Exclusivo! Marcelo Jeneci fala sobre planos para 2016 e valorização da cultura: “O Brasil é pouco explorado. O eixo Rio-SP anda meio caído”


O músico bateu um papo com HT após a sua participação especial durante a apresentação de Chico César no Natura Musical, na Praia de Copacabana

Além de receber o show histórico de Gal Costa e Milton Nascimento, a energia de Emicida e o encanto de Tulipa Ruiz, o palco do Natura Musical, que lotou a Praia de Copacabana na tarde do último domingo (29), mesmo debaixo de chuva, serviu também para promover um encontro afetivo e marcante entre Marcelo Jeneci e Chico César, que colocaram todo o público para dançar ao longo da apresentação conjunta. O paulista fez uma participação especial no show do paraibano e repetiu a parceria com o artista que foi o responsável por dar o start em sua carreia de músico.

“Há uma afetividade muito grande entre nós e esse foi um reencontro muito bonito”, comentou Jeneci com exclusividade ao HT, logo após o show. “O Chico mudou a minha vida e eu sinto que há dois começos com ele: aquele de quando eu tinha 17 anos e tocava na banda que o acompanhava e o outro, quando eu já era artista solo. Me apresentar aqui, ao lado dele, me dá um sentimento de realização”, disse, emocionado e feliz com a energia que conseguiu transmitir do palco para a plateia.

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No ano passado, Marcelo Jeneci lançou o seu segundo e aclamado disco de estúdio, “De graça”, que lhe rendeu uma indicação ao Grammy Latino de  Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e o título de Melhor Compositor pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Isso tudo, ele diz, não teria sido possível sem o apoio do Natura Musical. “Foi como se um adulto chegasse para uma criança e perguntasse o que ela queria de Natal. Eu teria pedido um álbum do jeito que eu queria, com o elenco que eu havia idealizado (como a produção do Kassin), e foi o que consegui. Sempre soube da complexidade de fazer um LP”, explica o artista, que ainda completa sobre outra faceta primordial do edital. “Ele dá visibilidade a artistas de muitas regiões do país, o que considero importante. O Brasil é pouco explorado e o eixo Rio-São Paulo anda meio caidão”, opina.

Ele, que se declara “músico desde que se entende como gente”, ainda comenta sobre a atual geração de artistas independentes: “Acho ótima, e vejo que a cena do país está sempre se repaginando. É melhor do que bater na mesma tecla, porque a alma do Brasil é musical”, diz. E, depois de tanto sucesso, ele ainda dá dicas para quem está começando na carreira: “O mais importante é encontrar um espaço interno na hora de criar. Ter voz. Muita gente fica comprimindo isso, porque quer sair em busca de viabilizar um grande projeto, mas o principal é fazer”.

Marcelo Jeneci se apresenta no palco do Natura Musical (Foto: Vinícius Pereira)

Marcelo Jeneci se apresenta no palco do Natura Musical (Foto: Vinícius Pereira)

Para 2016, o músico já tem a agenda lotada de planos. Pretende gravar um DVD no início do ano e, no segundo semestre, começar seu terceiro disco. Mas, antes que os fãs criem alvoroço, ele já adianta que não tem pressa. “Tenho muito respeito pela liberdade da criação. Uma vez ouvi que a arte é o único lugar onde somos livres e me apeguei muito a isso. Não tenho como falar sobre como será o álbum, porque então entrarei na esfera do invisível”, explica. Não importa quanto tempo demore, uma certeza é a de que o projeto renderá ainda mais músicas sensíveis e comoventes para seu repertório.