Para enfrentar a crise, Carlos Pazetto e o consultor de moda inglês Robert Forrest apostam em escutar as vozes dos alunos do Senai Cetiqt

Um dos piores erros que um profissional do mundo da moda pode ter é fechar os olhos para outros universos. Este conselho é de um dos mais criativos brasileiros e fundador de uma empresa referência em eventos sofisticados, Carlos Pazetto. O profissional já foi o responsável por organizar desfiles de grifes internacionais, como Chanel e Louis Vuitton. Sendo assim, ele não perdeu a oportunidade de conferir os novos rostinhos da moda nacional que passaram pelo SENAI Brasil Fashion, evento no qual assinou a direção de desfile. “Sempre acreditei em novos designers. Fui diretor do Phytoervas Fashion, por exemplo, onde mantive na minha cabeça a importância de trabalhar com novos talentos, porque acho que as coisas vão se esgotando. Temos uma geração muito forte de estilistas da década de 90, mas estamos precisando de renovação”, contou. O expert conseguiu conferir o que se passa pela mente dos jovens profissionais em um desfile que exibiu o trabalho de 24 estudantes do SENAI Cetiqt de todo o Brasil, realizado no Museu do Amanhã, no Rio.

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Para a confecção de cada roupa, os alunos receberam a ajuda integral de quatro grandes nomes do meio, Alexandre Hechcovitch, Lino Villaventura, Lenny Niemeyer e Ronaldo Fraga. Os profissionais ajudaram os alunos a destacar a identidade que Carlos Pazetto conseguiu identificar nas peças inusitadas. O desfile é a forma de reunir tudo o que os estudantes aprendem ao longo do curso. “A formação é o melhor caminho. Quando a pessoa tem a técnica e o preparo de uma escola é totalmente diferente. Por isso dou o maior apoio, porque estes estilistas e modelistas têm algo a dizer e isto vem de uma maneira muito autoral. Eles mostram o que pensam”, informou Carlos. Os resultados que o profissional pôde conferir nesta quarta edição do evento iam desde roupas tingidas com a lama do desastre de Mariana até a confecção através de uma impressora 3D.

Carlos Pazetto dá dicas sobre como se destacar no mundo da moda (Foto: Agência Fotosite)

Para provar que a palavra desta galera mais nova é relevante, o SENAI Brasil Fashion contou com a presença de outro grande nome da indústria. O inglês Robert Forrest é um dos maiores consultores de moda do mundo, além de um especialista quando o assunto é luxo. Na visão dele, estes jovens que estão embarcando no meio agora possuem um mercado excelente de trabalho. “Acho que o Brasil é um bom lugar para trabalhar e excelente para fazer negócios. Especialmente aqui, no Rio de Janeiro, as pessoas conseguem se inspirar muito na praia e trazer acessórios muito interessantes. No entanto, o país está passando por muitos problemas, mas, de qualquer forma, continua sendo um grande mercado. Acho interessante que as pessoas invistam aqui”, afirmou. Apesar da dificuldade econômica, a moda brasileira, na visão do especialista, continua forte.

A crise econômica do Brasil afetou todas as áreas, inclusive, o comércio. Com isto, o universo da moda tem sentido uma grande diferença nas vendas, o que atingiu a cadeia no geral. Por isso, Carlos Pazetto privilegia a voz dos alunos que estão se formando agora no SENAI Cetiqt, porque é importante saber o que a galera jovem está pensando. Com um olhar aguçado sobre tudo o que significa tendências e arte, o brasileiro prevê um ano de descobertas para o ramo. “O nosso mercado está bem complicado e acho que ao encarar esta realidade as pessoas precisam se movimentar. Acho que somente agora, no final do ano, é que os profissionais começaram a tentar organizar uma mudança que precisa ser feita de forma muito rápida. Só iremos conseguir ter vitória com trabalho, trabalho e trabalho. Os profissionais precisam ter pensamento estratégico para fazer com que as pessoas se mobilizem juntas. Temos que sair do nosso casulo, ouvir os outros e renovar o pessoal. O tema para o ano que vem é fazer junto”, contou. Por tanto, a ideia primordial do sucesso é ouvir para que o resultado final seja mais satisfatório. Afinal, a dica de ouro pode vir da pessoa mais inusitada.

Robert Forrest é consultor de moda e foi um incentivador da internacionalização de Lenny Niemeyer (Foto: agência Fotosite)

Esta avalanche de mudanças que devem ocorrer em 2018 é altamente necessária, de acordo com o profissional. Devido à crise, Carlos acha que os comerciantes precisam entender que o consumidor mudou. “É possível continuar trabalhando em um período conturbado como é a crise, no entanto, é óbvio que não teremos a mesma efervescência no que se diz respeito ao volume de trabalho. Mas com a dedicação e a paixão é possível continuar no meio, mesmo com a dificuldade de oportunidades”, garantiu.

Falar é fácil, o difícil mesmo é fazer. E segundo Carlos Pazetto, ele está encarando estes conselhos no dia a dia de sua empresa de produções de eventos. As regras estão sendo aplicadas de uma maneira geral sob todos os integrantes de seu time. “Estou trazendo isto para a minha equipe, montando a logística a partir do que tenho trabalho. As nossas portas estão abertas para o novo, como tendências, formas de comunicação e a relação com a internet. Estou valorizando a ideia de ouvir o outro, especialmente quem está chegando, porque temos que pensar que possuímos apenas uma boca contra duas orelhas”, concluiu.