Minas Trend Day 2: Lino Villaventura estreia no evento, Llas adere ao “menos é mais” e Mabel Magalhães aposta em androginia


E mais: a Plural aposta nas curvas do corpo em coleção orgânica, dialogando com a mulher desencanada que foi apresentada por Laura e Lorena Andrade.

Encerrando a maratona de desfiles do Minas Trend para a temporada de Inverno 2016, que segue até sexta-feira com o salão de negócios no Expominas, os fashionistas tiveram boas e gratas surpresas ao longo da tarde de quarta-feira. Se o tema do evento é “A força de quem faz”, os estilistas integrantes do line up conseguiram sintetizar a força da cadeia produtiva, investindo em bordados, rendas, aplicações de pedras, plumas e até laços feitos de tecido reciclável.

Abrindo o dia, Lino Villaventura fez sua estreia na semana de moda mineira com uma coleção mais comercial e de “desejo imediato”, como ele mesmo contou a HT, e frisando que a coleção foi concebida especialmente para esta apresentação para os mineiros. Um entusiasta da moda e trabalhador como ele só, Lino está às voltas também com as peças que criou para o desfile na São Paulo Fashion Week. Enquanto isso, a Plural se inspirou nas curvas do corpo para a criação de peças mais orgânicas, utilizando o trabalho do artista plástico Frederico Valim como carro-chefe para estampas exclusivas. A Llas, das irmãs Laura e Lorena Andrade, aderiu ao movimento do “menos é mais” na moda, propondo um “despertar” contra o consumismo exagerado. Já Mabel Magalhães deu ênfase à sua fórmula que tanto faz sucesso: o luxo exuberante, andrógeno e sensual.

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Abaixo, você confere tudo o que rolou pelo evento:

Lino Villaventura:

As luzes se apagam, David Bowie começa a cantar os primeiros versos de “Heroes” em um remix e três modelos riscam a passarela, param, posam para as fotos com muita atitude. Até quando quer mostrar seu lado mais comercial, Lino Villaventura não abre mão de uma concepção com a arte da teatralidade. E que bom ele ser assim, já que o desfile traz inspirações desde os anos 1960 ao gótico e foi, como previsto, um dos mais comentados.

“Quis criar uma coleção que despertasse o desejo imediato, que tivesse aquela roupa que você vê, se identifica e quer vestir na hora. Esse é um desfile com unidade. É um lado mais comercial meu que sempre existiu, mas quis mostrar agora, porque não gosto de ser rotulado como apenas ‘o estilista da moda festa'”, explicou no backstage do evento.

Na passarela, um mix de todas as principais características do trabalho de Lino pôde ser vista de uma maneira “cool”: desconstruções com zíperes aparecendo nas costas de vestidos, um trabalho minucioso com a renda, transparência reveladoras, silhuetas esguias e assimétricas, além de uma pegada urbana e, simultaneamente, agender. “Isso aqui é o mesmo Lino, mas com uma pegada mais comercial. Com uma moda mais fácil de entender e digerir”, comentou, acrescentando que a coleção apresentada em Belo Horizonte não é uma prévia daquela que será mostrada daqui apenas alguns dias na São Paulo Fashion Week.

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Plural:

Inspiradas pelas curvas do corpo e suas mil e uma possibilidades, Gláucia Fróes, diretora executiva da marca, e Letícia Leão, estilista responsável pela coleção, levaram à passarela do Minas Trend peças com tons sóbrios, passeando pelo off white, bege, bordô e chumbo, espalhados por silhuetas esguias e cortes comportados. Os maxi coletes combinados com as faixas e os laços dão um ar romântico às roupas, sem perder a pegada cosmopolita.

“Queríamos brincar com as formas orgânicas, mas de uma maneira suave. Por isso, apostamos em muitas transparências e tecidos como neoprene de viscose, linho, moletom estampado e o nylon, que foi utilizado pela primeira vez na marca”, explica Letícia ao HT, logo após o término do desfile, completando: “Queríamos respirar novos ares e dar essa ênfase no corpo feminino, que passou até para a beleza, com o cabelo mais ondulado, e os sapatos da Nuu Shoes, que trazem uma brincadeira com as curvas”.

Uma das grandes inspirações da dupla para a coleção foi também o trabalho do artista plástico Frederico Valim, que desenvolveu estampas exclusivas para a grife, criando silhuetas masculinas e femininas de corpos quase renascentistas, retratados por traços finos. “Foi uma vontade de unir o corpo feminino com o masculino, criando essa simbiose entre os dois, que tem tudo a ver com a nova onda do sem gênero”, observa a estilista, enquanto recebe os aplausos no camarim.

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Llas:

Dupla oriunda do concurso “Movimento HotSpot”, as irmãs Lorena e Laura Andrade resolveram inovar para o Inverno 2016 da marca e criar a coleção batizada “Despertar”, que dissesse um pouco sobre suas próprias personalidades, ao mesmo tempo em que fazia uma espécie de declaração ambienta e social. Com “Um tom”, de Caetano Veloso, e “Vaca Profana”, de Gal Costa, liderando a trilha sonora, a dupla apresentou roupas confortáveis, para uma mulher moderna, que preza o conforto sobre a tendência.

“Pensamos em novas formas de viver o mundo e de olhar para o belo, que está em tudo o que observarmos. Nós sempre trabalhamos muito com a aplicação de bordados, então resolvemos expandir esse horizonte, sem ter nenhum preconceito de material”, explicou Lorena para HT, contando que saiu pegando tudo o que via pela casa, desde restos de tecido a linhas, como que para incentivar outras grifes a fazerem o mesmo.

Com isso, na passarela desfilaram vestidos diáfanos, blusas com aplicações de laços e patchwork de tecidos, saias, uma pegada de sportswear aqui e ali e uma paleta de cores mais vívidas e contrastantes do que o inverno habitual. “Nossa intenção é criar roupas que não sejam ‘de temporada’, mas que se complementem. Essa coleção apresentada pode muito bem ser vestida com peças da nossa última estação. E pretendemos atender todas as idades, estilos e ocasiões. Pelo menos é o que queremos; Tomara que aconteça”, brinca a estilista, se integrando, talvez inconscientemente, a um movimento muito maior que teve como porta-voz Vivienne Westwood, que expressou suas insatisfações com o consumismo fashion exarcebado.

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Mabel Magalhães:

A exuberância do luxo foi a responsável por encerrar a maratona de desfiles do Minas Trend. Na passarela de Mabel Magalhães, que teve como trilha sonora a apresentação ao vivo da banda Radiolaria, a coleção “La belle femme” desfilou uma pluralidade de referências, tendo como carro-chefe a androginia, com pitadas de punk e moda festa, além das joias assinadas por Cláudia Arbex, que reforça ainda mais o estilo elegante e glamouroso das mineiras.

“As próprias imagens de arquivo da Mabel já são um enorme baú de referências, e ela sempre teve um trabalho muito forte com a alfaiataria. Queríamos mostrar alguns ternos e tailleur, inserindo esses elementos da moda masculina no vestuário feminino. Claro que, a partir do momento que resolvemos trabalhar com o tema andrógino, Yves Saint Laurent foi uma inspiração imediata”, explica Daniel Correa, responsável pelo estilo da grife.

A paleta de cores já dava indícios na abertura do fashion show: os únicos tons utilizados foram branco, preto e o rosa pink. As criações? Casacos de plumas se alternavam com uma alfaiataria repleta de bordados, estampas coloridas e decotes generosos, mesclados com transparências ainda mais reveladoras e shapes ultra sensuais, com todas as modelos vestindo uma sugestiva meia-calça.

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