SICC 2015: Salão Internacional do Couro e do Calçado, em Gramado, faz roda da economia girar e o diretor Frederico Pletsch planeja realizar o evento no exterior


Diretor da Merkator Feiras e Eventos afirma que o sucesso da feira é conseguir agregar a moda plural – desde a que é feita na indústria de alta produção à média e pequena empresas – conjugando a diversidade de estilos e tendências para todos os públicos

A constatação é tácita: todos os especialistas em economia têm apontado que as últimas quatro décadas foram cruciais para o Brasil marcar seu território na história do calçado como um dos maiores fabricantes do mundo em couro. Se o país conseguiu ter uma chancela reconhecida do calçado made in Brazil, o mesmo podemos dizer sobre a consolidação do Salão Internacional do Couro e do Calçado (SICC), responsável por incrementar 70% das vendas anuais do setor que fatura anualmente R$ 26,8 bilhões. É prazeroso para uma jornalista e editora de moda acompanhar ano a ano o burburinho das negociações durante uma das maiores feiras calçadistas da América do Sul, e o aumento tanto de público quanto de espaço físico para as rodadas de negócios, que são feitas no Serra Park, em Gramado, no Rio Grande do Sul. Logo de cara, no primeiro dia do SICC me deparei com um inacreditável congestionamento de 40 minutos para se chegar até o local, tal a procura de compradores ávidos por conhecer as novidades propostas para a Primavera-Verão 2016 de 1.700 marcas de calçados e acessórios mil com o melhor do design brasileiro.

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Que sucesso é esse queremos saber de Frederico Pletsch, diretor da Merkator Feiras e Eventos, promotora do evento em parceria com os sindicatos das indústrias de calçados de Estância Velha, de Ivoti, de Igrejinha, de Novo Hamburgo, de Parobé, de Sapiranga e de Três Coroas? “O sucesso do SICC é conseguir agregar a moda plural: tanto a da indústria de alta produção como as indústrias de médio e pequeno porte. Conseguimos oferecer ao lojista os mais variados tipos de calçados: masculino, feminino, infantil, esportivo, além de bolsas, cintos. Todos os mais diversos acessórios em um só local”, comentou. E o céu é o limite para esta investida? “O SICC vai alçar voos e já estamos planejando levar nossa expertise para o exterior”, contou.

Frederico Pletsch, diretor da Merkator Feiras e Eventos: "o sucesso da feira é agregar a moda plural"

Frederico Pletsch, diretor da Merkator Feiras e Eventos: “o sucesso da feira é agregar a moda plural”

Foram três dias de contato entre indústria e varejo e um resultado substancialmente bem maior do que o ano de 2014. Segundo Frederico Pletsch, a marca do SICC 2015 foi o resgate do otimismo dos agentes do setor calçadista. “Este resultado, talvez até um pouco além da expectativa, mostra a disposição do lojista em renovar fortemente suas vitrines com produtos inéditos, de todas as tendências, procurando encantar o consumidor e sinalizando a expectativa de um segundo semestre de recuperação”, disse.

Para corroborar esta frase, vou contar o que Frederico falou com ênfase durante uma entrevista. Na opinião dele, o monstro da crise brasileira foi muito pintado pela indústria automobilística e se tornou um viral país afora. “Estão pegando a palavra crise para fazer o Brasil parar. Mas, no setor calçadista a história não é bem assim. Disseram que as vendas da indústria calçadista caiu 2% no primeiro trimestre, mas cresceu 10% no Dia das Mães. Crise onde? No nosso setor, não!”, afirmou categórico.

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Durante a nossa conversa, Fred lembrou que o que eu escrevi na nossa prévia sobre o evento abordando a questão importante de as indústrias calçadistas estarem se voltando para o mercado interno com mais força do que nunca. É claro que ainda exportamos muiiitos calçados. O principal comprador do calçado made in Brasil continua sendo os Estados Unidos. Só em abril foram exportados para os americanos 586,2 mil pares por US$ 14,37 milhões, segundo dados da Abicalçados. Um aumento de 3,2% com relação ao mesmo mês do ano passado e com todo o medo e precaução dos fabricantes brasileiros com relação ao Dragão Chinês. Nos quatro primeiros meses do ano, os americanos compraram  3,7 milhões de pares de calçados, pagando US$ 55,9 milhões. Além da questão da soberania da China em tentar devorar o mercado de calçados, o Brasil enfrenta ainda a dura questão do nosso terceiro maior importador: a Argentina, mergulhada na recessão.

