De Fernanda Lima a Walério Araújo, moderninhos decretam: “Sensualize no carná sendo você mesmo!”


No camarote da Devassa, HT bate um papo com fashionistas famosos sobre o que vestir na folia, com Dudu Bertholini afirmando: “Carregação pode!”

Definitivamente carnaval é época de mostrar. Mostrar corpão, malemolência, criatividade, samba no pé, grandeza ou até mesmo a falta dela. É nesse momento que carnavalescos, estilistas e diretores criativos podem expor um trabalho apurado durante o ano todo, e também é quando várias mulheres bonitas aproveitam para exibir o resultado depurado com alimentação e malhação. Ou, ainda, quando meninas estilosas mostram ousadia. E no meio desse mainstream de sempre da Sapucaí, uma invasão de estilistas, produtores de moda e garotas moderninhas toma conta dos camarotes, todos cheios de dicas para quem quer sair da mesmice, nem que seja só durante o período momesco. HT bate um papo firme também esses famosos animados que davam expediente no camarote da Devassa, para saber o que mais tem chamado atenção dos fashionistas na passarela do samba.

Um ponto de coral e negro reluz na avenida em meio às camisetinhas iguais no camarote e não é alegoria, nem adereço. Eis que, entre plumas e paetês, surge um personagem com pegada freak sob os olhares daquelas usuárias dos famigerados shortinhos de paetês de sempre: o estilista Dudu Bertholini, que já chega logo com com seu shape abravanado setentista em plena avenida, carregado pela legging coral, longos brincos de cruz, botas e jaqueta. E decreta: “Carnaval é o momento onde se pode entrar no espírito da fantasia, então vale muito para quem não tem coragem de fazer isso o ano todo e pode aproveitar a ocasião para sair do óbvio. O que não vale é usar algo que não combina com você, nem te deixa confortável, fora isso, enfeite-se!”, afirma quase batendo no peito com veemência. E vaticina: “Sobre a passarela do samba vale, além da exuberância de sempre, aquilo que mais prende a sua atenção, ou seja, quando aparecem soluções criativas, fora das cores padrão da escola ou em materiais reciclados.

E quem comanda a pegada “vale tudo” no camarote da Devassa é a equipe responsável pela customização das camisetas da cervejaria, fruto de parceria com os estilistas da Casa de Criadores. Além de criar peças incríveis usando as camisetas básicas, num estalar de dedos para cada um dos convidados, a equipe se autoproduz com verdadeiras fantasias. Cada dia apresentam um look mais ousado que o outro, lembrando uma era da sociedade do espetáculo de um carnaval que não existe mais, onde predominava a ousadia sem pudores, mas com criatividade. Puro luxo. Com sua língua afiada a devassidão em alta, o maior personagem dessa turma, sem dúvida, é o estilista Walério Araújo, uma atração à parte. Todos os dias ele se utiliza da produção mais bombástica, carregando na luxúria, e ainda é o mais animado entre os foliões.

No meio de todo esse badalo, HT conseguiu segurar Walério pelo braço e tirá-lo de sua dança com pinta de passista, com direito a look de fio dental aparecendo no macacão aberto nas costas. A pergunta é só uma: o que vale usar e que chama atenção na hora de sensualizar na avenida. O fashionista acredita que o mais importante no carnaval é manter o senso de humor, já que esta é época perfeita para usá-lo. E alfineta sem o menor pudor: “Vejo muita gente querendo ser apelativa nos camarotes, mas sem savoir faire. Cadê a espirituosidade?  Então, o que está fazendo em uma festa? Não adianta querer chamar atenção sem ser original. Sei que feeling não é para todos, mas se você é formador de opinião, minimamente deve ter o que apresentar. Vejo muita blogueira mostrando mais do mesmo e fazendo carão para ver se cola. Não adianta, meu bem, se não tem originalidade”, bombardeia.

