Patrícia Viera, Marta Macedo e Lino Villaventura fazem balanço do primeiro dia de desfiles do Rio Moda Rio


Couros, mulheres guerreiras, roqueiras, latinas em desfiles que esquentaram o Pier Mauá em looks que já podiam ser comprados lá mesmo, nos galpões do Rio Moda Rio

Depois de dois anos fora do calendário oficial do mundo da moda, o Rio de Janeiro mostra que ainda é um mercado superaquecido e cheio de identidade no cenário fashion. Prova disso? O sucesso do primeiro dia de desfiles da Rio Moda Rio, evento que aboliu as nomenclaturas de estações do ano e colocou o Pier Mauá para ferver com desfiles, palestras, plataforma lançadora de novos nomes, shows e aquela vista linda da Baía de Guanabara e das obras quase prontas do Porto Maravilha.

Para dar início aos trabalhos, nesta quarta-feira, foram convocados Patricia Viera, Lino Villaventura, e os estreantes em semanas de moda Marta Macedo e sua Martu e Guto Carvalhoneto. Vem com a gente, porque a equipe do HT se manteve onipresente dentro do Pier Mauá e conta tudinho o que aconteceu no backstage.

Patrícia Viera

A estilista se inspirou na mulher latina, que gosta de viajar e está sempre pronta para fazer as malas. Com cartela de cores primárias, o desfile apresentou fendas, decotes e comprimento mídi, tudo em tecidos de couro, marca registrada de Patrícia. No backstage, ela nos contou um pouco sobre o conceito da coleção. “Eu fiz uma continuação do que eu desfilei na São Paulo Fashion Week. É uma coleção que foi muito rápida e muito pensada para essa cliente que vai viajar e não pode ter o seu guarda-roupa inteiro na mala. São peças meio que curinga que se misturam e formam vários looks”, adiantou ela, que se esquivou de qualquer polêmica referente ao uso do couro.

“Eu só uso couro abatido pela carne. Sou muito respeitada porque ando dentro das normas estabelecidas, então, eu não tenho esse problema”, afirmou. Mas será que o tecido também funciona para a mulher carioca, levando em conta as altas temperaturas da Cidade Maravilhosa? A estilista garantiu que sim: “O couro absorve a temperatura da pele. Então é muito fácil, tanto que eu estou no ramo há 32 anos”, disse.

Questionada sobre a tendência do “see now buy now”, a estilista disse ser adepta do sistema há muitos anos. “Normalmente eu faço uma coleção entre as duas semanas de moda (SPFW e no Rio) para exportação. Hoje em dia a gente vai ter muito mais necessidade disso, porque está tudo muito rápido. Então, você tem que alimentar essa cliente, fazendo mini coleções. Há dez anos que eu faço minha coleção para desfiles e vendo imediatamente”, revelou ela, que ainda comentou a volta do Rio para o circuito da moda. “Fazer essa coleção para a carioca é muito fácil, elas são fáceis de vestir. Aqui as coisas são mais lights. Esse evento é um presente para o Rio. Ontem eu fiquei super emocionada com a homenagem que aconteceu aqui para os estilistas, são todos da minha época. E se você você olhar as roupas de ontem e de hoje estão altamente atuais”, disse, se referindo à abertura do evento, que contou com apresentações em homenagem a George Henri, Maria Cândida Sarmento, da Maria Bonita, Simão Azulay, da Yes, Brasil, e Mauro Taubman, da Company.

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Lino Villaventura

Lino, famoso por sua alta costura cheia de referências e por ser queridinho das celebridades, dividiu sua coleção verão 2016/2017 para ser apresentada em três partes: Minas Trend, SPFW e, agora, no Rio Moda Rio. Em terras cariocas, o estilista paraense – mas radicado no Ceará – homenageou a mulher com looks que oferecem movimento, vestidos e muita cor na passarela.

“Esse movimento é muito bacana, eu acho que o Rio precisa revitalizar essa identidade que o carioca tem. Isso se reflete também na nossa inspiração de moda. O meu desfile está bem colorido, mas um colorido solar. Uma coisa meio prata e bronze. Busquei inspiração na vida, em coisas que me fazem bem”, disse ele, que ainda explicou como divide seu trabalho para as semanas de moda. “A coleção é uma só, mas você divide em três. O Minas Trend é uma parte mais comercial, a São Paulo Fashion Week é conceitual e cenográfica e aqui no Rio eu trago uma coisa mais sensual, com mulheres bacanas, desconcertadas e cheias de ritmo”, revelou.

Questionado sobre a falta de representantes do nordeste no mundo da moda, ele foi taxativo: “Eu acho que está faltando uma grande oportunidade para essas pessoas aparecerem, não só na moda. Eu acho também que existe uma coisa que tira a coragem das pessoas de fazerem algo que tenham sua identidade”, ponderou o artista, que ainda falou sobre a crise no país. “Tem que ter coragem e acreditar que as coisas vão melhorar. Eu já passei por várias crises e acho que essa foi uma das piores, porque passa por todos os segmentos. É muito desencorajador a gente ver as coisas como estão”, refletiu Lino.

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Martu

Estreando em uma semana de moda, os vestidos de gala foram o ponto alto do desfile da estilista carioca Marta Macedo. Tudo com muito brilho, tie-dye e bordado. Algumas peças esvoaçantes vieram com caudas bem longas e deixaram as mulheres da plateia desejando todas as peças. “É muito tenso e uma ansiedade louca estrear aqui. A correria é tanta que só ontem eu tive um tempinho maior para respirar e refletir que a gente chegou a um lugar que era um dos nosso objetivos. A coleção ficou redonda e traz uma inovação para a marca como processo criativo. As roupas têm uma pegada mais rock, mais louco. A inspiração veio da liberdade da mulher, sabe? Eu peguei tudo o que eu aprendi ao longo desses dez anos e vou trazer com uma linguagem que eu acho extremamente comercial, com peças mais ousadas”, revelou.

Marta Macedo e Glória Maria (Foto: Reginaldo Teixeira/Divulgação CS Eventos)

Marta Macedo e Glória Maria (Foto: Reginaldo Teixeira/Divulgação CS Eventos)

Sobre o sistema see now byu now, Marta garantiu que as peças do desfile da Rio Moda Rio já estariam à venda em sua loja. “A ideia é seduzir a cliente aqui no desfile para que ela já queira ir para a loja amanhã. A gente está no Rio, e a mulher de hoje em dia viaja o mundo. Ela não tem mais estação. Ninguém compra uma roupa para usar no verão ou no inverno. Eu não acredito muito nisso. Comercialmente, não adianta fazer uma linha inverno muito rigorosa no Brasil, porque não vai pegar”, revelou ela, que ainda comentou ter passado bem pela crise econômica no país. “A gente não teve crise, graças a Deus! O país está complicado, mas a gente precisou flexibilizar algumas coisas para manter o padrão. Mas não foi nada radical e está funcionando bem”, finalizou. Sorte a nossa!

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