A democracia anti-crise no Mega Polo Moda. Vem saber a síntese do que foi visto na passarela da Mega Fashion Week


O consultor Jackson Araujo faz um resumo das tendências apresentadas no maior shopping atacadista da América Latina onde os problemas da economia nacional passam longe e as roupas são consumidas instantaneamente

*Por Jackson Araujo

Há cerca de dez anos, Reginaldo Fonseca da Cia Paulista de Moda me colocou em contato direto com a moda praticada nos shopping centers do Brasil. Tem sido um aprendizado prático que evolui a cada ano, a cada temporada de desfiles, a cada coleção apresentada nos principais templos de contato direto com os consumidores de moda.

No Mega Polo Moda, onde colaboro junto à Cia Paulista de Moda com minha expertise de Consultor Criativo e Analista de Tendências, o aprendizado é revelador e orienta as conclusões sobre o que verdadeiramente vai ser moda nas ruas do Brasil, já que o shopping cumpre seu papel de distribuir para boa parte do país as roupas que serão consumidas e usadas por homens, mulheres e crianças.

Nessa década em que tenho acompanhado de perto os desfiles de lançamento de coleções do Mega Polo Moda, vejo a tradução rápida de tendências das passarelas internacionais serem oferecidas pelas marcas do shopping de uma forma muito interessante, que sempre coloca meu olhar atento sintonizado com a moda brasileira real, aquela que vai estar nas ruas nas próximas semanas, meses e temporadas. O Mega Polo Moda democratiza as informações de moda que surgem nos sites, blogs e canais trendsetter de conteúdo, aproximando seu público-alvo (lojistas e boutiqueiras do Brasil) dos desejos globais do consumo rápido e despretensioso, seguindo os moldes do fast fashion, com todos os impactos que esse mecanismo possa vir a gerar no mercado, como sua descartabilidade e produção em massa.

Mas aqui o foco é outro. Quando Heloisa Tolipan, no seu hábil papel de jornalista e editora de moda interessada em investigar algo mais do que a fogueira das vaidades que movimenta a indústria, me pediu uma pensata com viés analítico sobre o papel do Mega Polo Moda na indústria brasileira, o que mais me motiva é compartilhar aqui com vocês leitores, as mudanças que acompanhei no mercado promovidas nas passarelas dirigidas pela Cia Paulista de Moda, democratizando os desejos e as peças com status de coolness para o guarda-roupa da grande e potente base da pirâmide consumidora.

EVOLUÇÃO

Nessa década dentro do Mega Polo Moda, por exemplo, vi o shortinho derrubar a minissaia, assim como o boom da calça skinny, que aos poucos aniquilou toda e qualquer possibilidade de shape para o jeans bastante comercializado ali e consequentemente vestido Brasil afora. Do jeans com suas lavagens e tratamentos destroyed para as calças skinny color foi um pulo, acompanhando o desejo juvenil manifestado pela Internet (grande aliada do Mega em suas estratégias de comunicação via streaming dos desfiles e agilidade na publicação dos looks desfilados).

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TEMPERATURA

Dando ares de cansaço, o skinny jeans e sua versão jegging ganhou uma concorrente charmosa nas vitrines e passarelas, a calça boyfriend, tudo em sintonia com o que era ditado a cada estação, sendo o volume de vendas de determinado item, o verdadeiro termômetro da tendência que vai pegar. A boyfriend não pegou tanto assim, mas veio a silhueta flare, calça que valoriza as curvas e quadris da mulher brasileira, essa sim, item de consumo e desejo imediato que mantém ainda nessa estação o status de hit para o verão 16/17, que acaba de ser desfilado e consumido.

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A VITÓRIA DO CORPO

No Mega, o corpo democratizado é quem dita as regras. Basta lembrar o boom da moda Plus Size valorizado em desfile e marcas nas passarelas do shopping, aquecendo um mercado antes bastante ignorado no país e que atualmente funciona como a fatia mais aquecida do consumo de moda, sendo apontado até mesmo como a única parcela que não está em crise.

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EFEITO TROPICALIZANTE

Nas estampas, animal prints também foram mostrados e consumidos, temporada após temporada, assim como os florais tropicais, que nunca somem das araras, apenas mudam os desenhos, confirmando o gosto da consumidora brasileira pelas cores vibrantes e estamparia exuberante. Agora é a vez das costelas-de-adão e das estrelitzias dialogarem com o desejo tropicalizante que chega em boa hora para o nosso mercado.

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GUCCI PARA AS MASSAS

Agora também é a vez dos jeans com patches, entregando a linguagem Gucci para as massas, confirmando o olhar atento das marcas do Mega Polo Moda para as novas febres globais. Parabéns, Mega, pelos 21 anos de desafio diário em se manter relevante num cenário de instabilidade. Apostar na democracia é mesmo o melhor golpe contra a crise.

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