Um papo com Rosanne Azulay Majtlis, o nome por trás da Shoulder: “Nossa cliente é uma mulher moderna, urbana, feminina, bem resolvida e antenada”


Rosanne ainda falou sobre questões que movimentam a moda hoje em dia, como as novas formas de lançamento de coleções, o presente e o futuro da Shoulder, sua rotina (ou a falta dela) como empresária de uma marca de sucesso, o processo de criação e, claro, os aprendizados como empresária ao atravessar esse momento turbulento da economia brasileira

Pra que falar (só) em crise, quando a gente tem exemplos de sucesso e determinação no mundo da moda? Um deles é o de Rosanne Azulay Majtlis, que há 36 anos está no mercado com a marca feminina Shoulder, trazendo moda para diferentes gerações de mulheres e criando desejos com peças irresistíveis. “A Shoulder começou em 1980 fabricando jardineiras jeans, que eram vendidas para os grandes magazines. Com o tempo, a marca foi se transformando e criando suas próprias coleções para as lojas físicas e revenda em multimarcas. Enxergamos a oportunidade de ir para o varejo e iniciamos uma nova etapa, consolidando a marca nos principais shoppings do país. Ano após ano, a Shoulder foi crescendo e sempre manteve sua essência, olhando para dentro e fortalecendo sua estrutura de fábrica e processos internos, além de valorizar cada pessoa como uma parte importante”, contou Rosanne, que reafirmou em entrevista exclusiva ao site HT que a cliente que entra em suas mais de 60 lojas espalhadas pelo país é, sempre, a prioridade.

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“A Shoulder se posiciona como uma marca de moda brasileira, que tem o foco na sua cliente como prioridade. Nosso maior propósito é traduzir as principais tendências internacionais de uma forma simples e descomplicada. Queremos ajudá-la a se inspirar e a experimentar o novo. Essa é a nossa razão de existir. Falamos com uma mulher moderna, urbana, feminina, bem resolvida e antenada. Afinal, quem não é antenado hoje em dia?”, questionou a empresária e diretora criativa da Shoulder, que vê o Rio como uma grande vitrine internacional de moda. “O Rio de Janeiro é muito importante para nós por reforçar a imagem de moda em um contexto significativo para o mundo, já que o Rio é a referência do Brasil lá fora”, explicou.

Curiosos que somos – e apaixonados por uma boa história – fomos conversar com Rosanne sobre questões que movimentam a moda hoje em dia, como as novas formas de lançamento de coleções, o presente e o futuro da Shoulder, sua rotina (ou a falta dela) como empresária de uma marca de sucesso, o processo de criação e, claro, os aprendizados como empresária ao atravessar esse momento turbulento da economia brasileira. Vem que o papo é quente.

HT: Como é a sua rotina à frente da Shoulder? Conte um pouco do dia a dia por trás de uma executiva e criadora de moda no Brasil.
R.A.M: Não é uma rotina, acho que quando você trabalha com moda cada dia um dia é diferente. Trabalhamos em equipe com muita alegria e o tempo todo pensamos em como podemos superar não só as nossas expectativas, mas principalmente as das nossas clientes. Gosto de trabalhar com uma equipe dinâmica, jovem e divertida. Vivo a Shoulder 24h por dia, respiro Shoulder em todos os momentos, mesmo não estando na empresa, meu olhar está voltado para o universo feminino, novas experiências e novos lugares.

HT: Como é o processo de pesquisa para as coleções? Você viaja? Tem um bureau que te auxilia com referências?
R.A.M: Tudo se torna referência no início de uma coleção, pois é um exercício contínuo de conexão com pesquisas de consumo e tendências comportamentais. O WGSN é a fonte principal no começo da pesquisa. São, pelo menos, 5 viagens anuais para feiras internacionais e cidades como Paris, Londres, Nova York, China, Índia e Tóquio onde nos inspiramos e em um segundo momento traduzimos e simplificamos o que acreditamos ser relevante para a nossa mulher.

Rosanne e sua equipe de criação

Rosanne e sua equipe de criação

HT: Onde você quer chegar com a Shoulder em 10 anos?
R.A.M: Considero que atualmente a Shoulder é uma empresa eficiente. Somos capazes de oferecer uma experiência de compra muito completa e surpreendente à cliente e converter isso em resultado para a Companhia, graças ao nosso modelo de gestão, baseado sobretudo na valorização das pessoas.
No longo prazo nosso objetivo é nos tornarmos a mais eficiente plataforma de varejo de moda premium do Brasil. Fazendo a Shoulder expandir mais em todos os canais que atua e usar nossa estrutura e conhecimento para atrair novas marcas e consolidá-las, a exemplo da Pop Up Store.

HT: A Shoulder é uma marca para mulheres fortes e que sabem o que querem. Como vocês veem  esse florescer da consciência feminista?
R.A.M: Para entrar no mercado de trabalho a mulher precisou adotar um comportamento “mais masculino” e ela também alterou seu dress code com terninhos e ombreiras. Acreditamos que, para o equilíbrio da humanidade, é importante que masculino e feminino estejam balanceados e ficamos felizes de ver que as mulheres estão resgatando cada vez mais valores como a feminilidade, vaidade, o cuidado, carinho e a proteção que fazem parte da essência feminina e dão este importante equilíbrio entre masculino e feminino, sem deixar para trás tudo o que foi conquistado por elas.

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HT: Muito se questiona sobre o atual modelo de lançamento de coleções por temporadas e desfiles. Como você vê esse momento? Acha que é preciso, mesmo, repensar a forma de lançar novas coleções e despertar o desejo de uma consumidora que está exigindo cada vez mais velocidade?
R.A.M: Gostaríamos de grandes mudanças nesse calendário, mas é muito difícil fazer isso funcionar no Brasil, pois as apostas são muito embasadas em tendências internacionais.Mas acho muito importante que todos pensem à esse respeito.

HT: A crise tem sido especialmente dura com o varejo brasileiro. Como sobreviver em tempos de crise?
R.A.M: Investindo continuamente nos fundamentos do negócio com visão de longo prazo. Temos visto muitos players do mercado tomarem atitudes focadas nos resultados imediatos, reduzindo custos que levam a uma queda na qualidade da experiência de compra como um todo. Nós temos uma gestão muito profissional que nos dá tranquilidade para atravessar esse período difícil de maneira sólida, sem deixar de surpreender e encantar nosso cliente.

HT: Qual o principal aprendizado deste período difícil?
R.A.M:Aprendemos a não perder o foco no cliente. Nos momentos em que o ambiente externo influencia negativamente o resultado, tendemos a nos distrair ao procurar uma maneira de atingir o resultado a qualquer custo. É importante ter serenidade e pensar em como surpreender ainda mais e fidelizar nossas clientes, independente do resultado a curto prazo. Esse é o principal valor da Shoulder como empresa.
Todos os nossos colaboradores colocam isso em prática diariamente e são avaliados por isso.
Infelizmente, estamos presenciando a morte de várias marcas no mercado. Temos a plena convicção de que haverá uma seleção natural e que ao final deste ciclo sairemos fortalecidos.