E para as moças arrasarem na sensualidade, o designer dá dicas poderosas, bem “a la Walério”: “Para quem não sabe ousar, é melhor continuar acreditando no shortinho jeans e no preto que são atemporais, dando uma ideia despretensiosa, embora isso não seja verdade para a maioria. Por exemplo: com uma camisetinha branca está ótimo e sexy, principalmente se pegar aquela chuvinha. Aposta nisso que os boys adoram!”. Ui! Seu colega de profissão, o produtor André Hidalgo, também acha que a ideia é aderir à libido subliminar que existe em cada um: “Carnaval tem muito a ver com sexo, e isso fica estampado na ferocidade das pessoas nessa época do ano.”

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Fotos: Vera Donato / Divulgação

Se sexo é carnaval, nem só dele vive a festividade. É o que crê a apresentadora do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo. Colada no maridão Rodrigo Hilbert,  Fernanda Lima  passa todo o tempo vidrada nos desfiles. “Claro que também vale amor durante esses dias de Momo, nem que seja amor de carnaval. É uma época de muita energia, de troca, o que abre espaço para estes sentimentos. Essa integração entre as pessoas é o que mais me encanta na avenida, nesta última escola (União da Ilha) o que mais me chama atenção é este astral o tempo todo presente”, diz. Já para o apresentador Tande, o que mais se destaca é sempre  a bateria, alegoria e comissão de frente. “Fico sempre nessa expectativa, um espetáculo a parte”, conta. Mais tarde, os esportistas Guga e Romário se encantam com a Imperatriz Leopoldinense por sua homenagem ao Zico. E Guga assume: “Sou suspeito para falar, não sei se sou a melhor pessoa para você me entrevistar, porque só vou levar em consideração meu ídolo lá em cima. Sou fã de carteirinha dele, fiquei babando”, assume. Como diria Hebe: “Gracinha!”

E ainda sobre dar bafão na avenida, se no primeiro dia do carnaval a musa Grazi Massafera fez bonito invadindo a avenida antes de a Mangueira passar, no segundo dia foi a vez da sua família tomar conta, depois de engolir todas as devassas da noite. Bem que a moça disse no domingo que bebia só um pouquinho de cerveja, pois é amadora no assunto. Já sua família neste quesito se revela expert no assunto. Pois bem, a turma fez uma festinha na passarela em frente ao camarote, com seu pai, Gilmar Massafera, mostrando seu peculiar samba, talvez proveniente de alguma dança típica do Paraná. Frenético.  E ainda: sua amiga de infância, Fernanda Carrara, querendo fazer a musa e arrancando aplausos do povo do camarote. Enquanto isso, lá dentro, mais uma vez a turma do Bangalafumenga faz sucesso entre os famosos e, desta vez, com o providencial reforço de Fernandinha Abreu.

E, na vibe da folia com estilo, ainda vale ressaltar que, dentre a turma detentora de looks descolados, estavam as sócias Juliana Araújo e Eleonora Hsiung, responsáveis por vários brincos enormes e bacanas, usados pelas musas no camarote. A apresentadora do programa “Mais Cultura”, da TV Cultura, Barbara Thomaz, também fala sobre algumas dicas para arrasar no carná, mas não deixa nem de longe alguém mencionar o termo periguete. Radical, ela acredita que se a ideia é se exibir, não importa se você é mais perua, low profile ou até mesmo mais cheinha. “Sendo feliz está tudo certo, tem que se libertar. Vale cílio postiço, flores e plumas na cabeça, shorts curtinhos, só não acho que vale meia calça”, decreta a moça, toda epicurista. E completa: “Acho errado, a meia-calça. Se quer mostrar, assuma de verdade e sem disfarces”, pontua. Já a modelo e blogueira Melissa Paixão acredita que, se a ousadia é fundamental, que seja sem rótulos ou amarras. “Vai fundo. Se gosta de algo, use sem pensar no que vão achar, não fique pensando se está brega ou cafona, se joga!”.