viagens da curadora com o marido, Alberto Hiar. A nova coleção é composta por modelos de calçados, handbags, mochilas e clutches com couro italiano, trabalhos manuais em renda, tressê e estampas como destaques

Eu conheci Valéria Hiar há muitos anos. Era uma daquelas noites memoráveis de desfile da Cavalera fechando uma edição da São Paulo Fashion Week. No colo, a filha Maria Luiza, esta gata da foto abaixo com a mãe que abre a nossa matéria aqui, no site HT, que devia ter uns quatro anos à época. Hoje, ela tem 14 anos. A conversa girou em torno da menina que era pura desenvoltura. Naquela idade, adorava criar looks e acessórios e a mãe contava que ela pedia sempre para ir ao QG da marca, onde… desenhava, desenhava e sonhava com aquele universo da moda. Lembrei dessa história para ilustrar bem o perfil de Valéria Hiar. Em um momento em que todos os holofotes estavam voltados para ela, ali, na fila A do desfile de uma das grifes mais conceituadas do país pilotada pelo marido, Alberto Hiar, mantinha o estilo que sempre imprimiu nesta vida: o ser low profile.

Maria Luiza e Valéria Hiar

Maria Luiza e Valéria Hiar

No entanto, Valéria é profissional de primeira e sempre teve o dom para moda também. E é ela quem assina a curadoria da linha premium de acessórios femininos da Cavalera, que chega à quarta coleção. E qual a ênfase em cada uma delas, Valéria? “É uma linha casual chic que permite a liberdade para compor o look. Os acessórios são o grande diferencial em se tratando de ter atitude. E observamos nas lojas como as clientes conseguem introduzir um acessório casual chic, por exemplo, a um look rock and roll da marca. É muito gratificante e esse foi o ponto de partida da criação dessa linha”, comenta.

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Vamos aos detalhes: a coleção está repleta de peças clássicas e atemporais em se tratando de calçados, handbags, mochilas e clutches. Os materiais utilizados são de primeiríssima e valorizam o handmade, o nosso artesanato de luxo, cartão-postal do Brasil no exterior, e o que faz a diferença na moda nos dias de hoje. O couro italiano é o material principal desta coleção, que inclui ainda trabalhos manuais em renda, tressê e estampas. A cartela de cores é composta pelo azul royal, caramelo, militar e preto. A equipe de criação sob a batuta de Valéria deu ênfase a uma inspiração nos anos 90 “com bucket bags, além de handbags e tiracolos ora em matelassê, ora com alças mais longas. Já as mochilas, hits do verão, aparecem com detalhes ou finalizações em croco. Os calçados surgem com saltos finos, saltos plataforma, além de flats e sapatilhas”, como foi ressaltado pela marca. Esta linha premium de acessórios chegou com exclusividade às lojas próprias da Cavalera.

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“A ideia da linha premium, surgiu em uma viagem que Alberto e eu fizemos e nos encantamos com tantos materiais e formas. Começamos a pensar e idealizar acessórios que poderiam compor a marca Cavalera”, nos conta Valéria. O casal esteve no Japão, China, Turquia e “em cada um destes lugares conhecemos a cultura, as tradições e, dentro destes universos únicos, nossos olhares permeavam a riqueza de cada detalhe. Mergulhávamos nestes universos e conversávamos muito sobre a possibilidade de transformar o tradicional em um casual chic, por exemplo. É muito prazeroso quando você faz de uma viagem de trabalho uma nova perspectiva”, comenta.

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Valéria sempre foi apaixonada por sapatos desde criança e um dos seus maiores prazeres é “passar horas pesquisando sobre eles, desde a história até o possível futuro deste acessório”. Adora brincar com a multiplicidade de materiais e destaca que o estilo clássico e o casual chic a encantam. “Gosto dessas misturas com a marca Cavalera”, afirma, acrescentando: “Usamos sarja, jacquard, couro e o acabamento está também no ferramental. Temos matérias-primas e produtos diferentes do que se encontra nas marcas convencionais”.

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E qual o estilo de vida de Valéria Hiar e o que ela gosta de consumir de moda? A resposta corrobora o que escrevi na abertura desta matéria: “Eu sou totalmente low profile. Gosto de ficar e fazer programas com minha família, meu neto nasceu e adoro estar com ele. Amo ir à praia nos finais de semana e, atualmente, com a inauguração do restaurante Jamile – a mais nova empreitada de Alberto Hiar, em parceria com Anuar Tacach e do chef Henrique Fogaça, na Rua Treze de Maio, 647, no Bixiga, em um prédio de três andares que ganhou uma reforma incrível -, reunimos amigos por lá como se estivéssemos em casa. Eu sou tranquila, mas, quando viajar é o tema, mergulho no país para descobrir tudo que tem e peço dicas aos amigos que já foram, pois cada um tem um olhar. Isso que adoro: as diferenças”.

Nas andanças de Valéria pelo mundo, os acessórios, claro, ganham destaque em sua mala. “Sou muito prática, mas gosto escolher a dedo os sapatos e bolsas”. No nosso papo comentei ainda que a Cavalera é uma grife que sempre soube expressar muito bem a atitude e o estilo de vida dos clientes. É uma marca que apoia as artes, os novos talentos e faz sua parte pelo social nesse país tão grande e com tanta diversidade. “Apoiamos o que acreditamos, seja na arte, na música, na moda, na gastronomia. O que gostamos de fazer é apoiar as inciativas que tenham como foco capacitação e formação do indivíduo para que ele possa caminhar. Apoiamos o Marcelo Rosembaum nos projetos com a Casa do Zezinho;  Associação Sociocultural Yawanawá (ASCY) em projetos de arrecadação para a Aldeia Mutum (artesanato, música, expedição, desfile no SPFW) entre outros”, comenta a curadora. Alberto Hiar mergulhou na cultura indígena em diversas viagens e criou a coleção Verão 2016 inspirada nos índios Yawanawá.

Mas Valéria ressalta que  o importante é acreditar na pessoa que está focada no projeto e que dará continuidade e embasamento ao trabalho. “Queremos potencializar o dom que a pessoa tem e essa é a mão que estendemos. Mas, quem faz acontecer é a pessoa e, com isso, melhoramos a vida de mais um. E este fará o mesmo e, assim, a rede vai crescendo. Nunca acreditamos no individualismo e  hoje está provado que isso não funciona. Todos estamos interligados e quanto mais pessoas felizes e prósperas, mais crescimento terá o país”.

Perguntei a ela qual o cenário que vislumbra para a moda brasileira. E a resposta foi tácita: “O cenário que vislumbro é da união de toda a cadeia. Que cada um seja reconhecido na sua expertise, pois todos fazem parte de uma rede e têm sua importância. Ninguém é melhor do que ninguém. Por isso, temos que dar as mãos. Caso contrário, cada um morrerá afogado”. Foi um prazer, Valéria!