Do trabalho no banco à paixão por imagens: Alex Santana é um dos fotógrafos mais badalados do momento e entrega: largou tudo para correr atrás do sonho


Inspirado por um livro de Helmut Newton, ele começou a pesquisar sozinho sobre a fotografia e resolveu virar assistente de Markos Fortes. A partir daí, as portas se abriram e continuam… “Mas eu estudo e me atualizo, as coisas vão mudando”

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Alex Santana clica os nomes mais badalados da moda (Foto: Reprodução/Facebook)

Alex Santana já foi um funcionário de banco e também clicou a exuberância da natureza, mas foi na moda que ele encontrou sua verdadeira paixão. Atualmente por trás das imagens mais badaladas do mundo da moda, como o editorial que realizamos com Suzana Pires em plena Avenida Atlântica, ele sabe exatamente o que o fez chegar no topo – e quer subir ainda mais alto. “Tem que estudar sempre, porque as coisas vão mudando. Acho que cada um tem seu próprio estilo e essa identidade única é o mais legal. Quando me procuram, sei que é porque querem algo específico que viram no meu trabalho. Mas, o grande lance é estar sempre se atualizando”, entregou ele, que tem como principal inspiração, desde o início da carreira, o mesmo nome: Helmult Newton. “Ainda no banco, vi um livro de um dos maiores nomes da fotografia de moda, o Helmut Newton, e eu fiquei impressionado e pensei: ‘Isso que eu quero fazer na minha vida’. Mas não sabia por onde começar. Fotografia era só um hobby de final de semana. O Newton me inspirou demais. É um trabalho que ficou para a história. Lindo, atual, incrível. Acho que vai ser sempre meu ídolo!”

Despertada por Newton, paixão pela fotografia tomou gás através das redes sociais, que também tiveram papel fundamental nessa história. “Eu trabalhava em banco e tinha uma amiga que morava em Miami. Na época, teve o boom de fotolog, flickr, que eram sites para fotógrafos e ela postava sempre fotos do pôr do sol lá. Eram imagens tão lindas! Eu ficava vendo aquilo e achava incrível e nisso eu quis começar a fazer também. Tinha uns grupos aqui no Rio de Janeiro que saíam para fotografar e comprei uma camerazinha compacta, que chamavam de saboneteira, e comecei. Eu entrava nesses blogs e fazia minhas fotos de paisagens”, lembrou ele, que, depois de um tempo adquirindo experiência, partiu para uma câmera semiprofissional e mergulhou na moda. A porta de entrada foi um grupo de amigos que estudavam no Senai-Cetiqt. “Eles faziam faculdade de moda e esse era meu único contato com o meio. Imagina? Eu trabalhava no banco, cursava publicidade. Uma vez, rolou um desfile de final de curso e depois me chamaram para fazer fotos do trabalho de conclusão. Era um editorial. Eu já estava fotografando amigos e resolvi clicar, não sabia nem o que estava fazendo. Mas ficou tão legal que eu comecei a estudar mais. Os cursos nessa área eram bem fracos e eu fui meio autodidata. Procurei ser assistente e mandei e-mail para os fotógrafos de moda no Rio”, contou.

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Ele começou a flertar com a fotografia em fotos de paisagens e da natureza (Foto: Reprodução/Facebook)

No mesmo dia, o fotógrafo Markos Fortes respondeu a mensagem e Alex foi até o estúdio com seu material embaixo do braço e expectativa à mil. “Ele me disse que a única coisa é que as fotos eram de amigas minhas, não de modelos, mas me convidou para ser o segundo assistente dele. Fiquei muito empolgado e ia todos os finais de semana. Até que um dia, ele me convidou para um editorial à noite e eu tinha trabalho. Faltei e fui com ele. No segundo, ele já me chamou para clicar uma campanha e fiquei muito empolgado. Até que ele me perguntou quanto eu queria para largar o banco. Eu queria muito aprender e sabia que ia ser uma escola incrível. Eu não ia só ser assistente dele, porque ele alugava o estúdio para outros profissionais. Aceitei”, lembrou. Mas, um dia antes da demissão, o balde de água fria: “No domingo à noite, ele me ligou e disse que um fotógrafo amigo morreu e iria convocar o assistente dele. Fiquei muito triste, mas continuei indo para o banco. Um mês depois disso, recebi uma mensagem do Markos me chamando para conversar. Pedi demissão do bano às 14h e às 15h já estava no estúdio fazendo fotos para ele”, contou.

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Em seu portfólio, Alex tem trabalhou variados (Foto: Reprodução/Facebook)

Dois anos depois, após muito aprendizado, Alex resolveu abrir o próprio estúdio. “Eu conheci muita gente e o Markos me deixava testar, também. Dizia que eu podia usar o espaço à vontade e eu fazia meus editoriais com uma galera que já estava conhecendo, produtores, modelos. A partir daí, montei o meu, em casa mesmo. Conheci muita gente lá no estúdio do Markos e quando ele não podia, me indicava para os trabalhos. Tinha essa troca, ele foi minha porta de entrada”, reconheceu. A partir daí, a carreira de Alex decolou. “Os trabalhos foram fluindo. Fiz fotos para várias revistas de São Paulo, Rio e internacionais também. Um trabalho muito legal que eu gostei foi a Cosmopolitan de Dubai. Eram dois editoriais aqui. A editora veio para uma semana de moda que estava rolando na época no Rio e me convidou para fotografar. Ela jogou no Google ‘fotógrafos no Brasil’ e curtiu meu trabalho. Resultado? As fotos saíram em 10 países! A Cosmopolitan foi republicando e isso me deu a maior visibilidade”, disse ele, que já assinou editoriais em títulos como Quem, Glamour e outras tantas.

