No ar em “Êta mundo bom”, Eliane Giardini especula sobre fórmula do sucesso de um folhetim: “A novela é um lugar imaginário, de justiça, de entretenimento”


A atriz acredita que, no momento difícil do país, as pessoas querem ver bondade nas telas: “Estamos em uma crise violenta no país e no mundo, indo para um lugar muito estranho, em uma transição em que todo mundo questiona tudo e essa novela, em especial, ocupa esse lugar de bons sentimentos”

Difícil falar de Eliane Giardini sem lembrar de muitas de suas personagens marcantes. Agora, no ar em “Êta mundo bom” como Anastácia, a mãe do protagonista Candinho (Sérgio Guizé), Eliane novamente conquista o público. Afinal, qual o segredo de tantos sucessos? “A gente fica procurando razões para entender o motivo, mas não é simples. Não existe uma fórmula. Se existisse, todas as novelas seriam sucessos absolutos. Ma,s depois a gente vai fazendo algumas constatações e imagino que ‘Êta mundo bom’ esteja bombando por que é uma trama que fala de um tempo de confiança no ser humano, sobre amor, valores. Estamos em uma crise violenta no país e no mundo, indo para um lugar muito estranho, em uma transição em que todo mundo questiona tudo e essa novela, em especial, ocupa esse lugar de bons sentimentos. O protagonista é um herói que confia no outro, não desconfia até provar o contrário – o oposto do que vivemos”, analisou.

eliane-giardini-fara-anastacia-a-mae-de-candinho

Eliane Giardini vive Anastácia, mãe do protagonista Candinho (Foto: Reprodução)

Falando nisso, para a atriz, a crise no país tem motivos muito profundos. “Vejo o exemplo que temos dos países com civilidade, digamos, maior. Existem punições muito grandes. O ser humano talvez precise de um freio que ou é uma religião, porque tem a questão de Deus estar vendo, ou então o bolso, a multa alta. Mas um lugar que a religião sempre ocupou, de limite e respeito, a ética não ocupou como deveria, eu acho”, opinou ela, que acredita que o sucesso de “Êta mundo bom” é uma resposta do público que quer ver essa ética refletida nas telas. “Me parece que a novela é um espaço onde as pessoas não querem confronto com a realidade. É um lugar imaginário, de justiça, de entretenimento, onde o mocinho tem que ficar com a mocinha, o vilão tem que ser punido”, arriscou Eliane, que foi além: “As tramas fazem com que algo dentro de nós opere junto. Temos que resgatar de algum lugar a crença de que ser bom é bom, se não é a barbárie. Pensa só? A novela fica nesse lugar, acho”.

eliane-giardini-fala-sobre-

Eliane Giardini fala sobre “fórmula de sucesso” de novelas (Foto: Reprodução/Gshow)

Por outro lado, como explicar sucessos como “Verdades secretas”, “Avenida Brasil” e outros? “Pois é. As séries, por exemplo, caminham para outro lugar, mas lá tudo bem. Acho que o espaço da novela talvez seja diferente, mas é difícil dizer. O que acho é que boas histórias sempre dão certo. Realmente, a própria ‘Avenida Brasil’ que fizemos há três anos era sucesso absoluto e não respeitava o que acabei de falar. O próprio Walcyr (Carrasco, autor de ‘Êta mundo bom’) fez um sucesso danado com ‘Verdades secretas’ que também não tinha nada a ver com o que estou falando”, analisou. Para Eliane, o fenômeno “não tem controle”. “O mesmo autor que faz novelas incríveis depois não faz. A gente se surpreende quando as pessoas gostam, ficamos tentando controlar esse fenômeno, mas não há controle, simplesmente. É uma mágica, uma matemática que não acessamos. Que existe, mas a gente não chega nela”, disse.

isabella-pinheiro-1804

Cena em que Anastácia é expulsa de sua casa por Sandra (Foto: Reprodução/Gshow)

Se o sucesso é incrível, quando a novela não cai no gosto popular a tristeza é geral. “É muito ruim, porque dá o mesmo trabalho fazer um sucesso ou um fracasso. Quando cai nas graças do público é muito bom, traz humor para o set, as pessoas vêm trabalhar felizes. Fazer uma novela que não vai bem, todo mundo arrasta corrente, é uma infelicidade. Não acho que chega a ser fracasso retumbante, porque você vai se consertando, a novela é longa, tem tempo para isso, mas é difícil. Quando é bom, logo no primeiro capítulo a gente já vê que deu certo”, explicou.

Eta-Mundo-Bom-Anastacia-e-Pancracio-se-beijam

Pancrácio e Anastácia (Foto: Reprodução/Gshow)

E se tem uma trama que deu certo, foi “Êta mundo bom”. Então, Eliane, o que espera para sua Anastácia? “Quero que ela recupere todo o dinheiro que perdeu. Embora que ela nunca esteve tão feliz: encontrou o filho, o amor… agora o filho encontra o pai. Tem soluções muito boas nessa história toda, mas espero, óbvio, que a Sandra (Flávia Alessandra) e dê mal e a titia bem”, confessou ela, que garantiu: não há possibilidade de um namoro com o pai do seu filho. “É uma passagem meio rápida, uma participação do Leopoldo Pacheco de uma semana. O Ernani é tudo de bom, um príncipe, um inglês que já reconhece o Candinho, dá o nome, pede a Anastácia em casamento, quer resolver tudo. Mas a Anastácia é muito apaixonada pelo Pancrácio (Marco Nanini), então fica por isso mesmo e ele vai embora”, adiantou.