Junto de Ludmilla, HT cai no baile funk para entender a elitização do ritmo e ainda descobre detalhes do novo disco da carioca


Passamos a noite com o estouro do pancadão, que está com a turnê “Poder da Preta”. Falamos de juventude, música, feminismo, e até sexo

HT tirou a última sexta-feira (08) para fazer um workshop em quadradinho de oito e rabiscado de passinho. Na alameda de um dos bairros mais elitizados da Ilha de Vitória (ES), baixamos no baile funk de bem nascidos do Ilha Shows para conferir de perto como é essa história de que o pancadão desceu o morro e tomou o asfalto. E não poderíamos ter escolhido companhia melhor do que a da carioca Ludmilla, estouro do funk, que está saracoteando o Brasil com a turnê “Poder da Preta” baseada em seu primeiro disco, “Hoje”.

Enquanto nossa companhia ajeita o mega hair, se maquia, e dá uma descansada no camarim – após uma tarde de programas ao vivo -, a gente deu um pulinho na pista. Por lá, muita polo Ralph Lauren e vestidinhos da Farm. “Paguei mais caro hoje para ver a Ludmilla do que já desembolsei para ver Ivete Sangalo em uma micareta”, chegou a nos confessar um dos jovens, com sua garrafa de Belvedere apontada para o alto.

Atrás do palco, com um assessor, sua mãe – que vem acompanhando a maioria das apresentações -, e o tio – que assumiu o papel de produtor -, Ludmilla comenta que essa valorização do funk e a atração por um novo nicho de público vem de uma mudança de posicionamento de nós, imprensa. “A gente [os funkeiros] ainda fala a mesma coisa de sempre nas nossas músicas. O que aconteceu é que a mídia abraçou o funk e as pessoas começaram a enxergar de outro jeito. Antes, as pessoas tinham um preconceito horrível, mas não podiam chegar na festa que dançavam até o chão. Agora é tudo ‘lindo, amiga'”, dá uma debochada.

A hora do show estava por chegar, e começavam as movimentações de admiradores tentando convencer seguranças a dar passagem ao backstage, ou de gente que já tinha feito das tripas coração por uma selfie. Ludmilla é avisada da sessão de cliques que vem por aí, e, calma, calma, acata a todos os pedidos – antes e depois da apresentação. Lá fora, dois MC’s ainda em começo de carreira, cantavam funk ostentação e, com letras para maiores de 18, aqueciam os motores e as panturrilhas das patricinhas.

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Ludmilla explica que seu som, que também começou com um estilo menos de mainstream – como aquele que lá fora tocava -, não mudou para agradar a turma. Ele sempre esteve nela, a gente que não sabia. “Eu já fazia músicas mais românticas, por exemplo. Tinham canções que vocês não conheciam, porque a mídia não estava muito em cima. Quando chegou a Warner [sua gravadora], pensamos em coisas novas, e eu mostrei algumas músicas que eu tinha, e aí que saiu meu primeiro CD”, explica. Essas “músicas novas” que Ludmilla se refere, são as mais lentas como “Morrer de Viver” e “Não quero mais”, bem diferente de quando ela cantava que, se mexer com ela, a porrada “comia’.

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Falando em CD, é com exclusividade para HT que ela entrega que seu segundo disco, que sai ainda este ano, terá a participação de Pollo gravando uma faixa com quê de rap. “A gente fez uma música bem bacana. Vão ter também aquelas músicas guardadas, como eu falei, e as novas que fiz especialmente para colocar no CD. Ele vai falar de sensualidade, do poder feminino. Preciso de mais músicas legais para fazer um DVD”, contou. Aliás, falando em poder feminino, ela troca o discurso de uma entrevista concedida à Billboard dizendo que é feminista. “Não sou. Pode dar a entender, mas não. Eu sou só aquela que avisa: ‘amiga, acorda!”, explica.

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Por volta de 03h, Ludmilla entra no palco com quatro dançarinos, bateria, baixo, guitarra, DJ, back vocal e trompete. De sucessos como “Sem Querer” a “Te Ensinei Certin”, ela passeia por Marcos & Belutti, até chegar em “Halo”, da Beyoncé.  Dali para frente, ela imita Mr. Catra, declara que “a pu**ria” está liberada (o povo amou!), e chama uma série de presentes ao palco para dançar. Ludmilla faz funk elitizado, mas aquela menina que curtia os bailes de Duque de Caxias não sai dela – ainda bem! Sucesso como “Música de Amor“, de Anitta, e “Eu sou a diva que você quer copiar” de Valesca Popozuda, são interpretadas por ela, pondo fim àqueles boatos de rivalidade. “Essa concorrência é maravilhosa. Imagina se fosse só você entrevistando as pessoas, que chato? É bom que a gente melhora. Ajuda pra caramba”, também comentou conosco.

Depois de quase 01h30min de apresentação, Ludmilla atende mais fãs no camarim do Ilha, e segue para o Rio de Janeiro, onde segue para compromissos com a imprensa. Antes, comentou sobre o peso da idade – ela só tem 20 anos – em relação a uma vida tão atribulada. “Nada que eu faço tem mais a ver com minha idade. Uma pessoa normal não tem que cuidar da família inteira, ser a chefe de casa. Eu tenho até que ter cuidado com o que posto nas redes sociais. E eu erro toda hora. Meu empresário até colocou outra pessoa para cuidar das redes porque eu só falo besteira”, se diverte. Por fim, baixamos a Marília Gabriela que tem dentro da gente, e lançamos um bate-bola, jogo rápido, com a nossa ótima companheira de pancadão.

“O que vem a sua cabeça quando falamos…”

Beyoncé? “Maravilhosa”.

Sexo? “Gostoso”.

Traição? “Não tem perdão”.

Dinheiro? “Necessário”.

Fofoca? “Odeio.