SPFW Inverno 2016: o sexo e poder dos 50 tons de P&B de Alexandre Herchcovitch em desfile histórico na sede da Prefeitura de São Paulo


Dando o start na 20ª edição da São Paulo Fashion Week, o estilista contou uma história de boudoir sobre amor, perda, perversão, sexo e poder. Ao final, no backstage, perguntou ao HT: “Será que (o desfile) foi tudo isso mesmo?”. A gente responde a seguir!

As reuniões de secretariado e os despachos do executivo municipal paulistano deram lugar a uma história provocante na tarde fria de domingo (dia 18) em pleno hall de entrada do Edifício Matarazzo, atual sede da Prefeitura de São Paulo, no Centro histórico. O responsável? Alexandre Herchcovitch, abrindo a 20ª edição da São Paulo Fashion Week, que abalou as colunas com linhas arquitetônicas da década de 30 que remetem ao neoclassicismo. Ele apresentou um fashion show inspirado em um boudoir apimentado, instigante, hermético e minimalista. Na coleção Inverno 2016, o estilista lançou mão ainda de um fio condutor que passeia pelo amor (em tempos de relações líquidas!), suas consequentes perdas, e, para balançar o coreto: perversão, sexo e muito, mas muito poder. Um fetiche fashion de primeira linha.

Brincando com o P&B, a coleção entregou o prometido horas antes por Alexandre: um megamix de tudo o que já havia feito em sua carreira. Os pontuais e tradicionais xadrezes surgiram em meio à camisolas em tricoline de cashmere e tafetá de seda, tudo com muita transparência e sensualidade, corroborando o que o mundo fashion já ventilava: a moda íntima sairá cada vez mais das quatro paredes e ganhará as ruas no Inverno. As modelos, incluindo a musa do estilista, Geanine Marques, que também riscaram a passarela com bodies  e tops, imprimiram fetiche com tules elásticos e fitas de gorgurão que ora cobriam toda a cabeça, ora as impediam de movimentar as mãos.

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Isso sem contar com as maxifendas e aberturas muito bem localizadas, diga-se de passagem, que iam do umbigo ao bumbum. Jaquetas, saias, calças de lã e vestidos em cetim, seda, crepe e jacquard ganharam um toque de alfaiataria e saíram com formas fluídas no resultado final. Um desfile, com toque de Maurício Ianês no styling e Roberta Marzolla, na direção, para instigar os pudicos, inspirar os calientes e colocar Christian Grey no chinelo. Aliás, Anastasia Steele que se cuide no inverno com cinquenta tons de preto e branco de Alexandre Herchcovitch.

Devemos ressaltar também os calçados criados pela Arezzo para o desfile de Herchcovitch. Criatividade pura em um misto de bota e sandália. Mas, na verdade, meias de couro com sandálias salto 15 com zíperes e tiras com velcro. Tudo a ver com o clima fetichista que permeou o desfile.

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Em tempo: Antes de as modelos riscarem a passarela, nomes como o estilista Reinaldo Lourenço, o consultor de estilo Jackson Araújo e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, além do próprio Herchcovitch, embarcaram em ônibus e trens do metrô para chegar à sede da prefeitura. Movimento de incentivo ao uso do transporte público incensado pelo próprio estilista que, no lugar de um tradicional convite, entregou um Bilhete Único (usado para esses fins) carregado com R$ 7 – o valor necessário para ida e volta do evento. Do lado de fora do prédio, nem parecia domingo no Viaduto do Chá. A abertura da maior semana de moda da América Latina levou um número enorme de convidados, digno dos mais disputados e prestigiados desfiles de grifes do eixo Paris-Milão-Londres. Essa turma, se jogou no vento de 18 graus para acompanhar o espetáculo que ali dentro aconteceria. Fashionistas chegavam a todo momento caminhando pelo antigo Centro com seu Bilhete Único na mão – cena boa de se ver para o start da 20ª edição da SPFW. No time? Gloria Kalil, Dudu Bertholini, Lilian Pacce, Ronaldo Fraga, Fernanda Young, Costanza Pascolato, Consuelo Blocker, Paulo BorgesGiovanni Bianco, Ricardo dos Anjos, Marcelo Sommer, Nelson Alvarenga e companhia ilimitada.

Na fila A do desfile, o companheiro de Alexandre, o designer Fabio Souza, acompanhava Fernando, filho mais novo do casal, que tímido, conferia pela primeira vez um desfile. No backstage, o estilista, cansado da labuta, era só modéstia: “Será que foi tudo isso mesmo?”, perguntou a HT. Daquelas perguntas que não precisam de resposta vide os rasantes vistos na passarela.


Assista ao desfile de Alexandre Herchcovitch na íntegra

Beleza

As mãos de Celso Kamura deixaram o casting com aquela pegada de cabelo amassado, como se as tops tivessem acabado de despertar de um sono pesado pós night movimentada, já que a coleção tinha um forte perfume sexual. O expert dos fios optou por partir as madeixas ao meio e penteá-las bem no topo da cabeça, enquanto Robert Estevão, responsável pela maquiagem, apostou no delineador (à lá olho de gato), e nas tonalidades de marrom para maçãs e cílios.

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