Saia da Caixa de Helen Pomposelli: Um brinde com Jessica Sanchez, a criadora de alguns dos melhores drinques servidos no Rio


Quem conhece Jessica e suas criações na arte da alta coquetelaria, não imagina como ela chegou onde está! O “Saia da caixa” de hoje é um convite ao brinde à vida e às pessoas que com tão pouca idade já tem tantas histórias para contar! Tim-tim! 

*Por Helen Pomposelli

Jessica Sanchez por Miguel Moraes

Vamos falar de Jessica Sanchez, nascida em São Caetano do Sul, São Paulo, e, desde 2012, pertence às praias cariocas. A recém empresária e sócia do Vizinho Gastrobar, situado no Vogue Square, na Barra, cria drinques autorais e ao gosto do cliente com insumos totalmente artesanais. Trata-se de uma “menina-mulher” com seus 28 anos, que já passou por preconceitos e correu muito atrás para sair da cozinha e enfrentar um balcão de bar.

“Há mais ou menos nove anos, ainda não era normal uma mulher no bar. Foi muito difícil apresentar meu trabalho na coquetelaria. Comecei a trabalhar em boate, mas não me deixavam fazer drinks no balcão e eu sempre ficava na pia lavando copos. Lavava tantos copos durante a noite, uns 800 mais ou menos, que até criei uma técnica para ficarem limpos mais rápidos e dar tempo para eu fazer alguma bebida para os clientes do bar. Mas eles não me deixavam fazer nada. Os empresários achavam que não era muito rentável contratar uma mulher no bar”, explica Jessica sobre os seus desafios na profissão. Nessa época, por exemplo, por ser mulher, se sentia meio superprotegida pelos chefes, principalmente quando se referia a trabalho mais árduo como carregar peso e voltar sozinha de madrugada.

Inspirada, Jessica começou a pensar em criações com novos sabores de drinks desde nova. Apesar de ter nascido em uma família humilde que se converteu à Igreja Mórmon, na qual não se consome bebidas alcoólicas para não afetar o espírito natural, Jessica começou como sommelier para não digerir a bebida. “Nessa época minha profissão foi aceita pela minha família porque sommelier é um provador de vinhos e ele não engole, apenas aprecia na boca e cospe”, diz Jessica, que naquela época também seguia a igreja.

Jessica Sanches por Miguel Moraes

Jessica Sanchez por Miguel Moraes

Mas nem tudo resume apenas em bebida: Jessica, com 17 anos já trabalhava em São Paulo como fotógrafa no Mercado Livre e busca e apreensão de veículos numa empresa de telecobrança de autos. Eclética, né? Com 18 anos, foi fazer faculdade de História na Federal do Paraná em Curitiba, mas não durou nem seis meses, pois Jessica voltou para São Paulo com saudade da família. “Foi através de um sonho de ser uma `garçonete` como nos filmes de Hollywood e no final tudo seria mágico e feliz que resolvi começar a minha vida”, explica Jessica, que está super a caminho disso!

Tempos depois, Jessica passou a fazer o curso especializado em sommelier na ABS em São Paulo, e, bem antes de se formar ,já estava mudando o cardápio de coquetéis de restaurantes e realizando treinamentos. “Em um desses treinamentos, me chamaram para fazer drinks, aí me apaixonei pelos movimentos dos braços, de equilíbrio da coqueteleira e comecei a pesquisar em vários sebos sobre a arte da coquetelaria e claro, entrei numa escola de bartender. Mas o meu divisor de águas foi quando conheci a Talita Simões, quem me incentivou no meu caminho”, diz Jesisca, que passou por vários restaurantes e veio parar no Rio a convite de trabalhar num bar famoso em Botafogo. De lá, após uma viagem de mochileira pela Europa, em 2014, foi contratada pelo Copacabana Palace como gerente dos bares do hotel e criou cardápios, montou equipe e, pela primeira vez, fez com que o famoso hotel carioca fosse indicado como um dos melhores bares no Brasil.

Jessica Sanches por Miguel Moraes

Jessica Sanchez por Miguel Moraes

“Para mim um dos desafios da arte de fazer um coquetel é criar e pensar no propósito, estudar o conceito, o local geograficamente e o público, entender a personalidade e criar da melhor forma um coquetel. Adoro causar sensações em outras pessoas”, diz Jessica, que já saiu da igreja e, hoje, até a família saiu também e bebe com moderação.

Quando eu pergunto “o que é pensar fora da caixa?” ela responde: “O mais importante é buscar algo que te faça feliz. Aquilo que te faça ter um friozinho na barriga, que não seja trabalho e, sim, que tenha prazer. Vejo o mundo com os olhos de bartender, com misturas, texturas e cor, e busco algo que me dê prazer. O grande lance é você não se limitar a fazer uma coisa só.

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