DFB Festival 2018 – “A internacionalização da moda é bem-vinda, mas também é perigosa”, diz Cláudio Silveira, idealizador da maior semana de moda do Nordeste


A maratona de desfiles em Fortaleza é a maior da América Latinha no quesito mercado autoral e, dessa vez, a organização inovou mais uma vez ao unir o setor têxtil com galerias de artes, shows, oficinas e muito mais! A presença de grandes profissionais como Jonhson Cavalcante, Bruno Olly, Ivanovick, Fábio Caracas, Herculano Marques, Rebeca Sampaio e Gisela Franck é garantida. O site HT vai conferir tudo isto de perto

A maratona de semanas da moda continua. E, agora, os holofotes se voltam para Fortaleza com a 19º edição do maior evento de moda autoral da América Latina, o DFB Festival, que tem como mote “olhar a realidade através de todas as camadas, abrangendo todos os sentidos e todas as direções”. E o site HT estará lá para conferir tudo. O line up é composto por mais de 38 desfiles de moda trazendo grandes players nacionais e criadores emergentes distribuídos em três salas com capacidade para até mil pessoas. Nas confecções dos estilistas, a promessa são propostas modernas que vão desbravar novos caminhos das tendências atuais. “As pessoas que estão participando desta edição são profissionais vanguardistas e que se viram, mesmo com poucos recursos. Nunca vi tanta diversidade no Nordeste”, afirmou Cláudio Silveira, diretor do DFB Festival. A palavra de honra destes dias é a inovação, abrangendo todos os sentidos e direções que possam existir neste conceito.

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Cláudio Silveira é diretor do DFB Festival e idealizador do projeto (Foto: Davi Magalhães)

As novidades deste ano são muitas. O pavilhão do Conhecimento será o lugar do Dragão Pensando em Moda (DPM), que vai reunir diversos nomes da moda, design, gastronomia e inovação. Todos os dias, vários bate-papos interessantes rolarão neste espaço com a presença de grandes profissionais da área como Ronaldo Fraga, no dia 9, e David Lee, no dia 10. “No ano passado, notei que precisávamos de algo diferente. Nós acreditamos no criativo e não no industrial, por isso apoio sempre pessoas que querem inovar. Estou trazendo o DFB completamente diferenciado, que é uma preocupação que temos todos os anos, o que fortalece as parcerias. Para se tornar um festival, percebemos que tínhamos que ter todas as armas de um e por isso criamos uma galeria de arte, temos três palcos musicais, um espaço masculino com barbearia e muito mais. Além disso, nesta edição, levanto uma bandeira da região e mostro que temos orgulho de ser do Ceará, por isso quase todos os estilistas e as modelos são do Nordeste”, explicou Cláudio. Além disso, o público poderá acompanhar de pertinho oficinas que vão mexer com estratégias de construção de uma coleção a partir dos princípios do upcycling. Além disso, o evento reuniu mais de 50 expositores no Boulevard DFB com foco em moda, arte e design, proporcionando um diálogo direto entre o criador e o público.

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Além de variadas atrações, a organização do evento também fez questão de escolher os melhores nomes da música brasileira para embalar a festa. Entre a lista, estão Iza, no dia 9, e Karol Conka, na festa de encerramento, que são grandes referências quando o assunto é representatividade e moda. “Nós sempre levantamos a bandeira do profissional manifestar o seu poder, por isso os nomes delas acabaram aparecendo no nosso brainstorm. Deixei o dinheiro que ganharia para trazê-las”, contou o diretor. O repertório de shows conta ainda com mais atrações empoderadas que celebram a pluralidade como As Bahias e a Cozinha Mineira e CIC. Além disso, no sábado, haverá uma festa com o tema ‘Não se importe com o meu decote’, patrocinada pela marca Nayane Rodrigues Lingerie. Para completar, o palco ainda recebe a bailarina e coreógrafa renomada, Vera Passos. O epicentro cultural fica no Palco Ceará Sobre o Som que vai apresentar oito artistas e quatro DJs convidados nos quatro dias de evento.

