Daniela Falcão, Patrícia Carta, Lilian Pacce, Ale Farah: Conversamos com as editoras de moda para saber suas opiniões a respeito do Rio Moda Rio


Todas foram unânimes: o lifestyle carioca inspira o mercado. “Temos que aproveitar essa vocação do Rio de todas as maneiras possíveis”, disse Daniela

É inegável: o Rio de Janeiro voltou a ser um pólo de moda. Os cariocas, que ficaram “órfãos” do Fashion Rio em 2014, ganharam mais do que uma semana fashion. É que o movimento Rio Moda Rio, idealizado por Rodolfo Medina, Duda Magalhães, Luiz Calainho e Carlos Tufvesson – leia aqui nossa entrevista exclusiva, é uma plataforma completa que vai além das passarelas, com ações que se estendem pelo ano todo visando quebrar regras, celebrar a criatividade de estilistas, descobrir talentos e impulsionar o mercado, sempre com o espírito agregador. Concebido com a ativa participação de estilistas e pensado para atender às necessidades atuais do setor, o Rio Moda Rio encerrou sua semana de desfiles – pontapé inicial do projeto – na última sexta-feira, 18, e, agora, continua com sua missão: fazer com que a urbe maravilha respire moda ao longo de todo o ano. Nós, de HT, fomos atrás de alguns dos nomes mais influentes da moda brasileira para saber suas opiniões a respeito de tudo isso e, claro, as respostas foram inspiradoras. Vem com a gente!

Lilian Pacce
A jornalista, escritora e consultora de moda que é o nome à frente do semanal GNT Fashion e dona do site homônimo acredita que o melhor de tudo é poder aproveitar do lifestyle carioca. “Acho muito legal termos um evento de moda no Rio de Janeiro, essa cidade é muito gostosa, é uma delícia estar aqui”, comemorou ela, que considera a rixa Rio-São Paulo “totalmente ultrapassada”. “É uma briga chata e velha, não devemos nem alimentar isso. Temos que olhar para frente e precisa haver uma união, não divisão. O mundo tem que ser colaborativo”, defendeu Lilian, que se apaixonou por um dos novos estilistas. “O Guto Carvalho Neto é incrível. Não conhecia e achei o trabalho dele interessantíssimo”, contou. E qual a tendência que pega das passarelas, Lilian? “Acho que a volta das plataformas. Estou bem impressionada, todo mundo fez. É a cara do Rio também, né? Um salto mais despojado”, disse.

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Lilian Pacce (Foto: Reprodução)

Alexandra Farah
A vasta experiência em moda da mineira que foi uma das pioneiras na internet, já foi editora do site Chic – Gloria Kalil, e, atualmente, comanda colunas na Vogue, jornal Metro e a famosa ‘Moda & Negócios’ na Bandnews TV, além, é claro, do seu site homônimo, dá todas as credencias para que ela afirme: “o Rio de Janeiro merece ter um evento agitado toda semana”. Autora do livro ‘101 filmes para quem ama moda’, Ale elogiou o Rio Moda Rio e confessou ter se emocionado. “Essa cidade é sempre legal, porque tudo já nasce com esse cenário. Os desfiles estão lindos, a cenografia do Gringo (Cardia) é imbatível. As pessoas estão procurando sua força, ver qual a verdade da moda carioca, se é mesmo com desfiles… o que precisa é não parar de fazer”, opinou ela, que foi além.

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Alexandra Farah (Foto: Reprodução)

“É bom termos essa mexida para o mercado voltar a pensar sobre qual a sua verdadeira identidade”, disse Ale, que só viu três desfiles, mas já sabe qual a tendência principal: “O Rio já vem com essa característica da leveza. A Isabela Capeto trouxe aqueles vestidos esvoaçantes, assim como a Alessa… a Andrea Marques foi chiquérrima, acho que uma das melhores apresentações, e ela veio com essa estampa um pouco difusa e essa mistura de cores ousada. Amei”, analisou.

Daniela Falcão
A diretora editorial da Globo Condé Nast, que ficou por mais de dez anos à frente do cargo máximo da revista Vogue Brasil e, hoje, é responsável por títulos como “GQ”, “Glamour”, “Vogue” e “Casa Vogue” chegou de São Paulo direto para o Museu do Amanhã para acompanhar de perto a apresentação da Osklen. “Só de a marca realizar um desfile aqui, já teria vindo por isso”, garantiu ela, que acredita que, apesar de a cidade ter tido iniciativas isoladas, unir tudo em uma semana de moda é melhor.

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Daniela Falcão (Foto: Reprodução/Pablo Escajedo)

“Se está todo mundo agregado isso movimenta e facilita. Que bom que tivemos tantas iniciativas, o Veste Rio primeiro, agora o Rio Moda Rio. É legal que a gente descubra formas alternativas de a cidade estar de volta e virar notícia de moda – nem que não seja em uma semana tradicional. Acho que temos que explorar a vocação que o Rio de Janeiro tem em relação à moda, que é o lifestyle”, disse ela, que está “no meio do fechamento das revistas”, mas “tinha que estar aqui”. “Parece até fim de ano, com Veste Rio, desfile da Louis Vuitton, Rio Moda Rio… é realmente um ótimo fechamento de semestre. Tudo aconteceu agora porque depois temos as Olimpíadas, mas foi incrível para a cidade e é legal saber que já temos movimento garantido no segundo semestre. Nós mesmos, já estamos trabalhando no Veste Rio a todo vapor e no dia 19 de outubro estamos aí”, adiantou.

De acordo com Daniela, o cenário da cidade ajuda a moda em todos os sentidos: “Você chega aqui e, mesmo se estiver cheio de problemas, já vê tudo com boa vontade. Quando idealizamos o ‘Veste Rio’, nos questionamos o porquê de ter uma feira de moda aqui e não em São Paulo, e entendemos que o visitante gringo vai comprar toda a ideia – o visual, a alegria das pessoas, a descontração – é mais fácil comprar moda assim do que em um espaço fechado. Temos que aproveitar essa vocação do Rio de todas as maneiras possíveis”, disse. Afinal, o que é o lifestyle carioca, Daniela? “Um sorriso no rosto e uma ‘vibe’ de que tudo vai dar certo. Isso é muito cool e o carioca não faz esforço”.

Patrícia Carta
Diretora da Carta Editorial, toca de perto títulos poderosos como a revista “Harper’s Bazaar” – que ela trouxe ao Brasil – e o site RG, Patrícia Carta, que foi diretora da edição brasileira da Vogue por sete anos, acredita que todas as capitais merecem seu espaço. “É sempre bom haver um evento que incentive a moda para ver se conseguimos um retorno melhor no comércio. O Rio de Janeiro tem cenários lindos que ajudam em tudo. Além disso, o Brasil é enorme e é importante que capital tenha seu espaço”, analisou ela, que gosta da informalidade da moda carioca.

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Patrícia Carta (Foto: Divulgação)

“Tem uma interpretação casual que eu adoro. O mundo já está totalmente street, o streetwear já pegou em todo lugar e o Rio de Janeiro combina completamente com isso. É mais uma razão para manter esse DNA que pode ter glamour, pode ser chique, mas tem que ser informal e despretensioso. O lifestyle carioca é isso: cool, casual, descontraído e saudável”, garantiu.