SPFW N41 #Day2: enquanto Juliana Jabour encarna a garota californiana, Patricia Bonaldi ergue a bandeira do patriotismo nacional


Ainda desfilaram Lolitta, Adriana Degreas e A.BRAND – que trouxe para a catwalk um Havaí elegante como inspiração

Lolitta

Quem ficou olhando para a tradicional entrada de modelos em uma semana de moda comeu mosca. A Lolitta inverteu o jogo e começou o desfile pelo…pit de fotógrafos. E essa não foi a única mudança. O trabalho manual, especificamente no tricô, chamou atenção, já que as peças são mezzo elásticos mezzo rígidos, sem contar com as pinturas coloridonas geométricas sobre o tricô feitas à mão pelo artista Marcelo Cipis. As peças também vieram combinadas com vestidos de ráfia com acabamento à mão e também na alfaiataria vista em coletes estruturados. A jovem estilista Lolita Hannud trouxe para o Verão 2017 uma coleção com inspiração na trinca cor, energia e luz. Para tanto, usou e abusou das cores – estas em tons vibrantes que variaram do branco ao roxo e chegando ao neon, usado pela primeira vez em um desfile da grife, que, ao lado de tons neutros, conferiram luz e um ar de eletricidade à coleção. Destaques para os coletões arrematando os desfiles, para terracota – cor para se atentar -, e para as listras com mistura de diferentes cores – além de tiras torcidas – e modelagens diferenciadas e super acertadas. Porque quem vê o mundo colorido é mais feliz.

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Adriana Degreas

Gueixas tropicais. Assim Adriana Degreas quer que suas mulheres saim às ruas e pelos litorais. Com um pé no sudeste asiático – o que ela chama de French Indochine -, a estilista esquentou a temperatura com palmeiras típicas do continente na estamparia e cores quentes como amarelo, ginger e variações de marrons. Adriana se rendeu à tendência da nova forma de se usar o sutiã – este, sobreposto – e apostou na mistura do tecnológico com o clássico ao, ora desfilar peças de seda plissada, por exemplo, ora entregando tecidos com um quê de holografia. Destaque para as transparências e para a ousadia de aplicar ouriços do mar em tops transparantes. Toda a técnica aplicada para conferir sofisticação acabou falando mais alto que os próprios recortes e formatos das peças. O oriente de Adriana é óbvio – desde o portal da cenografia ao make e hair das modelos, passando por kimonos -, mas ganha vigor com as peças de arremate – essas muito bem acabadas. “Com exceção de duas peças, todas vão para a rua. Apesar do conceito, vai tudo para o nosso showroom, é tudo para usar casualmente por aí”, nos disse Adriana, minutos depois do encerramento de sua apresentação na SPFW. Não à toa ela já havia adiantado: apesar de levar uma moda exótica, queria expressar a beleza natural “em um universo único e intrigante”. Nada como equilibrar tudo na medida certa. Ponto para a balança de Adriana – e para a cereja do bolo, ao desfilar um rapaz com um kimono transparente em meio à suas meninas.

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A.BRAND

O primeiro desfile da A.BRAND trouxe um Havaí elegante como inspiração. A marca-irmã da veterana Animale fez sua estreia nas passarelas da São Paulo Fashion Week em grande estilo, apresentando uma coleção coesa com o seu DNA urbano-cool. O estilo praiano de verão ganhou leveza pelas mãos da diretora criativa Ana Cláudia Dias, à frente da marca desde seu lançamento, em 2008. A estamparia usou e abusou dos prints tropicais ícones da estética havaiana, como folhagens e flores, sem, contudo, cair no óbvio, sem aquele clichê de cores berrantes e total tropical. O resultado final foi elegante. A silhueta ultra feminina, uma característica forte da A.BRAND, se fez presente a todo momento, tanto nos comprimentos quanto nos materiais. O guipure garantiu seu lugar ao sol por conta dos tons pastel (salmon, por exemplo), combinação perfeita para os dias frescos de verão (aqui, corroboraram com a proposta os laranjas, amarelos, rosas). Porque não é só de ula ula, coqueiro e colar de flores que se faz um bom Havaí. E o mostrado no meio da paulicéia interessa até mesmo quem não dá a mínima para as ondas perfeitas. (com Marcos Eduardo Altoé)

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Juliana Jabour

O universo vintage do skate foi o ponto de partida para o verão 2017 de Juliana Jabour. Inspirada na contra-cultura e no espírito jovem característicos da década de 70, a estilista apresentou uma ode ao streetwear esportivo-chic tão presente nas ruas hoje. As praias de Venice e Malibu, ícones californianos do never ending summer, foram traduzidas em peças sofisticadas com forte perfume urbano. Elementos da estética vitoriana serviram de contraponto, como as golas altas e as mangas bufantes. Os tecidos, fibras naturais como linho, cambraia e linho e tricoline, imprimiram leveza à coleção. A cartela de cores, por sua vez, trouxe os tons pastel para acompanhar o branco, o nude e o off-white. A estamparia bebeu nos desenhos típicos do surf e da cultura de praia dos anos 70. A alfaiataria se apropriou de recortes coloridos, lembrando as tradicionais bermudas de surf. Já o patchwork foi usado no couro para criar desenhos que remetem ao pôr do sol. Praticamente um sonho de uma noite de verão. Sem o perfume shakesperiano, of course. (com Marco Eduardo Altoé)

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PatBo

Patricia Bonaldi fez uma ode ao Made in Brasil de forma lúdica e de fácil interpretação na coleção Verão 2017 da PatBo. A boa nova é o ineditismo no uso de moulages em peças (mais da metade da coleção) que envolviam todo o shape das modelos. Os bordados, até então carro chefe de Bonaldi, viraram antagonistas do conjunto geral e só surgiram de formas pontuais com um objetivo: criar textura e volume e contribuir para o caráter funny e lúdico do montante. Com um mood total tropical, a grife apresentou um desfile caloroso, enérgico e patriótico – as cores da bandeira nacional são o cerne da cartela de cores e, por isso, verdes e amarelos deram as caras com frequência. Num mesmo look, estampas de folhagens (também presentes através de plissados) dividiram atenção com inusitadas saias que mais pareciam folhas de bananeiras emaranhadas. Toda essa brasilidade foi coroada com uma trilha entoada pela voz de Caetano Veloso, num desfile que veste tanto para o dia, quanto para a noite e que apresentou, apesar de uma não tão clara divisão de blocos, unidade, tendências, acabamentos fantásticos e um recado dos bons: viva a nossa terra – apesar dos pesares.

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