A Barbearia Cavalera, em São Paulo, é palco da celebração dos 40 anos do movimento punk, que foi reverenciado no discurso de Fernanda Young: “É ter na alma uma inquietude incontornável”


A trajetória deste universo é uma das reportagens especiais da edição de novembro da revista Marie Claire. O lançamento desta publicação ocorreu no Central Panelaço, espaço do músico João Gordo que fica em cima do empreendimento de Alberto Hiar, diretor criativo dagrife que combina rock e moda há duas décadas

O movimento punk, que completa quatro décadas de história, ganhou as páginas de uma das revistas mais importantes do Brasil. Na Marie Claire de novembro, a trajetória desses 40 anos ilustram a publicação que é referência no cenário da moda. Para este lançamento, nada mais apropriado do que o local escolhido ser o Central Panelaço, espaço do músico João Gordo, que fica em cima da Barbearia Cavalera, na Bela Vista, em São Paulo. Afinal, a grife de Alberto Hiar é uma das traduções concretas deste movimento na moda brasileira.

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Entre os convidados que estiveram presentes nesta celebração dos 40 anos da expressão punk que ilustrou a edição de novembro da Marie Claire, a escritora Fernanda Young foi um dos destaques. Na noite de ontem, que também recebeu Supla, João Gordo e outros nomes deste universo, a roteirista e apresentadora justificou a sua paixão pelo movimento e ressaltou a posição da mulher neste cenário em um discurso que emocionou os presentes da Barbearia Cavalera. “Ser punk antecede o movimento punk. Os poetas Rimbaud e Verlaine eram genuínos punks em pleno século XIX. A pintora Frida Kahlo também poderia ser considerada punk, muito antes do movimento surgir. Ser punk é ter na alma uma inquietude incontornável, ser um genuíno iconoclasta. É entender, sem teorizar, a anarquia como o único modo possível de vida. É não se submeter às regras e tradições – mesmo que, por ironia, às vezes possa parecer que sim”, avaliou.

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Fernanda Young e Supla no lançamento da edição de novembro da Marie Claire (Foto: Arthur Vahia)

Fernanda Young e Supla no lançamento da edição de novembro da Marie Claire (Foto: Arthur Vahia)

Em uma mistura de amor e reconhecimento, Fernanda Young contou que esse sentimento revolucionário que caracteriza o movimento sempre esteve presente em sua vida. Segundo ela, mesmo que sem rotular, ela sempre soube que tinha o espírito e a identidade punk em suas atitudes e ideologias. “Sou punk. Soube disso aos 13 anos, quando tive acesso ao movimento. Mas já era antes de saber que havia gente como eu: inadequada. Nunca deixei de ser. Odiava quando me chamavam de dark ou gótica. Sim, eu era bastante agressiva, mas por causa da idade. Hoje, só ataco quando absolutamente necessário”, explicou a escritora.

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E Fernanda Young foi além. No discurso que foi ovacionado no lançamento da nova Marie Claire, a artista assumidamente e apaixonadamente punk afirmou que a estética do movimento é a “mais bela”. Segundo Fernanda, mesmo sem condições, ela arrumava soluções para estar inserida neste cenário. “Eu não tinha dinheiro, fazia minhas roupas, e sempre acreditei na minha estética. Com o tempo, fui ficando menos ‘rasgada’. Sou uma senhora punk. Não sigo as tendências e me aborrece quando a moda parece me usar”, contou a escritora que deseja propagar seus gostos e verdades para as próximas gerações. “Quando as minhas filhas mais velhas nasceram, há 16 anos, eu dei uma entrevista para Marília Gabriela e ela perguntou o que eu gostaria que elas fossem quando crescessem. Eu disse: punks. Porque as mulheres punks sabem se defender”, afirmou Fernanda Young na Barbearia Cavalera ontem à noite.

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