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Uma das fotos da “Cosmopolitan” de Dubai, que foi publicada em outros dez países (Foto: Reprodução/Facebook)

“A moda era meu foco inicial! Eu tinha amigos, acabava respirando esse universo, mas nunca imaginei que ia entrar nesse meio assim”, ressaltou. Mas nem só de moda vive seu trabalho: “A fotografia é muito legal. Eu fazia uma revista da ‘Fecomércio’ e era mais retrato. Sempre tinham uns assuntos meios polêmicos e eu acabava entrando na vida dessas pessoas, ia em lugares que jamais pensei que estaria. Fui fazer uma matéria de famílias incomuns, fotografei um casal de lésbicas que morava com os filhos dos outros casamentos. Fiz um que o cara tinha sido casado quatro vezes e todas as ex-mulheres e os filhos moravam na mesma casa”, contou.

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Alex Santana gosta de fotografar celebridades e sabe que elas tem relação direta com a moda (Foto: Reprodução/Facebook)

Hoje, fotografando celebridades, sabe que a moda no Rio de Janeiro se mistura com a televisão. “Uma coisa vai puxando a outra. O Rio tem mais mercado com celebs do que a moda em si, que está mais em São Paulo”, analisou. E será que ele gosta? “Trabalhar com famosos é divertido. Cada um tem a sua característica, mas é legal. Não vejo muita televisão, então, não tenho esse deslumbre”, disse ele, que destaca um trabalho em especial: “Fui fotografar o Jarbas Homem de Mello na casa da Claudia Raia e ela meio que estava fazendo a direção da foto. Foi muito legal esse dia”, elogiou.

Se viver rodeado de celebridades já é algo cotidiano na rotina, uma estrela em especial o fez ficar nervoso: Gisele Bündchen. “Eu ia passar um dia inteiro com ela. Fotografar ‘um dia com Gisele’ para a Vogue no Copacabana Palace. Saí de casa, fui até o hotel e o segurança dela me ligou dizendo que estavam no Aterro e perguntando se eu tinha visto paparazzi. Eles mudaram o horário para não coincidir. Ele disse que se chegassem e tivesse paparazzi a foto ia cair, porque ela não queria. Na hora que ela apareceu tinham uns dez paparazzi aí eu liguei para a Vogue e disse que a foto ia cair. Voltei para casa e eles ficaram nessa tentando renegociar com ela. A Gisele ia ficar o dia todo no hotel, porque a noite teria premiação. Eles conseguiram a oportunidade de eu fazer uma foto dela saindo do quarto, no corredor do Copacabana Palace e ela não ia parar para posar, porque o dia estava cheio. Como a ideia era justamente ela não posando para as fotos, deu certo. Ficou legal, fiquei ansioso porque era a Gisele”, lembrou.

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As fotos de paisagens ainda fazem a cabeça de Alex, mas, atualmente, o foco é a moda (Foto: Reprodução/Facebook)

E ele sabe: fotografar celebridades gera um buzz instantâneo nas mídias sociais. “Quando comecei, jamais imaginei que ia entrar nesse meio. Acho que moda e celebs são muito próximos! Já aconteceu casos de eu ganhar mil seguidores, porque o João Vitti publicou uma foto comigo. Mas o mais engraçado foi da Lua Blanco. Estávamos juntos e tiramos foto de making of . Os fãs viram e descobriram o meu telefone, o da maquiadora e começaram a mandar mensagem implorando para, pelo amor de Deus, mandarmos fotos exclusivas para eles. E isso durou um mês depois da foto ainda. Eles me seguiam nas redes sociais, mandavam mensagem! O público é adolescente, né?”. E tem alguém que ele sonhe em clicar? “Sim. A Marisa Monte, que, além de linda, admiro muito”.

Alex, que também atua na direção de vídeos-campanha, quer se aprofundar mais nessa área. “É mais livre do que fotografia. Não tem o peso como a foto de campanha, porque são momentos. Se tem um sorriso espontâneo bonito, já pega. O vídeo não é posado, então tem mais momentos. Ele dá mais abertura. Ainda quero fazer curso de direção para vídeo em São Paulo. O vídeo teve um boom com os fashion films, depois deu uma caída, mas tenho vontade de entrar nessa, porque vale para a fotografia também”, comparou. E entre as fotos posadas e as do cotidiano, ele ainda prefere as que pode interferir. “Gosto de participar da cena, ver o conceito. Eu divido um apartamento com a Mary Saavedra, que é maquiadora, então sempre conversamos sobre luz, técnica. Troco muitas referências. Mas gosto das cenas cotidianas também, de só registrar e não dirigir. Normalmente foto com famoso eu nem vou com ideia fixa, porque sei que é tudo diferente. Mas quando é editorial, com referências, já dá para soltar mais as ideias”, entregou.

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Alex fotografou um editorial em plena Union Square, em Nova York, e sonha ainda mais alto! (Foto: Reprodução/Facebook)

Realizado em sua área, ele sabe que, apesar da crise, não tem do que reclamar. Com muitos sonhos ainda pretende clicar editoriais internacionais aos montes. “Hoje, minha vontade é viajar e conhecer lugares. Eu adoraria ir para o Japão fotografar. Sempre que viajo tento fazer editorial lá. Fomos para Nova York, eu, Anderson Vescah e Mary Saavedra e fizemos um lá. Já fotografei também para a revista da Letícia Cazarré, ela me convidou. Foi demais”, disse ele, que, em 2016, planeja passar mais tempo mergulhado na moda. “Quero ir para São Paulo, ficar uma época por lá. O mercado fashion está em São Paulo e quero colocar em prática esse projeto. E vou começar meio do zero também. Gosto do desafio”, contou. Não importa aonde, nós podemos garantir: sucesso ele terá!