Taís Araújo comemora sucesso da nova temporada de “Mister Brau” e fala sobre fim do MinC: “Uma merda! Estamos indo por um caminho deprimente”


Em breve, a série receberá a participação da atriz Fernanda Montenegro. “Não acreditei quando gravamos com ela. Pensei: ‘que honra! Que prestígio ter essa mulher tão importante para o país, aqui conosco”

Taís Araújo segue firme e forte na segunda temporada de “Mister Brau”, série exibida às terças-feiras, na Rede Globo. Na trama, a atriz interpreta Michele: mulher forte, símbolo do empoderamento feminino, que, ao lado de Lázaro Ramos, seu marido na vida real e na ficção, relata o cotidiano de um superstar, além de quebrar as barreiras do preconceito racial. “Meu sonho é ser Michele! Ela é atirada, fala muito, sabe o que quer. Gosto dela”, conta. Em entrevista ao HT, Taís divide sua opinião sobre dois dos assuntos mais polêmicos envolvendo a cultura no cenário atual político brasileiro: o protesto de parte da equipe do longa brasileiro “Aquarius” em Cannes contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o fim do ministério da Cultura pelo interino Michel Temer.

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“Eu acho Cannes um lugar excelente pra falar, com todo mundo comentando sobre cultura. Acho na verdade que cada um faz o que bem entender. Não tem a ver com ‘obrigação do artista’, como alguns dizem. Ninguém é obrigado a nada, mas se o artista quiser se posicionar, ele vai se posicionar da maneira que achar que é melhor pra ele. No caso dos meninos, eles acharam que Cannes é uma grande vitrine e, de fato, é uma vitrine mundial para alertar sobre o que está acontecendo no país. Então eu acho importante”. Quando indagada se teria feito o mesmo se estivesse no lugar deles, desconversou: “Eu acho que eu faria, sim, se fosse algo relevante, igual ao que os meninos fizeram com o que eles consideravam importante”, completou.

Questionada sobre o fim do Ministério da Cultura, Taís é categórica: “Uma merda, né, gente? Cultura é a identidade do país. Se o país não tem a sua identidade fortalecida, acabou. E cultura não trata só de atores.  A gente está falando da nossa Orquestra Sinfônica, da música, arquitetura e tudo mais que representa um país. Não é só Lei Rouanet, é muito maior do que isso. É a identidade de um país. Se o Brasil abre mão de sua identidade, realmente o que seremos, hein? Estamos indo por um caminho deprimente”, desabafou ela, que ainda comentou os recentes ataques de racismo que sofreu nas redes sociais. “Odiei estar numa delegacia. Não é confortável, é chato e constrangedor, mas é o caminho para defendermos nossos direitos. É bom eu saber que meus direitos são respeitados. Isso dá um sopro de esperança em um mundo que está tão difícil como o nosso”, acredita Taís. “O legal é aceitar e gostar das diferenças. O que é muito igual não tem graça”, acrescenta.

Confusões políticas à parte, a atriz garante estar feliz da vida. E não é para menos. Seja no trabalho, na família ou no casamento com Lázaro, tudo está dando certo para a mãe de João Vicente, de 3 anos, e Maria Antônia, de poucos meses. “Eu me sinto realizada, mas o momento do Brasil não é fácil e as pessoas precisam ser fortes. Tenho autoestima. Mas enfrentar esse país não é mole”, admite. “Todas as pessoas deviam ter um segundo filho, pois a gente é muito dura com o primeiro. Acho que depositamos tudo em um filho só. Um segundo filho dá uma equilibrada. Agora com a Maria, tenho de desaprender tudo”, diverte-se. Na série, Taís canta, dança, sapateia… enfim, interpreta uma artista completa. No entanto, a atriz garante que é afinada e que canta para os filhos, mas nem sempre é aprovada. “O João, às vezes, diz para eu ficar quieta, calar a boca”, conta, aos risos.

Taís Araújo

Nas próximos capítulos de “Mister Brau”, Taís Araújo e Lázaro Ramos receberam uma visitinha pra lá de especial. Os atores gravaram cenas com a atriz Fernanda Montenegro. A veterana topou viver Rosita, mãe do mordomo Gomes (Kiko Mascarenhas) e aparece bêbada em alguns momentos. “Eu nunca havia contracenado com a Dona Fernanda, embora tenha vida social com ela. Não acreditei quando gravamos com ela. Pensei: ‘que honra! Que prestígio ter essa mulher tão importante para o país, aqui conosco’. Minha mãe estava lá em casa, quando fui tomar banho, pedi que ela ficasse conversando comigo, queria contar como foi”, revelou Taís. “Semana passada gravamos com a Fernanda Torres e ela disse ‘mamãe está decorando o texto’. Tremi, falei pro povo que teríamos que ter tudo na ponta da língua, quem errar está com a carreira perdida! Mas ela desmontou a gente, uma dama!”

Durante toda esta semana, várias artistas realizaram atos na sedes do MinC em Belo Horizonte e nos prédios do Iphan em Curitiba, Ceará, Rio Grande do Norte e São Paulo. No Rio, estudantes e membros da classe artística ocuparam o Edifício Copanema, em Copacabana, para protestar contra a queda do Ministério da Cultura.