Contagem regressiva para o Vitória Moda: das coleções de alto verão a um salão de economia criativa, o que a ilha reserva para HT


A busca pelas tendências regionais para a estação mais quente do ano e os nossos eternos olhos de lince no comportamento da moda de acordo com cada mercado

HT vem fazendo há bastante tempo um périplo pelo país buscando entender como a indústria da moda tem se comportado dependendo de sua regionalidade. Seja no Dragão Fashion, em Fortaleza, passando pelo Minas Trend e a São Paulo Fashion Week, por exemplo, estamos detectando particularidades que só vêm a chancelar o que sempre acreditamos neste espaço: a moda é – e deve ser – plural, fugindo do poderio do eixo Rio-São Paulo. E um destino que reforça bastante isso é a Ilha de Vitória, no Espírito Santo. Já saracoteamos por lá em outros anos durante o Vitória Moda, uma fashion week em pleno inverno da ilhota que apresenta o que as grifes locais pensam para o alto verão. Já estamos de malas prontas rumo a mais uma edição por lá e por isso, enquanto o dia 7 de julho não chega, armamos um preview do que devemos encontrar e que, aqui, compartilharemos com nosso olhar vanguardista.

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O Vitória Moda chega a sua oitava edição como o maior evento de moda e de negócios do setor de vestuário do Espírito Santo, a quarta economia do Sudeste. Com realização do Sistema Findes, por meio da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário, e do Sebrae/ES – este como correalizador -, o evento acontecerá este ano com algumas mudanças. Se em 2014 HT teve de se dividir entre a Ilha para acompanhar os pivôs nas catwalks, e o município de Colatina – na Região Norte – para conferir in loco a rodada de negócios; este ano tudo se concentrará no mesmo perímetro. A mudança, portanto, volta com o modelo desenvolvido em 2013 no Centro de Convenções da capital nos dias 7 a 9 de julho. Lá, encontraremos os desfiles da temporada de alto verão, as oficinas dirigidas à cadeia de moda, os salões de negócios e o de economia criativa.

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“Luz, câmera, inspiração!”. Esse é o tema da oitava edição do Vitória Moda. Segundo os organizadores, o objetivo é mostrar que é possível agregar ao evento um clima de alegria, entusiasmo e renovação, produzindo um espetáculo inesquecível não apenas para seus participantes (expositores, promotores e apoiadores), mas, também e especialmente, para o público. A ideia é despertar a sensação de euforia, arrebatamento ou reflexão gerada por manifestações artísticas e tão presentes na moda, que, utilizando elementos como figurino, sonoplastia, iluminação, maquiagem e interpretação (o que é a passarela senão um teatro vivo?), podem protagonizar um autêntico espetáculo de beleza, formas e cores, capazes de contagiar e emocionar o público, estimulando o consumo (you must have/tem que ter). “O que é mais interessante na moda hoje? A moda há muito tempo deixou de ser apenas vestuário, a necessidade básica de se vestir, e passou a incorporar atributos que são mais pautados no emocional das pessoas do que na necessidade básica de as pessoas se vestirem”, diz o presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da Findes, José Carlos Bergamin, ao justificar a escolha do tema deste ano.

José Carlos Bergamin (Foto: Mônica Zorzanelli)

José Carlos Bergamin (Foto: Mônica Zorzanelli)

Bergamin considera, também, que, por sua capacidade de atrair e seduzir as pessoas, a moda pode ser traduzida por um exercício lúdico de criação, formas e cores, um apelo à emoção. “Afinal, o espetáculo da moda que captura a todos é como o show que não pode parar… de produzir sonho, gerar emprego e renda”, diz ele. Segundo Bergamin, para estimular o consumo no setor, é preciso trabalhar com a emoção. “A gente se emociona com os ambientes artísticos, que vão desde a sofisticação de uma ópera a manifestações mais populares, como o samba, o rock, ou mesmo uma atividade esportiva. Tudo isso está ligado ao prazer, e também à sustentabilidade, à qualidade de vida”, completa o dirigente.

O salão de negócios vai ser o perfeito exemplo de como anda a engrenagem da roda da economia. Cerca de 500 compradores e mais de 100 expositores do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais vão ocupar a área do evento, que conta com o apoio do Sesi e do Senai. A região Noroeste do Estado, a qual já visitamos e constatamos que fica o cartão-postal da Câmara do Vestuário, se fará representar em um showroom montado por 21 empresas capixabas. Para o presidente da Findes, Marcos Guerra, “neste momento de adversidades que a indústria nacional de transformação enfrenta, principalmente nos setores com uso intensivo de mão de obra, estimular a inovação e investir em qualificação são etapas fundamentais para gerar novos negócios e oportunidades”.

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Marcos Guerra (Foto: Reprodução)

E Guerra não está sozinho nessa. O diretor regional do Senai/ES e superintendente do Sesi/ES, Luis Carlos de Souza Vieira, considera que o Vitória Moda é o evento que faz o elo entre a produção e o aprendizado. “Não existe escola de formação profissional que não esteja em sintonia com o mercado. E o Sesi se insere nesse contexto por meio de ações de sua Divisão de Cultura que fortalecem a economia criativa”, disse. Aliás, o Salão de Economia Criativa é um destaque à parte. O motivo? Levantamos que um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que vem mapeando a indústria criativa desde 2008, considerando as atividades relacionadas e de apoio ao núcleo criativo, revelou que a parcela da cadeia da indústria criativa no PIB pode superar 18% no país.

Logo, criatividade é palavra de ordem. Quem nos ajuda a explicar é o presidente da Câmara do Vestuário, José Carlos Bergamin. “A indústria tradicional perde força no mundo enquanto a criativa cresce. Quais são as empresas mais valiosas do mundo? Onde estão localizadas suas fábricas? A economia criativa não polui, remunera melhor, garante mais qualidade de vida aos trabalhadores, gera pouco impacto no meio ambiente, no âmbito social e na  mobilidade”, justifica. E pensando em tudo isso, o Salão de Economia Criativa vai dar a oportunidade de mais de  20 talentos capixabas mostrarem do que são capazes. A ideia é apresentar métodos de inovação social e tecnológica, cultivar o sentimento de pertencimento de nossos valores, entre outras tantas nuances a serem despertadas.

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Falemos agora de desfiles na passarela do Vitória Moda? Fora os salões, o tapete que leva a sala de desfiles reserva marcas que já são tradicionais na catwalk, enquanto outras vão debutar. No dia 7, o start será dado com os Novos Talentos oriundos das escolas de moda: Universidade Vila Velha e Faculdades Integradas Espírito-Santenses. Os prodígios serão seguidos de Chris Trajano, Clutch, Dua’s, Marcelo Zantti (promessa em voo solo!) e Amabilis. No dia 8, desfilarão as tendências para a estação mais hot: Buphallos, Negra Linda, PK Jeans, Açúcar Moreno (grata surpresa no line up), Saia de Chita, Riviera e Marcí (que é o headliner, ganhando status de notoriedade este ano). Por fim, no dia 9 será a vez de Verônica Santolini, Florest,  Sol de Verão, Hagaef, Turquesa, Surreal e a sempre aguardada Konyk.

E o o inverno da Ilha já vai começar a ficar quente no dia 6 de julho quando acompanharemos, para entrar no clima do Vitória Moda, a jornalista, escritora e consultora de moda e etiqueta Claudia Matarazzo falando sobre as divas mil que temos referência, seja na sétima arte ou nas passarelas. Assunto que, aliás, cai como uma luva para a temática do evento: “Luz, câmera, inspiração!”.