Esta estrutura gigante foi montada com pouco dinheiro o que é difícil em época de crise. Apesar de muita gente ter esperança que este ano seria melhor economicamente, o diretor contou que ainda não viu uma mudança expressiva no cenário. “Não senti a recuperação econômica ainda, mas vi muita coragem, determinação, foco e coletividade. A comunidade da moda do Nordeste se vira nos trinta a partir da nossa união. Não vejo crescimento monetário, mas percebi a expansão de uma plataforma e de um espaço. A economia deu uma esquentada, isso é um fato. Mas prefiro não focar muito no luxo e no acúmulo de dinheiro para poder apostar na especialização de novos profissionais, afinal, Fortaleza está muito perigosa. De forma que as pessoas mais marginalizadas passam a integrar o meu time e terem uma vida melhor com muito respeito”, informou.

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Os desfiles apresentam uma galera nova misturada com marcas de destaque no mercado, como Riachuelo, Flee!, Hand Lace, Bikiny Society, D-AuraTanden e as apostas dos profissionais Jonhson CavalcanteBruno Olly, Ivanovick, Fábio CaracasHerculano Marques, Rebeca Sampaio e Gisela Franck. Todos eles, segundo Cláudio, tiveram a liberdade do mundo para inovar. “O objetivo do DFB é que o estilista seja respeitado pela indústria, porque ele é uma pessoa que tem um produto criativo e moderno. A pessoa manda o projeto e nós reunimos uma bancada, com designers, diretores, jornalistas e muito mais para selecionar os trabalhos. Convidamos os estilistas e custeamos todo o processo de confecção da roupa com uma estrutura vinda de São Paulo”, explicou o diretor. Assim, como no ano passado, esta turma teve o compromisso em falar sobre a economia circular e da economia criativa em suas criações. E isto levou em consideração, inclusive, os universitários que participam do Concurso dos Novos, iniciativa que visa trazer os jovens para as passarelas. Ao todo, sete estados diferentes foram contemplados neste projeto. “Espero que eles me surpreendam e invistam mais na cultura, em vez de focar em algo mais caricato”, afirmou o diretor Cláudio.

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Entre as muitas novidades que os estilistas vêm preparando para o público está um desfile exclusivo sob os novos moldes da Indústria 4.0. O DFB Festival vem acompanhando esta evolução que existe no mercado e estimulando os envolvidos a trabalhar mais por este viés. “Estamos de olho neste processo. A Elo Collab, uma marca cearense, vai oferecer uma trabalho todo sustentável e estamos fazendo pela primeira vez. Alguns outros estilistas também estão trabalhando esta visão, mas ainda é uma grande novidade no Nordeste”, informou. Esta reformulação da indústria trará não só a possibilidade de produzir moda na hora, mas novas noções de produção mais humanitária e ambiental. Este conceito é muito importante já que proporciona uma vida mais honesta para os trabalhadores, visto que em muitos lugares do mundo, inclusive, no Brasil o barateamento da moda acaba gerando a exploração de mão-de-obra. “Sinto que as pessoas precisam ser mais respeitadas financeiramente. Esta história precisa entrar primeiro na cabeça dos empresários, porque isto deveria ser um respeito obrigatório na indústria. Não tem nenhuma lei que obrigue o dono a ser mais generoso, isto é muito difícil de falar. Fico indignado com este cenário. Espero que Deus nos ajude e que este novo modelo industrial melhore esta relação”, lamentou. Para Cláudio Silveira, o respeito pelo próximo, pela indústria e pelo nosso dinheiro é um dos principais caminhos que o Brasil precisa seguir para alcançar um maior reconhecimento internacional.

O Terminal Marítimo como espaço reservado para o DFB Festival (Foto: Divulgação)

O Terminal Marítimo como espaço reservado para o DFB Festival (Foto: Divulgação)

O DFB Festival levanta, assumidamente, a bandeira da região Nordeste. Dessa forma, a internacionalização deste desfile fica por conta somente das cinco mídias estrangeiras que devem cobrir o evento. Isto, para o diretor, é muito importante já que este festival visa mostrar que o Nordeste não é apenas um local de turismo. Por isso, esta exportação da moda brasileira, segundo ele, fica por conta dos grandes centros do país como Rio e São Paulo. Além de fugir do seu propósito, Cláudio não sabe se concorda muito com esta ideia. “Ela é bem-vinda, mas também é perigosa. Não tenho bons olhos para isto. Temos que internacionalizar o Brasil primeiro fazendo com que sejamos respeitados lá fora, fortalecendo a nossa indústria e novos empreendedores. Não adianta atrair os olhares de fora se não tivermos selo de qualidade”, afirmou.

 

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Serviço:

DFB Festival 2018 | 360º | Manifeste seu Poder

9 a 12 de Maio

Terminal Marítimo de Passageiros de Fortaleza