“Depois de muitas conversas, os fabricantes brasileiros decidiram que a melhor investida seria se unir e mostrar ao mesmo tempo em uma mesma data as novidades para os lojistas”, comentou Fred. É hora de olhar para nós mesmos, como afirmou o estilista Lino Villaventura durante a última edição da São Paulo Fashion Week. E se isso vale para o vestuário, também foi entendido que seria a melhor opção para o setor calçadista.

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Mas, vamos voltar um pouquinho sobre o que aconteceu no SICC com relação ao mercado externo. Foi algo incrível. A Merkator em dobradinha com os sindicatos parceiros criou o projeto Grupo de Importadores, disponibilizando tradutores e uma estrutura especial para atender os compradores internacionais. Com o incentivo do dólar nas alturas, muitos importadores aumentaram suas compras em até 100%. O SICC levou para o Rio Grande do Sul 100 importadores, número que cresceu 40% em relação ao ano passado.

A feita recebeu visitantes de países africanos, como Zimbabwe, Sudão Líbia e Ilhas Maurício. A região do Oriente Médio foi representada pelo maior número de países, entre eles, Arábia Saudita, Oman, Paquistão, Emirados Árabes e Kuwait. “Tivemos compradores do mercado europeu, vindos da França, Rússia e Polônia. É uma oportunidade para aproximar a nossa indústria desses mercados”, destacou o diretor da Merkator.

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De acordo como o que foi divulgado para a imprensa, regiões que tradicionalmente são consumidoras do calçado brasileiro também foram representadas no grupo. É o caso dos países da América do Sul, principal destino das exportações, representados por Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru. A América Central terá compradores vindos de países como Costa Rica, Panamá e República Dominicana. Primeiro grande mercado consumidor do calçado brasileiro, os Estados Unidos também está representado.

Segundo a organização do evento, foi o caso do lojista Satishvarma Natarajan, da Jawad, com 14 lojas na região do Golfo Pérsico (em Bahrein, Emirados Árabes, Catar e Omã). Ele levou do Brasil 40 mil pares em 2015, dobrando seu volume sobre 2014. Isso pode ter um desdobramento a longo prazo muito importante para o SICC: a sua internacionalização, podendo mesmo ser realizado em outros países como contamos acima.

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Vicky Fong Phum, da Negociacions Jade S.A.C (Lima/Peru), distribuidora para 84 lojas em 23 cidades peruanas, afirma que o SICC representa 60% das coleções com que trabalha. Desde 2012 até esta edição, as compras evoluíram de 3.700 para 25.400 pares. De forma geral, ela projeta aumento de 12% no seu volume de importação do Brasil, na relação entre 2015 e 2014, e já programa mais 15% de crescimento para 2016 sobre 2015.

Outra distribuidora que também já projeta avançar em 50% suas importações do Brasil em 2016/2015 – de US$ 1 milhão para US$ 1,5 milhão – é a americana PGM Miami Corporation, que atende Estados Unidos, Canadá e Caribe. O proprietário Cláudio Piereck destaca que a grande vantagem do SICC é a data, que antecipa as coleções. “A indústria brasileira de calçados está muito bem representada aqui”, frisa.

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O industrial Werner Júnior, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Três Coroas, de acordo com os organizadores da feira, se mostrou bastante animado com a internacionalização do SICC, realizado através de um processo simples que compartilha conhecimento das empresas e a expertise da Merkator. Também o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Igrejinha, Pedro Kayser, reforçou a importância de ampliar e manter o mercado externo, que pode auxiliar na época de entressafra do mercado doméstico. Lembra, no entanto, que os pedidos são programados para entrega em seis meses e a variação do dólar é um fator que exige cautela nos negócios.

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A Merkator Feiras e Eventos também investiu um dia antes da abertura oficial do Salão em uma palestra direcionada para compradores, lojistas e representantes das indústrias de calçados e acessórios realizada na Sala Rubi do Hotel Serra Azul, em Gramado/RS. De acordo com a diretora da Merkator feiras e Eventos, Roberta Pletsch, o objetivo do projeto batizado Papo Legal foi abordar temas de moda e empreendedorismo. “Apresentamos um panorama do atual momento em moda e negócios remetendo ao que há de novo também nas vitrines do europeias e que influenciam o consumo brasileiro”, disse. O consultor Vanderlei Kichel, da SetaDigital, software house especialista em redes de lojas de calçados falou sobre os “5 Passos Para Vender Mais” e jornalistas do Trends LAB, site especializado em moda, tendências e comportamento do Grupo Sinos, abordaram “O que as ruas e vitrines europeias trazem de novo a moda relacionadas ao comportamento de consumo dos brasileiros”. Que venham os novos ventos em 2016!!