Tati Quebra Barraco lança novo clipe e diz: “Vim da putaria e continuarei assim. Sou funkeira e MC, diferente desses que pegam carona no tamborzão”


“Chama seu fim”, em que Tati canta ao lado de Mr. Catra, acabou de ganhar clipe. Se a verve melódica da faixa é um caminho que ela está trilhando para o pop? “Não é pop ein! É dançante!”

Tati Quebra Barraco surge com uma verve melódica, voz mais fina e rouca e uma letra hot, porém mais comportada em “Chama seu fim”, segunda faixa de seu disco “Se liberta”, que agora está sendo trabalhada com maior ênfase. Ao lado de Mr. Catra, com quem divide a composição e os vocais, ela protagoniza um clipe que acaba de chegar à internet. Tudo muito bem diferente da mulher da Cidade de Deus que conhecemos há quase duas décadas cantando que “Dako é bom“. Mas ela já gosta de esclarecer: “É diferente mesmo, mas nada de perder a minha essência que é o tamborzão. Não é pop, hein!? É dançante! Eu acho que cada um canta da maneira que quiser, mas eu vim da putaria, cantando putaria e continuarei assim. Eu sou funkeira, MC, não que nem esses que pegam carona no tamborzão e depois mudam de nome”.

(Fotos: Divulgação)

(Fotos: Divulgação)

Em entrevista exclusiva ao HT, Tati, que enfatiza que é “gente que vem da comunidade”, alfineta: “Todo mundo começa cantando putaria e aí depois faz uma roupagem diferente para aparecer na TV e no rádio. Porque ninguém pode chegar do nada cantando que nem eu: ‘Bota na minha boca! Bota na minha cara!’. Mas eu não estou preocupada com o que a sociedade acha bom, ruim, se é respeitoso ou não. Eles pagam minhas contas? Não pagam! O que importa para mim é o meu público, que gosta. Se nem Deus agradou a todo mundo, não sou eu quem vai, meu amor”. Com contrato com a Inovashow – que também é gravadora – Quebra Barraco é daquelas que não tem medo da nova turma do funk com suas grandes produções.

“Dançarino no palco sempre teve desde a época que o Bonde do Tigrão começou a cantar. A diferença é que agora chamam de bailarino (gargalha). Essa gente do funk pop pode ofuscar quem está chegando agora, mas não a mim, que estou com 18 anos de carreira. O que atrapalha, por exemplo, é que eles cobram R$ 60 mil de cachê e podem fazer e acontecer. Agora e quem vai por R$ 5 mil? Se começa a colocar bailarino, o cachê, que já é pequeno, some”, analisa. Mas, nem por isso, ela garante, vai mudar seu estilo. “Fica chato, né? Acaba ficando sem identidade. Já pensou eu, que sempre cantei a putaria, aparecer com uma saia lá nos pés para agradar os outros? O público gosta da realidade. Mas mudar meu jeito de ser? Nunca será, meu bem”.

Se dizendo feminista, Tati Quebra Barraco sabe seu limite. Nas matinês que faz (acreditem!) para crianças entre 12 e 18 anos, ela se policia. Mas nada que surta muito efeito. “Eu deixo de cantar a putaria. Quando eu vou pular a parte do ’69, frango assado, de ladinha a gente gosta‘, as crianças já estão cantando antes de mim. São as primeiras! Mas eu tento, né? Minha bebida, por exemplo, colocam em copo de Coca-Cola”, conta. A falta de pudores, para Tati, vai além. “Você vê pelas novelas. Colocam mulher para beijar mulher. É daí para pior, mas é o que dá dinheiro. Não sou nem a favor nem contra. Minha avó, por exemplo odiou. Aí mandei ele assistir as novelas do Canal Viva porque são mais do tempo dela. Mas é assim em toda família. Sempre tem enrustido que diz que não gosta. O que fala isso é o que mais pega viado (sic)”.

A boca aberta – seja enquanto personalidade da mídia ou cantora – não a fez ficar rica. Mas ela “vai vivendo”. “Tenho casa e carro próprios e meus aluguéis que recebo. A única coisa que me arrependo em relação a bens é ter me desfeito de um apartamento lá no Tatuapé, em São Paulo”, entrega. Morando na Taquara, bairro de classe média na Zona Oeste do Rio, Tati é frequentadora assídua de sua terra, a Cidade de Deus, que continua carente do básico. “Antes, tinham políticos que roubavam, mas faziam. Hoje, só querem roubar. Não fazem mais. Mudaram a história. A saúde e segurança estão uma merda e as doenças não param de surgir. Estamos vivendo um inferno na terra. As coisas que a Bíblia diz, estão acontecendo – só que pior. Ultrapassamos a Bíblia”, lamenta Tati, que é católica e acredita no poder da fé.

Sobre os desejos para o futuro? “Quero mais 30 anos de carreira e um apartamento”. No mesmo caminho, ainda quer gravar uma música com o pagodeiro Belo e colhe os louros do reality show “Lucky Ladies”, em que era a mentora de um grupo de funkeiras procurando um lugar ao Sol. “Eu não viso dinheiro, viso imagem. E para isso o programa foi bom. Mesmo que não traga espécie, me traz divulgação. Agora está passando na Argentina e na Suécia, por exemplo. Todas as meninas foram ótimas – exceto a Karol Ká“, alfineta. Coisa de quem continua quebrando o barraco “por causa de tudo”. “Até uma olhada diferente já me estressa. Mas eu não sou maluca, não!”. E aí, alguém quer duvidar?

*Ficha técnica “Chama sem fim”:

Diretor: Cássio Neves
Direção de Fotografia: Luciano Azevedo
Produção: João Jordão e Silas Souza
Figurino: Marcelo Petry
Elenco: Nido Barroso e Tati Quebra Barraco
Edição: Luciano Azevedo
Eletricista: Edu Silva e Claudinho
Assist. Câmera: Mario Izzo
Produtora: Taz