“Não estou interessada em um padrão de beleza que ficou muito tempo no imaginário das pessoas”, afirmou a atriz Andréia Horta que vive a vilã na nova novela das 6


Pela primeira vez a atriz fará uma personagem que não é mocinha

Se Tempo de Amar é um clássico folhetim, obviamente não poderia faltar aquele vilão que sempre se dá mal no final, segundo Andréia Horta. A personagem da atriz desempenha a função de separar o casal de protagonistas interpretados por Bruno Cabrerizo e Vitória Strada. A vilã vivida por Andreia é filha de um respeitado médico do Rio de Janeiro conhecido por ser especialista em epidemias interpretado por Cássio Gabus Mendes. Em entrevista, o roteirista Alcides Nogueira afirmou que não basta mais fazer uma personagem que seja malvada, é preciso construir camadas e foi exatamente isto que ele fez com a Lucinda. “Ela sofreu um acidente e parte de seu rosto se queimou. Isso gera muita vergonha nela e vai a fazer andar sempre coberta. Mas esta não é sua única cicatriz, a sua mãe também morreu nesta ocasião, o que abriu uma ferida ainda maior. Queimar o rosto já a traumatizou e isto ainda potencializou o que aconteceu. A Lucinda é uma mulher muito forte”, confessou a atriz cujo o principal motivo que a fez aceitar o papel foi a linda construção da personagem: “É um papel muito complexo. Ela possui o preconceito por ter o rosto queimado, acha que ninguém nunca vai gostar dela e vive dentro de casa. Quando chega este rapaz, coloca toda a esperança nele. Existe muita coisa legal de ser trabalhada nela”.

Andreia Horta fará uma vilã pela primeira vez (Foto: Edson Vara)

A menina encontra o mocinho machucado no meio da rua e resolve levá-lo para casa já que seu pai poderia ajudar a cuidar dos ferimentos e salvar sua vida. Depois do ato, faz de tudo para ele se apaixonar por ela, até mesmo inventar que a protagonista havia se casado e esquecido dele. “Nunca disputei por um amor como acontece na trama. Odeio esse joguinho e quando tem a possibilidade eu saio na mesma hora da situação. Se o rapaz quiser tudo bem, se não um beijo”, contou a atriz.

Em sua primeira vilã nas telinhas, a atriz precisa abusar da maquiagem na hora da produção da personagem já que interpreta uma mulher com parte do rosto queimado. Apesar da demora para retirar o figurino, Andréia está amando fazer Lucinda. “Estou achando maravilhoso fazer este papel. Em tempos como este, não diria que é bom fazer uma vilã, mas é legal para pesquisar, explorar e viver outro lado que não tem nada a ver com quem sou que é fazer a maldade. É uma forma de experimentar outro tipo de humanidade. Espero ser odiada”, brincou.

Andreia Horta fará uma personagem cheia de complexos (Foto: TV Globo)

No início do século XX vive-se a Belle Époque, tempos onde a arte, debates e cultura aconteciam a todo o momento. Mais próximo a data em que se passa a novela, em 1928, as mulheres americanas conquistaram o direito de votar. “Na década de 20 temos muitos tabus. No entanto mulheres incríveis como Tarsila do Amaral surgem nesta época não apenas como um símbolo de vanguarda como de comportamento e desconstrução de pensamentos. Aqueles anos trouxeram uma mudança de muitas coisas como moda e literatura. As mulheres já estavam impactando o cenário mundial. Acho que depois existe um retrocesso, as pessoas ficam mais caretas. Aquele tempo foi muito bom”, relembra Andréia.

A personagem de Andreia Horta se apaixona pelo Inácio e acaba impedindo Maria Vitoria de reencontrar seu amado (Foto: Fábio Rocha/Gshow)

Nas redes sociais, a atriz sempre expressa seu ponto de vista sobre variados temas. Inclusive se posicionando politicamente em tempos de patrulha. “Um artista é antes um cidadão, se a pessoa quiser se manifestar é livre para fazer isso”, afirmou. Além de defender seus pontos de vista, a mesma se mostra favorável às bandeiras feministas. “Temos que ficar ligados no que é desigual para lançar luz a isto. Precisamos desdobrar e mostrar o que é o machismo para as pessoas, os diferentes leques onde ele é exibido. Uma ação machista não é apenas um cara que bate ou estupra uma mulher. Existe uma série de violências. Um homem, por exemplo, que faz um jogo mental com uma mulher só porque ela não quer mais ficar com ele é uma forma de expressar este preconceito. Precisamos trazer luz ao movimento. O empoderamento significa ser livre para fazer o que cada um quer”, defendeu.

Andréia afirmou estar bem com o próprio corpo e garantiu que pretende fugir dos padrões estipulados pela mídia. “Não estou interessada em um padrão de beleza que ficou muito tempo no imaginário das pessoas. Este é ser magra, malhada e loira. Isto não me interessa. Quero me libertar deste padrão e a forma positiva como me vejo só torna a minha vida mais fácil. A beleza existe no original quando a pessoa esta sendo quem é. Quando vejo uma pessoa bela tentando ser o que não é, ela se enfeia imediatamente para mim”, lamentou.